Em novembro de 1999, Joan Didion
começou a frequentar um psiquiatra e, por vários meses, descreveu suas sessões
em um diário destinado a seu marido, John Gregory Dunne, que não podia estar
presente. Didion gravou cada detalhe de suas conversas, que abordavam temas
como alcoolismo, adoção, depressão, ansiedade, culpa, e as complexidades do
relacionamento com a filha, Quintana. E, em meio a tudo isso, também relatava
como esses assuntos estavam inevitavelmente interligados a duas grandes
questões que permearam sua vida: o trabalho e o legado que deixaria para trás. Um relato visceral que revela
facetas pouco conhecidas de uma das maiores autoras e jornalistas do século
XXI,
Para John convida o leitor a mergulhar em uma jornada íntima ―
construída por memórias e pelo que ainda ressoa no silêncio ―, narrada com a inteligência
singular, a precisão, e a elegância que caracterizam toda a escrita de Joan
Didion. Com tradução de Marina Vargas, o
livro inédito sai pela HarperCollins Brasil.
Você pode comprar o livro aqui.
Como Morten Høi Jensen
demonstra nessa pioneira biografia, poucos escritores tiveram uma ascensão e
uma queda tão rápidas quanto o romancista dinamarquês Jens Peter Jacobsen
(1847-1885).
O segundo romance do autor,
Niels
Lyhne, publicado em 1880, cinco anos antes de sua morte, logo foi aclamado
em todos os lugares — admirado por Thomas Mann, estudado minuciosamente por
Freud e Kafka (que o menciona em suas cartas) e reverenciado por Rilke, cuja
obra
Os cadernos de Malte Laurids Brigge tem uma dívida evidente com o
romance de Jacobsen. Joyce tinha uma grande admiração por Jacobsen e parece ter
se inspirado em
Niels Lyhne para
Um retrato do artista quando jovem.
Adorno afirmou que Proust pertencia a uma tradição literária iniciada por
Jacobsen. Contudo, durante a Segunda Guerra Mundial, Jacobsen fora praticamente
excluído das discussões literárias anglófonas, apesar de sua clara afinidade
com romancistas como Thomas Hardy e D. H. Lawrence e apesar da influência de
sua obra sobre o crítico e escritor de memórias inglês Edmund Gosse, autor da
clássica obra sobre a perda da fé e a luta entre uma geração e sua sucessora,
Father
and Son (Gosse escreveu uma introdução para a primeira tradução em inglês
de
Niels Lyhne, publicada em 1896 com o título pouco inspirado de
Siren
Voices). Hoje, mesmo os leitores familiarizados com as obras de Ibsen,
Hamsun ou Strindberg (para mencionar os escritores noruegueses e suecos mais
conhecidos desse período) talvez nunca tenham ouvido falar de Jens Peter
Jacobsen. Nesta biografia crítica, a primeira escrita em inglês, Morten Høi
Jensen, crítico e escritor dinamarquês que vive em Nova York, descreve os
contornos dessa ausência, devolvendo brilhantemente Jens Peter Jacobsen a um
lugar que nunca deveria ter sido desocupado na ficção moderna.
Uma morte
difícil: a vida e a obra de Jens Peter Jacobsen é publicado pela editora
BEC com prefácio de James Wood; tradução de Mariana Donner da Costa.
Você pode comprar o livro aqui.
A estreia literária de Nicolás
Jaar.
Sob o oceano, há outro oceano
adormecido, e as ilhas narradas por Nicolás Jaar são os sonhos que emergem de
suas profundezas soterradas, contados com uma linguagem musical e, ao mesmo
tempo, profundamente visual. Imagens cristalizadas no tempo impossível das
fábulas, revelações, alucinações, mitos; mundos nos quais nada é o que parece e
tudo se desenrola em uma trama subterrânea que ressoa com significado, como em
um sonho que se tenta lembrar: os poços murmuram na linguagem de Deus, o êxtase
se aninha entre as tábuas de um assoalho de madeira, a pele se torna o papel ao
qual se confiam as mensagens e, dos amplificadores — a arma mais preciosa
contra as atrocidades dos opressores —, ressoam tiros simulados e cantos de
resistência. Músico e produtor de sucesso em sua estreia literária, Nicolás
Jaar cria um mosaico mutável no qual as imagens fluem e retornam como loops, se
sobrepõem como samples, reverberam como ecos em uma trama minimalista e
prismática cujos fragmentos desaparecem e ressurgem transfigurados. Assim, a
fábula dá lugar à revelação; o relato histórico, à poesia; a oração, à peça
teatral. Explorar essas ilhas é mergulhar em um abismo de símbolos que parecem
nunca se esgotar, fragmentos fugazes de significado que deixam uma marca
profunda em nossa memória, como os reflexos dos espelhos mágicos de Recimo,
cujas plácidas distorções infectam a mente com uma quietude misteriosa que se
assemelha a um feitiço ou a uma maldição.
Ilhas sai pela editora Âyiné.
Tradução de Daniella Domingues.
Você pode comprar o livro aqui.
A estreia de Bianca
Santana.
Como uma semente que vagou ao
vento, Apolinária ― ou Polu, para os íntimos ― deixou para trás um marido que
nunca amou em Tabocas do Brejo Velho, no interior da Bahia, às margens do rio
São Francisco, e foi germinar em São Paulo, em 1946. Sozinha, se estabeleceu na
periferia da capital paulista e criou dois filhos, trabalhando como servente e
empregada doméstica. Viu sua árvore crescer e dar frutos às custas de força e
perseverança. Neste romance, que consolida Bianca Santana como uma das
principais escritoras brasileiras em atividade, as vozes da neta Bianca e da
avó Polu se alternam, conforme a primeira tece com maestria memória familiar e
pesquisa histórica, a segunda explora a fina linha que une a família, o dia a
dia que sobrepassa o racismo e a ascensão social por meio do trabalho. O
resultado é um convite para nos aprofundarmos nas nuances da identidade negra
no Brasil. Apolinária também ilumina marcos históricos como a Lei de Terras de
1850 ― que privilegiou elites em detrimento de negros libertos e indígenas ― e
as romarias a Bom Jesus da Lapa ― nascidas como agradecimento pelo fim da
escravidão em 1888 ―, num diálogo com o presente que remete à necessidade
urgente de reparação do passado brasileiro. A prosa de Bianca Santana flui como
o próprio rio São Francisco que a inspirou, levando o leitor a uma viagem de
autoconhecimento e pertença. É a celebração de uma vida que, mesmo diante das
intempéries, floresceu em dignidade e amor. Uma leitura que mergulha na
memória, dá um abraço na ancestralidade e se torna um farol para as novas
gerações. Uma jornada de descoberta de uma história particular que se confunde
com a de tantas famílias brasileiras. O livro sai pela editora Fósforo.
Você pode comprar o livro aqui.
Uma comédia de erros pela pena
de Jessé Andarilho.
Daniel Piloto é um jovem motorista
de transporte alternativo no Rio de Janeiro. Já se virou de tudo quanto é jeito
e, em cada trabalho que arranja, tenta tirar um por fora. Porém, ao entrar para
a política, as falcatruas se tornam maiores — e mais perigosas. Neste romance
despachado e divertido, Jessé Andarilho constrói uma figura cativante em sua
luta para sobreviver — e se dar bem - num mundo cheio de esquemas. Desde
criança, Daniel sempre buscou um jeitinho de se dar bem. Tentava levar vantagem
em tudo o que fazia, desde entrar de penetra numa festa a arrumar fichas de
graça no fliperama. Enquanto se virava para manter as notas e a frequência na
escola, fazia o que podia para arranjar dinheiro: entregou quentinha, serviu
salgadinho em festa infantil, trabalhou numa banca de jornal e foi garçom numa
casa de shows. Em todos esses lugares aprendeu a aplicar golpes, mas também
sofreu alguns. Seu pai, que ganhou a vida vendendo passarinhos ilegalmente, era
o primeiro a criticar sempre que o filho levava uma volta. De esquema em
esquema, o jovem começa a trabalhar como motorista de Kombi no subúrbio
carioca, onde aprende os macetes do ofício com um cobrador experiente conhecido
como deputado. Até que o acaso o torna famoso: alvo de uma pegadinha de um
canal de notícias, Daniel aparece na TV como exemplo do brasileiro honesto. A
partir daí, sua vida se transforma, e entre lutas pelos direitos dos motoristas
e disputas políticas na cidade ele logo é alçado a figura de proa no combate às
injustiças do país.
O esquema é uma brilhante comédia de erros.
Inesperada e emocionante, se debruça sobre a história de quem precisa lutar
constantemente para sobreviver — e ainda dá um jeito de conseguir um por fora.
Publicação da Alfaguara Brasil.
Você pode comprar o livro aqui.
Luís Antônio Albiero traça o
retrato de um Brasil que pode ser identificado em qualquer período.
O autor evidencia o que há de mais
nobre e mesquinho em seu povo, ao mesmo tempo que denuncia as disparidades que
transformam cidadãos em adversários. Albiero transita por diferentes épocas e
espaços para revelar como as questões humanas e sociais são atemporais. Ele
mostra que estas discussões são inerentes não só à vida real, como também ao
campo ficcional, afinal, o fazer literário nada mais é do que um registro do
que inquieta a humanidade. Esta coletânea de contos explora as nuances das
experiências individuais e coletivas e convida o leitor a refletir sobre temas
universais como amor, desilusão, fé, desigualdade econômica, autodescoberta,
identidade, solidão e a complexidade da criação e das relações sociais.
O
onomaturgo e outras histórias sai pela editora Rua do Sabão.
Você pode comprar o livro aqui.
Neste que é o seu primeiro romance,
Marie de Quatrebarbes se inspira na vida e na obra do historiador da arte Aby
Warburg (1866-1929).
A obra de Warburg obra e
pensamento vêm se tornando referência fundamental tanto no domínio da história
da arte quanto, mais genericamente, no contexto do trabalho em torno da imagem
em movimento, que, desde o Renascimento, veio assombrar de maneira cada vez
mais implacável toda perspectiva de conhecimento, em todos os domínios do saber.
Um pouco em toda parte, na Alemanha, na França, nos Estados Unidos e em
diversos países da América Latina, como a Argentina e o Brasil,
multiplicaram-se as pesquisas e ensaios tendo sua obra — e a biblioteca de mais
de sessenta mil volumes que acumularia ao longo da vida — seja como foco em si
mesma, seja como base conceitual para a reflexão sobre o que, a partir dela,
Georges Didi-Huberman chamaria de “a memória inquieta das imagens”.
Quatrebarbes se apoia em uma vasta documentação baseada não apenas no trabalho
monumental de Warburg em torno da fotografia e da imagem, como também em sua
saúde mental, especialmente a partir do dossiê clínico sobre suas internações,
entre 1921 e 1924, na clínica Bellevue, na Suíça, sob a direção do psiquiatra
Ludwig Binswanger, que havia estudado e trabalhado com Sigmund Freud. E é assim
que, numa apropriação estética e teórica com a obra e a vida de seu personagem,
a escritora monta um envolvente retrato do homem e da época, em que circulam
personagens mais ou menos anônimos e célebres dos mundos da antropologia, da
ciência e da arte. Tradução e apresentação de Marcelo Jacques de Moraes.
Aby
sai pela editora Papéis Selvagens.
Você pode comprar o livro aqui.
Cem anos de jornal pela voz de
alguns dos cronistas mais marcantes da literatura brasileira.
Desde julho de 1925, quando
O Globo
lançou sua primeira edição em meio à efervescência cultural e urbana do Rio de
Janeiro, a crônica se firmou como um espelho íntimo da sociedade brasileira ―
reflexo das ruas, das salas de estar, dos bastidores políticos, das
arquibancadas e das paixões cotidianas. Um século em cem crônicas celebra o
centenário do jornal reunindo uma constelação de 32 cronistas que atravessaram
décadas com olhar afiado, humor, sensibilidade e coragem. Organizado pela
jornalista Maria Amélia Mello e pela historiadora Cláudia Mesquita,
Um
século em cem crônicas percorre o Brasil que fomos ― e o que ainda somos ―
com textos de nomes consagrados como Rubem Braga, Nélson Rodrigues, Guimarães
Rosa, Danuza Leão, João Ubaldo Ribeiro, Fernanda Young, Jô Soares, entre outros
grandes mestres da literatura brasileira. Do lirismo à crítica social, do humor
à melancolia, esta antologia revela que, mesmo diante da pressa e do excesso de
informação dos nossos tempos, o papel do cronista permanece essencial: capturar
o instante antes que ele se dissolva. Um tributo emocionante a um gênero
literário genuinamente brasileiro ― e a um jornal que atravessou cem anos sem
deixar de escutar o coração do país. Publicação da Biblioteca Azul.
Você pode comprar o livro aqui.
Romance centrado em família
franco-marroquina aborda pertencimento, colonialismo e liberdade.
Após os turbulentos conflitos que
eclodiram na guerra de independência, mais de dez anos antes, o Marrocos vive
um período de reconstrução, instabilidade política e mudanças sociais. Amine e
Mathilde Belhaj ― ele, ex-soldado marroquino, e ela, alsaciana ― criaram os
dois filhos em Meknés e, com muita obstinação, prosperaram em meio às
dificuldades, passando a integrar a recente burguesia nacional. Em 1968, a
família leva uma vida abastada, dividida entre as velhas tradições e novos
hábitos que acenam ao hedonismo ocidental, com festejos, músicas e danças.
Enquanto Selim, o filho caçula, é um garoto pouco disciplinado que se prepara
sem afinco para o exame de ingresso na universidade, Aïcha, a mais velha,
sempre muito dedicada, estuda medicina em Estrasburgo. Nas férias da faculdade,
durante a agitação que toma as ruas na França, ela volta para casa, depois de
quatro anos fora, e encontra um Marrocos muito diferente. Em um passeio com uma
amiga, Aïcha conhece Karl Marx, um estudante de economia idealista que a faz
questionar a própria realidade e a ver as coisas com um novo olhar. Em
Vejam
como dançamos, sequência de
O país dos outros, reencontramos a
família franco-marroquina que retrata os desafios impostos pelo
multiculturalismo e pelas relações inter-raciais em uma sociedade conservadora.
Dessa vez, acompanhamos principalmente Aïcha e Selim, a geração dos filhos da
revolução, que crescem em uma situação mais favorável, mas ainda buscam
pertencimento e liberdade ao mesmo tempo que tentam compreender quem são. Com
sensibilidade e uma narrativa potente, Leïla Slimani conta, a partir da
trajetória das gerações da família Belhaj, a história do próprio Marrocos. O
livro é publicado pela Intrínseca; a tradução é Dorothée de Bruchard.
Você pode comprar o livro aqui.
O amor pelas palavras, o prazer
pela frase perfeita, a ironia devastadora e a clareza são algumas das
qualidades encontradas nas reflexões literárias de Robert Louis Stevenson.
Um capítulo sobre sonhos e
outros ensaios mostra que o autor não foi apenas um prosador que cultivou
um dos estilos mais precisos da segunda metade do século XIX, mas também um
pensador lúcido. Do tom confessional e anedótico de “Meu primeiro livro: A Ilha
do Tesouro” ao humor de “A filosofia dos guarda-chuvas”, passando por
verdadeiros prodígios da imaginação, os ensaios de Stevenson engendram um
humanismo singular, cujo objetivo é, por meio da sinceridade, tornar as pessoas
melhores, relacionando os poderes da ética com os da estética, ambos fins
comuns a toda grande literatura. Com prefácio de Joca Reiners Terron, tradução
de Miguel Nassif, publicação da editora Martins Fontes.
Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Edição ilustrada da obra que
influenciou o surrealismo e o teatro do absurdo, com tradução de Ferreira
Gullar.
A estreia de
Ubu rei, na
Paris de 1896, foi um escândalo. Na peça, Alfred Jarry, seu autor, lança alguns
importantes caminhos estéticos, grotescos e polêmicos, que seriam precursores
de movimentos como o surrealismo e o teatro do absurdo. Não à toa, o poeta
Stéphane Mallarmé, após assistir à primeira encenação da obra, decretou na
plateia: “Jarry é poeta, e com este
Ubu rei começa uma nova época.” O humor
ácido de Alfred Jarry ainda choca, não só pelos atos e falas controversos de
seus personagens, mas também por sua atualidade. As figuras caricatas de Ubu
rei ilustram perfeitamente governos fascistas que assombraram o século XX e que
insistem em emergir no século XXI. Talvez, por isso, o fascínio pela peça
persista no imaginário coletivo e as montagens sejam profusas. No Brasil, uma
das mais famosas é a do Teatro do Ornitorrinco, de 1985, com direção e atuação
de Cacá Rosset no papel de Pai Ubu, Rosi Campos como Mãe Ubu e figurino
assinado por Lina Bo Bardi. Esta edição da José Olympio conta com tradução de
Ferreira Gullar, que, grande admirador da inventividade de Jarry, realizou este
trabalho por vontade própria, sem encomenda. Seu gênio poético é perceptível
nas tiradas cômicas e na transcriação dos neologismos, caros ao francês e a seu
tradutor brasileiro. Cacá Rosset, outro entusiasta da irreverência de Jarry,
assina o prefácio da edição, que se completa com capa e projeto gráfico do
premiado estúdio de design Casa Rex.
Você pode comprar o livro aqui.
Nova edição de No mar
,
livro que revelou o nome do escritor holandês Toine Heijmans.
Em meio a uma imensa crise pessoal
e profissional, Donald, um homem de 40 anos, sai numa viagem de três meses pelo
Mar do Norte, a bordo do veleiro Ishmael. Nos últimos dias do trajeto, terá a
companhia de sua filha de sete anos, Maria. Será a primeira vez que os dois
ficarão sozinhos, sem os cuidados da mãe, Hagar. Quase chegando a seu destino,
ele perde a filha de vista e as coisas começam a sair de seu controle. Esse
narrador, nada confiável, escreve a experiência num diário de bordo, numa clara
referência a Donald Crowhurst, navegador amador que morreu durante uma
competição ao redor do mundo, em 1969, depois de mandar uma série de falsos
relatórios afirmando que estaria na rota correta e muito perto de cumprir o
trajeto. Ao longo de
No mar, aspectos importantes da vida do narrador
vão sendo revelados: eis um homem que oscila entre a autoconfiança absoluta e
uma grande insegurança, fragilizado e cindido entre a vida que deseja ter e a
que tem de fato. A tradução de Mariângela Guimarães regressa pelas Edições
Cosac.
Você pode comprar o livro aqui.
E se tudo o que acreditamos
sobre a superioridade humana fosse uma ilusão?
Em
Cachorros de palha, uma
das obras filosóficas mais impactantes publicadas no século XXI, John Gray
desconstrói mitos como progresso, liberdade e controle da natureza, e propõe
uma visão pós-humanista em que o ser humano é apenas mais um animal entre
outros. Em
Cachorros de palha, John Gray entrega ao leitor uma reflexão
poderosa e sem concessões sobre a condição humana. Rejeitando a ideia de que o
ser humano ocupa um lugar central no universo, Gray desvela o caráter ilusório
das crenças modernas no progresso, na liberdade e no controle da natureza. Em
vez de vislumbrar um destino grandioso para a humanidade, ele aponta para uma
realidade incômoda: a de que não somos diferentes dos outros animais, e de que
talvez nunca tenhamos realmente escapado de nossos instintos mais básicos. Com
escrita clara e argumentos contundentes, o autor desmonta as certezas do
pensamento ocidental ― de Platão ao cristianismo, do Iluminismo a Nietzsche e
Marx ― para mostrar como nossas ideias de superioridade humana são, na verdade,
construções frágeis e ilusórias. Ao propor uma visão pós-humanista, o resultado
é um livro instigante, às vezes desconcertante, que convida o leitor a repensar
profundamente suas crenças mais fundamentais. O pessimismo ambiental de Gray,
inspirado por fontes tão diversas quanto a arte, a poesia, a ciência
contemporânea e a filosofia clássica, revela uma lucidez rara e um senso
profundo das limitações humanas. Com uma lucidez rara e um senso profundo das
limitações humanas de Gray,
Cachorros de palha é uma obra filosófica
provocadora e surpreendente, que desafia tudo o que acreditamos saber sobre o
que significa ser humano. Com tradução de Maria Lucia de Oliveira, publicação
da editora Record.
Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Mahābhārata em uma tradução
inédita do sânscrito para o português 1. A editora Mnēma, que tem se
destacado no mercado editorial brasileiro com a publicação de livros da
antiguidade, prepara uma edição do maior poema épico já conhecido.
Mahābhārata em uma tradução
inédita do sânscrito para o português 2. Uma das obras mais célebres da civilização
indiana, o poema de tradição oral narra a história da guerra entre os filhos da
casa real de Kuru pelo trono de Hastināpura.
Arte e conhecimento em Leonardo
da Vinci. É o título de ensaio, um dos últimos, de Alfredo Bosi. Dedicado a
refletir o processo criativo do gênio florentino, com vistas ao seu trabalho
artístico e intelectual, o livro ganha nova impressão pela Edusp.
Ana Maria Gonçalves na Academia
Brasileira de Letras.
Destacada pelo único romance
Um defeito de
cor, a escritora mineira foi eleita para a ABL para ocupar a cadeira que
pertencia ao professor e filólogo Evanildo Bechara.
Fernando Guimarães nasceu no
Porto, no dia 3 de fevereiro de 1928. Sua estreia na vida literária ocorreu em
1956 com o livro de poesia Face junto ao vento; a edição recolheu textos que de quando era estudante de Ciências Histórico-Filosóficas, na Universidade
de Coimbra, e de quando publicou seus primeiros poemas na revista Eros. Foi
também nesse gênero que se destacou; ainda na poesia, escreveu As mãos inteiras (1971), Casa: o seu desenho (1985), Tratado
de harmonia (1988), A analogia das folhas (1990), O ano débil (1992), Lições
de trevas (2002), Na voz de um nome (2007), Junto à pedra (2020), Sobre a
voz (2025), dentre outros. Também escreveu prosa: na ficção, O outro lado do
desenho (2000) e As quatro idades (2004); no ensaio, A poesia da Presença e
o aparecimento do Neorrealismo (1969), Simbolismo, Modernismo e Vanguardas (2004) e Os problemas da modernidade (1994). No desenvolvimento da longeva carreira,
acumulou inúmeros reconhecimentos, tais como o Grande Prêmio de Poesia APE (em
1992 e em 2006) e o Prêmio Vergílio Ferreira (2006). Fernando Guimarães morreu
no Porto, no dia 11 de julho de 2025.
Comentários