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Mostrando postagens de setembro 16, 2010

Uma leitura de “Em alguma parte alguma”, de Ferreira Gullar

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Por Régis Bonvicino O novo livro de Ferreira Gullar traz 58 poemas, que se organizam como memória, não da vida, mas de suas leituras de certa poesia brasileira, sobretudo a dos anos 1950 para trás, vazadas de biografia que se lê, aqui e ali, nos textos. Essa memória de leituras se dispõe por meio de colagens de trechos reimaginados de poemas de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, do próprio Gullar, de traços típicos do concretismo e de anotações soltas, à la modernismo lato sensu. Há um serialismo livre, que desdobra poemas e temas, sem se caracterizar como dodecafônico (Arnold Schoenberg) ou integral (Pierre Boulez), ou seja, sem intenção de obra acabada, ao contrário, por exemplo, de Educação pela pedra  (1966), de Cabral. Há, nas peças, uma aparente recusa do discurso literário, que, entretanto, se resolve literariamente em um discurso literário, “poético”. Os textos se estruturam em orações subordinadas coloquiais, mas eruditas, pontuadas por vocábulos