A alma das imagens: Frankenstein, de Guillermo del Toro
Por Juanna Ruiz No primoroso filme Na alcova do sultão (Javier Rebollo, 2024), os personagens, brincando de fazer cinema numa época em que a sétima arte ainda dava seus primeiros passos, se perguntavam: as imagens têm alma? E se lançavam numa investigação empírica da única maneira que sabiam fazê-lo: com uma câmera, um projetor e celuloide. Aqui estamos nós, um século e um quarto depois daqueles pioneiros, ainda tentando responder à mesma pergunta, embora o senso comum nos diga que a resposta deve ser necessariamente afirmativa. A mais recente exploração desse tema vem de Guillermo del Toro, que entende muito de almas e imagens. Uma adaptação, como já deveríamos saber, não é necessariamente melhor por ser mais fiel ao material original. Nem pior. Há muitos exemplos de filmes ruins que foram fiéis ao material original e excelentes traições literárias. Mas este Frankenstein que chegou de Veneza (e de San Sebastián e Sitges) com o burburinho de ser uma das adaptações mais fiéis ao ...