Anotações escritas à margem de traduções de Sapho de Lesbos
Por Márcio de Lima Dantas O túmulo contém os ossos e o nome mudo De Safo; suas palavras hábeis são imortais. — Pinito, trad. de Fernando Pessoa Nikolaos Gyzis. Safo tocando a lira (detalhe). §. Antes do mais, direi do meu primeiro contato com uma tradução de fragmentos de poemas de Sapho. Foi na bela e completa edição de Joaquim Brasil Fontes — Eros, tecelão de mitos: a poesia de Safo de Lesbos —, adquirida numa feira de variedades, em São Luís do Maranhão, situada numa ilha, obra com um inesquecível e amoroso prefácio de Benedito Nunes. Sempre presente tive na minha cabeça o espesso volume de capa dura com a reprodução de uma das mais bonitas telas do pintor italiano Giorgio De Chirico: As musas inquietantes . Quando viajei para muito longe, por quatro anos, não querendo me separar de alguns livros, foi um dos que seguiram comigo. §. Toda a biografia de Sapho é envolvida por uma aura de mitos, mistificações, caricaturas, preconceitos, elementos invariantes chantados naquelas férteis...