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Mostrando postagens de agosto 4, 2017

Inconformismo quixotesco

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Por Rafael Kafka Dom Quixote. Julio Pomar. O que há de cômico em Dom Quixote há de absurdo na existência: ela não se basta e não nos basta. Por isso, precisamos dar arte, da literatura mais especificamente, que por fazer da linguagem arte, da nossa fiel companheira até em momentos mais banais de nosso viver um objeto de prazer, torna-se um panorama favorável de sensações transcendentais. Dom Quixote é o típico sujeito que literalmente fica doido de tanto de ler. Mas Cervantes em seu romance – vamos chamá-lo assim – não defende a não leitura, como dia mais se faz hoje em dia. Pelo contrário: em um mundo onde cada vez mais a arbitrariedade do discurso se evidenciava, como bem mostrou Foucault em seu breve comentário sobre a personagem quixotesca – o autor desenvolveu uma personagem que procura romper a ordem das coisas, sublimando a existência em algo grandioso e perfeito. Podemos dizer que em Dom Quixote vemos uma atitude similar à um de cinzento Antoine Roquentin: a ná