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Mostrando postagens de dezembro 11, 2020

A renúncia como obra de arte

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Por Alejandro Badillo Ilustração: Joey Guidone.   Para o escritor, deixar uma página em branco é uma tragédia. A hiperprodutividade deste século privilegia a progressão e a finalização. A desistência parece um estado de espírito em extinção, algo vergonhoso. Isso foi expresso, talvez intuitivamente, por Herman Melville em seu conto “Bartleby, o escrivão”. Na história, o funcionário recém-contratado leva a recusa, o não-fazer, até o último limite. No jovem capitalismo estadunidense ― não podemos esquecer que o título do conto inclui como subtítulo “Uma história de Wall Street” ― era revolucionário e perigoso não se inserir no aparelho produtivo. Parar o ciclo de produção e consumo capitalista não pela destruição de máquinas, como os luditas fizeram no século XIX, mas pela inação parece um cenário próximo aos nossos tempos, especialmente após o surgimento da Covid-19 e a desaceleração da economia mundial por vários meses.   Na narrativa, abortar a possibilidade de concluir uma história p