O agente secreto, de Kleber Mendonça Filho
Por Pedro Fernandes Uma interminável colcha de retalhos. Com essa imagem poderíamos definir O agente secreto , mesmo sabedores de que, talvez, seja improvável encontrar a síntese para um filme que se desvia das leituras fáceis e se quer nebulosa em expansão. Noutra parte, contraditoriamente, se é um trabalho marcado por um imaginário recorrente na filmografia de Kleber Mendonça Filho, como o seu interesse por um Recife tragado pelos processos (mesmo culturais) de gentrificação que, cedo ou tarde, grassam todas as cidades no mundo, é uma obra feita conforme os protocolos reiterados pelo cinema recente em que a técnica, por vezes, se sobrepõe, com o explícito interesse de se deixar notar pelos júris das premiações, como é o caso do uso do batido recurso do filme de citação — aqui, o mass cinema hollywoodiano que, para nos mantermos no mesmo campo semântico, dragou os espaços e as idiossincrasias da cultura cinematográfica por onde passou, sobretudo no Brasil, como aliás, O agente s...