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Mostrando postagens de abril 16, 2020

Pela noite, de Caio Fernando Abreu

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Por Pedro Fernandes Caio Fernando Abreu. Foto: Louis Monier  A eterna solidão de um romântico fora do tempo. Esta frase bem poderia ser lida como uma síntese mais ou menos coerente sobre a obra de Caio Fernando Abreu e, por extensão, constituir um designativo da natureza do próprio escritor. Se fôssemos em busca de uma arqueologia de sua formação, certamente encontraríamos em sua base, entre outras influências evidentes (algumas delas inscritas vivamente ou disfarçadas na sua obra), Clarice Lispector e Hilda Hilst. Da primeira, emulou a lida com o interior e as consciências em estágio de perturbação pelo passado ou pelo iminente; da segunda, certo apelo para o corporal, os fluxos do desejo e das liberdades de sentir. A apropriação dessas duas escritoras se perde no embuço que vestiu para trazer ao centro do literário situações e figuras condenadas ao silenciamento e, se apresentadas, tomadas pelo risível ou pela degradação punitiva de uma ordem que apesar de abrigá-las n