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Mostrando postagens de julho 30, 2020

Anacrusa, de Ricardo Daunt

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Por Pedro Fernandes A passagem mais recordada toda vez que se quer designar a linguagem como o princípio original e enformador do mundo está no primeiro capítulo do livro de João; é o versículo no qual o autor do Evangelho retoma o episódio genesíaco da ordem do mundo: “No princípio era o Verbo”. Toma-se, assim, o sentido quase imediato do último termo como designativo da palavra ou ainda na categoria gramatical para o qual se volta ― o termo que denota ação, estado. Este, por sua vez, sabemos constitui o complexo de atividades desempenhadas; mas nele se contém ainda toda a dimensão essencial para a existência, o tempo. Assim é que tempo e linguagem se designam como dois princípios de irrupção simultânea do acaso. A palavra, conforme, dissemos antes, não é ainda a materialidade feita com letras, por mais que o papel figurativo que a favorece enquanto enformante das coisas esteja ativo. O mito cristão não deixa de esclarecer que o mundo se formava à medida que o seu criado