103 anos de uma tragédia
Em 1905, Euclides da Cunha sai em viagem para a Amazônia
como chefe da Comissão Brasileira de Reconhecimento do Alto Purus. Lá, permanece
pelo menos um ano, enfrentando todas as circunstâncias perigosas numa região totalmente
inóspita.
No Rio de Janeiro, sua mulher Anna Emílio Ribeiro, com quem se casou
em 1890, lhe trai com um jovem militar, dezessete anos mais jovem. O escritor
teve com ela cinco filhos, sendo que, o quinto deu-lhe para ter suspeitas de
que Anna já o traía: o menino era louro, louro filho de duas pessoas morenas. No
ano seguinte, o escritor volta da empreitada no Norte, muito debilitado pelos efeitos da
malária.
Com a vida familiar já destruída, depois de uma longa discussão
travada na noite de 14 de agosto de 1909, a mulher abandona a casa onde
moravam, em Copacabana, e vai com os filhos hospedar-se na casa de seu amante
no bairro da Piedade. Na manhã seguinte, depois de descobrir que ela não dormira
em casa, Euclides sai até à casa de Dilermando Assis e seu irmão Dinorah, quem
o recebeu.
![]() |
A troca de tiros entre Euclides da Cunha e Dilermando de Assis. Desenho publicado na revista O malho. |
Ao entrar na casa determinado a matar ou morrer, as circunstâncias
apontam que o escritor sacou sua arma e disparou contra Dilermando. Vendo o
irmão atingido, Dinorah procurou tirar a arma das mãos de Euclides e acabou
sendo baleado. Com os dois alvejados, ele deixa casa, mas é, antes de passar
pelo portão de ferro da frente da residência, atingido por Dilermando.
Após a
morte de Euclides, Ana e Dilermando se casaram, Dinorah ficou paralítico como
consequência do dano causado pela bala. Jogador e impossibilitado de continuar
a carreira, anos depois se suicidou. Em 1916, quando Dilermando dirigia-se ao
Cartório no Rio para adotar o filho mais novo de Euclides, foi atacado pelo
filho mais velho. Dilermando sacou da arma e o matou. Teve cinco filhos com
Anna e permaneceu casado com ela até 1926, quando descobriu que, durante todo
esse tempo, ele sempre teve uma amante, Marieta, com quem se casou depois da separação.
Vivendo sozinha, Anna mudou-se para Paquetá e morreu de câncer, em 1951.
O
crime ficou conhecido como um dos mais notáveis da história dos crimes
passionais e serviu de inspiração para Glória Perez redigir o seriado Desejo, exibido pela TV Globo em 1990.
Comentários