Boletim Letras 360º #492

 
 
DO EDITOR
 
1. Caro leitor, aqui encontrará parte das notícias que divulgamos durante a semana em nossas redes sociais. Dessa vez, uma pequena parte. A lista de pré-vendas de duas das mais ativas casas editoriais saiu no mesmo dia e preciso economizar tempo de leitura aqui e notícias para os próximos boletins.
 
2. Durante a semana, o leitor saberá qual livro substituiu o sorteio da edição especial do Ensaio sobre a cegueira. Relembro que para participar dos sorteios basta apoiar o Letras todas as informações aqui.
 
3. E, não esqueça, na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados aqui, você ganha desconto e ainda ajuda ao Letras com as despesas de domínio e hospedagem na web sem pagar nada mais por isso.
 
4. Agradeço a companhia. Bom final de semana e boas leituras!

Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa, setembro de 1967.


 
LANÇAMENTOS
 
Dois livros que unem Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa ganham tradução e edição pela primeira vez no Brasil. As publicações são da editora Record.
 
1. García Márquez: história de um deicídio. Este é o livro produto da tese que rendeu a Vargas Llosa o doutorado pela Universidad Complutense de Madrid, em 1971. O escritor analisa em profundidade a obra do autor colombiano, seu companheiro no boom da literatura latino-americana no século XX. O livro, uma declaração de amor à obra de García Márquez, tem tradução de Ivone Benedetti. Você pode comprar o livro aqui.
 
2. Duas solidões: um diálogo sobre o romance na América Latina. Em setembro de 1967, Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa se encontraram em Lima, no Peru, para debater a literatura latino-americana. Gabo já havia vendido milhares de exemplares de Cem anos de solidão. Vargas Llosa tinha acabado de ganhar o Prêmio Rómulo Gallegos por A casa verde. Esse encontro foi gravado e, logo depois, a Universidade de Lima publica uma transcrição da conversa, intitulada La novela latinoamericana, que rapidamente foi esquecida. O livro registra o encontro de dois grandes escritores, dois gênios literários, dois pontos de vista diferentes sobre literatura, dois temperamentos de certo modo contraditórios. Além da conversa a edição conta ainda com introdução de Eric Nepomuceno, tradutor de grandes obras de Gabo e desse livro, e também com textos de Socorro Acioli, que foi aluna do autor de Cem anos de solidão na oficina de criação Como contar um conto, e de Pilar del Río, jornalista, escritora, tradutora e presidenta da Fundação José Saramago. Ao final do volume, uma entrevista com Vargas Llosa sobre a vida e a obra do autor colombiano e um encarte com fotos que registram o encontro dos dois escritores. Você pode comprar o livro aqui.
 
Um convite a todas as pessoas que desejam tornar-se também, de alguma forma, amigas e amigos de José Saramago.
 
“E se fôssemos morar em Lanzarote?”, propôs José Saramago a Pilar del Río, dando início a um novo — o último — ciclo de sua vida. A ilha, localizada próxima à costa do Marrocos, se tornaria cenário de encontros, inspirações e experiências que, se não resumem quem ele era, representam quem ele foi. Com ponto de vista privilegiado, tendo acompanhado Saramago em meio aos livros e às belas paisagens vulcânicas, Pilar relata neste livro os dias do escritor português em Lanzarote, construindo um mosaico dos momentos vividos e das emoções compartilhadas na intimidade do lar, e elaborando um panorama a que poucos teriam acesso — até então. Em A intuição da ilha, os leitores se tornam amigos e são convidados a entrar n’A Casa — a primeira que Saramago pôde chamar de sua — ao lado de Susan Sontag, Sebastião Salgado, María Kodama e muitos outros, sob os olhos da maior companheira do escritor, Pilar. Um tributo incomparável a um dos autores mais celebrados da língua portuguesa. A edição conta com ilustrações de Juan José Cuadrado e prefácio de Fernando Gómez Aguilera. O livro sai pela Companhia das Letras com tradução de Sérgio Machado Letria. Você pode comprar o livro aqui.
 
Um autor visionário. Um romance implacável e fascinantemente sombrio.
 
Publicado na Hungria em 1985, Sátántangó é um romance monstruoso. A ação se concentra na chegada de um homem misterioso, que pode ser um profeta, um artista, um vigarista, ou o próprio demônio, a uma aldeia húngara onde a chuva não para de cair. Os habitantes do lugar, um elenco de inadequados e enlouquecidos (camponeses desesperados; um médico bêbado observando obsessivamente seus vizinhos; mulheres se prostituindo num moinho destroçado; uma garota com deficiência tentando sem sucesso matar seu gato) descobrem em determinado momento que Irimiás, um homem a quem atribuem poderes extraordinários, e dado como morto, está a caminho do lugar, com sua companheira, Petrina. Para esperá-los, reúnem-se numa taverna, espécie de porão do fim do mundo, onde discutem, bebem e dançam grotescamente ao som de um acordeão. De braço dado com Franz Kafka, Samuel Beckett e Robert Walser, o vencedor do International Man Booker Prize László Krasznahorkai nos conduz por um lento fluxo de lava modernista, como se entrássemos e saíssemos de becos impossíveis. O cenário é e não é a Hungria sob o comunismo. O enredo parece apontar para a tentativa desastrosa do país de coletivização agrícola, mas o autor mantém tudo envolto nas brumas da abstração. A tradução de Paulo Schiller é publicada pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Da Guerra de Suez à Crise dos Mísseis de Cuba, da queda do Muro de Berlim à pandemia da covid-19, usando sua já conhecida e brilhante prosa, Ian McEwan constrói um romance inesquecível sobre o cotidiano de um homem à primeira vista banal, mas que centraliza as principais questões do último século.
 
Enquanto o mundo ainda tenta lidar com as feridas da recém-terminada Segunda Guerra Mundial e a Cortina de Ferro se fecha cada vez mais, a vida de Roland Baines, um menino de onze anos, vira de cabeça para baixo. Em um internato a milhares de quilômetros de sua família, a vulnerabilidade infantil do garoto atrai a professora de piano, Miriam Cornell, deixando marcas profundas e memórias que nunca serão esquecidas. Contudo, já adulto, sua esposa desaparece, deixando-o sozinho com o filho ainda bebê. À medida que o medo da radiação de Tchernóbil se espalha pela Europa, Roland parte em uma busca por respostas que o fará se embrenhar cada vez mais profundamente em seus próprios traumas. Ao mesmo tempo épica história de um homem comum e retrato da Europa dos séculos XX e XXI, Lições é um debate sincero sobre família, Estado e, claro, amor. A tradução de Jorio Dauster é publicada pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Livro inédito de Anne Carson no Brasil.
 
Falas curtas é composto por uma série de poemas em prosa trazidos por uma voz ao mesmo tempo altruísta e indireta. Uma voz profundamente pessoal, mas também difícil de desvendar. Estes poemas chegam como uma luz em um quarto escuro e, como na maioria dos livros de Anne Carson, remetem à história registrada, pedindo para ver entre as rachaduras dos fatos um novo tipo de verdade. De fato, os poemas olham cada um para um lado (Homo Sapiens, Gueixas, Brigitte Bardot, Chuva, Leitura, Gertrude Stein, Ovídio no exílio, Sylvia Plath e muitos outros), para entender como aquela pessoa, lugar, coisa, situação foi empurrada para outra. Mas, no centro deste livro está também um chamado de volta ao leitor. Algo que abre uma necessidade de resposta; uma necessidade de compor entre as rachaduras deixadas pelas palavras. Com tradução de Laura Erber e Sergio Flaksman e texto de orelha de Vilma Arêas, o livro é publicado pela Relicário Edições.
 
Da mesma autora do best-seller A trança, As vitoriosas narra emocionante história de solidariedade feminina e amizade ambientada em Paris.
 
O cliente de Solène, uma bem-sucedida advogada parisiense, não dera indício algum de que, ao ouvir sua sentença, atentaria contra a própria vida. Ela tampouco poderia imaginar que testemunhar a cena causaria o colapso de algo dentro de si. Paralisada, Solène sabe que a base que mantinha sua vida de pé ruiu. O médico atesta burnout e recomenda: “trabalho voluntário”. Mas, ao mesmo tempo que retomar a rotina confortável vivida até então não faz mais sentido, ela não tem ideia de como criar para si uma nova realidade. Quando um anúncio inusitado no jornal a leva até o abrigo conhecido como Palais de La Femme, Solène encontra um grupo diversificado de mulheres, vindas de universos muito distantes do seu, e, aos poucos, começa a redescobrir um senso de propósito ao dedicar algumas horas semanais à função de escriba: no saguão do Palais, coloca-se à disposição das residentes para redigir cartas. Ela perceberá, no entanto, que, tanto quanto a de escrita, sua habilidade de escuta será crucial ali. Assim como em seu livro de estreia, A trança, Laetitia Colombani entrelaça vidas de diferentes mulheres, jogando luz sobre graves problemas sociais. Em capítulos alternados, acompanhamos as trajetórias da fictícia Solène e da pioneira ― e verídica ― Blanche Peyron, figura-chave do ativismo francês do início do século XX. Ambas inspiradoras, cada uma à sua maneira, elas aprendem e ensinam a importância da esperança, da solidariedade entre mulheres e da empatia. Com tradução de Carolina Selvatici, As vitoriosas é publicado pela editora Intrínseca. Você pode comprar o livro aqui.
 
O último livro de poesia de Aimé Césaire.
 
“O não-tempo impõe ao tempo a tirania da sua espacialidade: em todas as vidas, há um norte e um sul, e o oriente e o ocidente. No ponto mais extremo, ou, pelo menos, no cruzamento, é a enfiada das estações sobrevoadas, a luta desigual da vida e da morte, do fervor e da lucidez, talvez até mesmo a do desespero e da nova queda, a força também de olhar sempre o amanhã. Assim vai toda e qualquer vida. Assim vai este livro, entre sol e sombra, entre montanha e mangue, no crepúsculo quando não se distinguem cão e lobo, claudicando e binário.Tempo também de dar cabo de algumas fantasias e alguns fantasmas”. (Aimé Césaire, na apresentação de Eu, laminária) Com tradução, posfácio e notas de Lilian Pestre de Almeida, o livro é publicado pela Papéis Selvagens.
 
Pedro Süssekind recria a situação vivida por muitas famílias durante os anos de ditadura militar.
 
Em 1979, período de abertura política, Emílio Riva tenta levar uma rotina tranquila de jovem universitário na Zona Sul do Rio de Janeiro, ao lado da mãe e dos amigos, ansioso pela volta da namorada, que foi a Paris estudar cinema. No entanto, a família Riva vive sob a sombra de um passado trágico. Luís, pai de Emílio, é um dos desaparecidos dos anos de chumbo da ditadura militar, e a esposa e o filho nunca puderam confirmar se ele está morto. Com as discussões em torno da aprovação da Lei da Anistia, que concederia perdão aos perseguidos políticos, a ausência de Luís volta a trazer sentimentos conflitantes a Emílio, e a busca por informações o leva a descobrir um passado que não conhecia, cujas repercussões irrompem violentamente no presente. Em Anistia, publicado pela HarperCollins Brasil, Pedro Süssekind recria a situação vivida por muitas famílias durante os anos de ditadura militar e mostra como seus efeitos se desdobraram pelas gerações seguintes, que precisaram reconstruir suas vidas a partir de incertezas. Você pode comprar o livro aqui.
 
A estreia de Silvana Tavano no romance.
 
Assim que descobre que está grávida, Beatriz planeja dar a notícia para Cristiano, mas espera pelo melhor momento. Antes que esse momento chegue, o marido morre inesperadamente, obrigando a narradora-protagonista a se refazer como viúva e como mãe. O último sábado de julho amanhece quieto é organizado em breves capítulos que acompanham as semanas da gravidez de Beatriz. E, no ritmo dessa gestação, percorremos com a protagonista uma jornada intensa e transformadora, conduzidos por culpas e remorsos, alegrias e pulsões de uma mulher que lida com a morte e com a vida, simultaneamente. O romance é publicado pelo Selo Contemporânea da Editora Autêntica. Você pode comprar o livro aqui.
 
Chega ao Brasil a obra de uma das mais importantes escritoras da literatura norueguesa contemporânea.
 
Quando uma disputa pelo testamento dos pais se transforma em uma discussão amarga, Bergljot é arrastada de volta para a órbita familiar da qual se afastou vinte anos antes. Seus pais decidiram deixar as casas de veraneio no arquipélago de Hvaler para as duas irmãs mais novas, deixando Bergljot e seu irmão de fora. Para os que olham de fora, é uma disputa sobre ganância e favoritismo. Mas Bergljot, que carrega um trauma terrível sobre sua infância, sabe que o gesto é uma tentativa final de apagar o passado e um insulto cruel às verdadeiras vítimas da história. Entre discussões acirradas e mergulhos na memória, a narrativa de Vigdis Hjorth sobre os legados que não escolhemos herdar e que permeiam os laços familiares se configura em um romance brilhante que a consagra como uma das maiores autoras norueguesas da contemporaneidade. Herança e testamento é tradução de Kristin Garrubo e o livro é publicado pela HarperCollins Brasil. Você pode comprar o livro aqui.
 
O icônico ensaio que inspirou de Mahatma Gandhi a Martin Luther King Jr. e consolidou a transgressão da lei como estratégia de resistência.
 
Quando passou vinte e quatro horas encarcerado em Concord, Massachusetts, por recusar-se a pagar seus impostos, Henry David Thoreau talvez não imaginasse que entraria para o panteão dos filósofos e cientistas políticos mais importantes da história. Em um cenário em que os Estados Unidos mantinham as engrenagens escravocratas trabalhando intensamente, enquanto enviavam soldados para a morte na Guerra do México, Thoreau escolheu rebelar-se contra as práticas injustas do governo ao recusar-se a sustentá-lo. A dívida era de apenas um dólar e cinquenta centavos, mas a ideia que o filósofo inaugurava era de magnitude imensurável: nem toda lei é justa e, se obedeço a leis injustas, sou também culpado pela perversidade do sistema. Embora o conceito de desobediência civil tenha surgido como fruto da consciência individual, ele se desenvolveu historicamente enquanto ferramenta de luta coletiva pela transformação social. A nova edição da Antofágica para A desobediência civil conta com intervenções artísticas de Mateus Acioli e tradução inédita de André Czarnobai. Você pode comprar o livro aqui.
 
Aclamado livro que discute sobre a adolescência de um black queer em Nova Jersey ganha tradução no Brasil.
 
George M. Johnson é um premiado escritor, autor e ativista negro não-binário e que mora na área de Los Angeles. George escreveu para grandes veículos, incluindo Teen Vogue, Entertainment Tonight, NBC, The Root, Buzzfeed, Essence e The Grio. Também atuou como editor convidado para o mês do Orgulho da BET.com. Em 2019, foi agraciado com o Prêmio Salute to Excellence pela National Associação de Jornalistas Negros (National Association of Black Journalists) por seu artigo “Quando o racismo ancora sua saúde”, na revista Vice. Foi um dos nomes listados no The Root 100 Most Influential African Americans, em 2020, e uma das 100 pessoas LGBTQ mais influentes em 2021. George M. Johnson escreveu seu primeiro livro de memórias para jovens adultos, e foi um dos mais vendidos do New York Times, o aclamado All Boys Are't Blue, onde discute como foi sua adolescência ao crescer como um jovem garoto Black Queer em New Jersey através de uma série de ensaios poderosos. Com tradução de Tom Jones, Nem todos os meninos são azuis sai pela editora Moinhos. Você pode comprar o livro aqui.
 
REEDIÇÕES
 
Nova edição revista e ampliada da biografia de Paulo Leminski escrita por Toninho Vaz.
 
Personagem inesquecível da contracultura da década de 1980, Paulo Leminski ganhou espaço na cena intelectual brasileira com seu jeito marginal e sua alma de judoca. Músico e tradutor, poeta e professor, mestre e lutador, foi acolhido por grandes personalidades da época, como Caetano Veloso, Waly Salomão, Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari, entre tantas outras. Durante seus 44 anos de vida, Leminski nunca temeu o absurdo e levou sua arte às últimas consequências. Nas palavras dele, “qualquer hesitação, seja diante de um golpe ou de um poema, pode ser fatal. Pensar pode ser fatal”. Unindo a experiência de jornalista aos anos de amizade com Leminski, nesse livro Toninho Vaz se propõe a investigar o mistério que foi o poeta do Pilarzinho, cachorro louco polaco-paranaense que revolucionou Curitiba — e o Brasil — com seu jeito ousado, “meio hippie, meio bandido”, de escrever e fazer poesia. A edição traz um caderno de fotos de Leminski, seus amigos e familiares e um capítulo dedicado a revelação do filho desconhecido, Lucky, agora Paulo Leminski Neto. Paulo Leminski: o bandido que sabia latim é publicado pela Editora Tordesilhas. Você pode comprar o livro aqui.
 
RAPIDINHAS
 
Uma fatwa é uma fatwa 1. O mundo assistiu perplexo o ataque contra o escritor Salman Rushdie em Nova York durante uma apresentação pública na sexta-feira, 12 de agosto de 2022. O escritor foi jurado de morte pelo regime do Irã na década de 1980 por causa do seu livro Os versos satânicos que tem uma personagem inspirada no profeta Maomé retratada de forma ofensiva segundo líderes da comunidade muçulmana.
 
Uma fatwa é uma fatwa 2. Em 1991, o tradutor do livro no Japão Hitoshi Igarashi foi morto a facadas. Dias depois, na mesma situação, mataram o tradutor italiano Ettore Caprioli. A lista de acontecimentos trágicos é extensa: em 1993, o editor turco Azis Nesin, que publicou alguns excertos do romance num jornal, sobreviveu a um atentado; e da mesma maneira o tradutor norueguês William Nygaar.
 
DICAS DE LEITURA
 
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1. A luta verbal, de Raimundo Carrero. O livro é a segunda edição de A preparação do escritor publicado pela Iluminuras em 2007. Nele, o escritor demonstra outra extensão do seu trabalho, o do leitor. Os ensaios discorrem sobre obras de Jorge Amado, Graciliano Ramos, Marcelino Freire, Lima Barreto e contemporâneos seus como Itamar Vieira Júnior, Jeferson Tenório, Sidney Rocha, entre outras; ao mesmo tempo que entramos em contato com o sempre distinto ponto de vista do criador em relação ao trabalho dos seus contemporâneos, também descobrimos aqueles que pontuam seu cânone pessoal. A nova edição está publicada pela mesma casa editorial da primeira. Você pode comprar o livro aqui
 
2. Gótico nordestino, de Cristhiano Aguiar. Bem recebido pela crítica, a nova investida do escritor paraibano no conto buscou na tradição e no imaginário nordestino as figuras e elementos principais a partir das quais fosse possível congeminar aos modelos da cultura pop. Essa articulação não funciona, mas os contos aqui reunidos não se classificam exclusivamente por meio dessa tentativa de intercâmbio cultural. Encontramos peças saborosas que reabilitam a legítima arte de contar uma boa história e na melhor extensão do conceito que as identificam, o gótico. O livro está publicado pela Alfaguara Brasil.  Você pode comprar o livro aqui
 
3. O dia de um oprítchnik, de Vladímir Sorókin. Ainda é muito restrita a tradução e circulação no Brasil de literatura russa contemporânea, principalmente quando comparamos as variadas edições com autores clássicos como Dostoiévski ou Tolstói. Uma das poucas casas editoriais que tem buscado quebrar a grossa parede de gelo que forma essa resistência é a Editora 34 que agora publica o segundo livro de Sorókin no Brasil. Situado no limiar da arte de vanguarda, sua obra é, antes de tudo um desafio aos modos corriqueiros de ler literatura. No romance recomendado acompanhamos um dia na vida de Andrei Komiága, integrante da violenta guarda de elite do tsar Ivã, o Terrível, redivivo na ficção no futuro ano de 2027 numa Rússia ao mesmo tempo soviética, medieval e futurista. Este é um livro cuja riqueza criativa cobra do leitor uma visão multiperspectívica sobre um país de longa tradição, presente complexo e futuro assinalado pela incerteza. A tradução é de Arlete Cavaliere. Você pode comprar o livro aqui
 
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
 
1. A exposição “Machado de Assis: primeiras edições e raridades” ficou disponível na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) de setembro a dezembro de 2018 e, agora, passou para as telas. É pela primeira vez que se abre a um grande público o acesso permanente ao maior acervo das primeiras edições da obra machadiana atualmente sob a guarda da BBM, em São Paulo. Entre eles, estão livros como A mão e a luva (1874), Dom Casmurro (1899), Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), Papéis avulsos (1882), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908). A publicação da obra de Machado de Assis se confunde com a história do livro no Brasil. O projeto decorre da atuação de Hélio de Seixas Guimarães no acervo da BBM e a colaboração de alunos da pós-graduação. Tudo está disponível aqui
 
BAÚ DE LETRAS
 
1. Em maio de 2012, publicamos um comentário sobre uma intervenção pública de Salman Rushdie sobre a censura, também em Nova Yorker. Era uma das primeiras aparições do escritor depois de ser obrigado à clausura pela ameaça de morte do governo iraniano. 
 
2. Em agosto de 2016, quando chegava ao Brasil Dois anos, oito meses e 28 dias, publicamos a tradução deste texto do crítico Luisgé Martín sobre o romance. 
 
3. Três anos depois, nosso colunista Rafael  Kafka escreveu sobre Shalimar, o equilibrista, observando como Salman Rushdie problematiza na ficção o tema violência. Leia aqui

4. Há um texto aqui sobre a conversa entre Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa agora publicada no Brasil, cf. noticiamos no início deste Boletim. 
 
DUAS PALAVRINHAS
 
A arte não é entretenimento. Quando a arte é muito boa, é uma revolução.
 — Salman Rushdie

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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.

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