A literatura e suas transmutações - "O corvo", de Poe




Não são novidades duas coisas: a abertura da literatura para o diálogo com outras artes e a recente quantidade significativa de adaptações de livros para o cinema. Para se ter uma ideia, seis dos nove indicados para o Oscar 2012 são adaptações de obras literárias. Agora, o que não é comum dos textos adaptados aí é adaptação de poemas. A conclusão ou o porquê disso é óbvio: a narrativa já possui em si os mesmos elementos constituintes do cinema e aquilo que o cineasta deverá se preocupar em fazer é uma tradução de semioses. 

Mas, para breve, chega aos cinemas uma nova releitura do poema O corvo, de Edgar Allan Poe.

A primeira versão para as telas desse poema foi em 1915, dirigida por Charles Brabin. Agora, a readaptação traz novamente Poe, como no de Brabin, vivido aqui pelo ator John Cusack. E pelo que o trailer divulgado no início desse mês sugere, a transmutação do poema em trama é mais evidente. O filme de Brabin se dispunha muito mais a biografar o escritor norte-americano e o poema surgia como fruto de uma série de delírios induzidos pelo álcool.

O corvo foi publicado originalmente em 1845. A obra já foi reimpressa várias vezes e traduzida por nomes como Machado de Assis, Fernando Pessoa, Charles Baudelaire, Stéphane Mallarmé... É a obra mais conhecida de Poe. E já recebeu toda sorte de adaptações que se possa imaginar: cinema é só uma delas, 1915, 1960, 1942 (curta-metragem) e agora, 2012. Foi HQ, com incursões pelo Pato Donald, Piu-Piu, The Ravin, Simpsons... Música...

E, voltando ao formato livro, a obra sai agora pela LeYa. Numa edição caprichadíssima reúnem-se além do poema original, as versões clássicas que aqui enumeramos. É uma edição é organizada por Ivo Barroso que publica junto a esse material o seu célebre artigo “A filosofia de composição”.

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