Boletim Letras 360º #271


Está aberto até a primeira semana de junho o período de inscrições para participar da nova promoção do Letras; o sorteio de Na outra margem, o leviatã – livro de contos de Cristhiano Aguiar acontece em nossa conta no Instagram. A seguir as notícias divulgadas esta semana em nossa página no Facebook

O conteúdo inédito de duas páginas censuradas do Diário de Anne Frank foi revelado esta semana. Mais detalhes ao longo deste Boletim.


Segunda-feira, 14/05

>>> Brasil: 4321, de Paul Auster

Em meados de 2017 noticiamos que o livro considerado o projeto mais ambicioso do escritor estadunidense estava em tradução por Rubens Figueiredo. O projeto em breve chega às livrarias: em junho – avisa a Companhia das Letras. O que norteia 4321 são questões como o que define uma vida, quais escolhas formam um indivíduo e o que constrói uma identidade. No romance finalista do Man Booker Prize 2017, Archie Ferguson é filho de Stanley e Rose, nascido no dia 3 março de 1947. Este é o único dado indiscutível de sua biografia, já que neste romance se constrói não uma trajetória, mas quatro diferentes percursos de vida trilhados por Archie. A obra saiu depois de sete anos de trabalho e período quando Paul Auster não publicou nenhum outro título. Desde o êxito de A trilogia de Nova York, de 1987, sua estreia na ficção, Auster tornou-se um dos principais nomes da literatura contemporânea, publicando grandes sucessos de crítica como Leviatã e Desvarios no Brooklyn.

Nova edição de o remorso de baltazar serapião, de valter hugo mãe

Quando publicou esta obra o escritor português assinava-se com minúsculas e escrevia o que parecia ser uma obra integralmente com minúsculas. O selo Biblioteca Azul / Globo Livros traz esta nova edição com ilustrações de Eduardo Berliner. O livro também vem com um texto de José Saramago. Mãe foi o primeiro a receber o prêmio que leva o nome do escritor Prêmio Nobel. "Basta ler a primeira página, a primeira palavra, sentir a primeira respiração. É um livro diferente. A sensação que esta obra me dá, além do ímpeto arrasador e ao mesmo tempo construtor de algum elo, é a de estar a assistir a um novo parto da língua portuguesa, um nascimento de si mesma" – assim disse Saramago na entrega do prêmio. O romance narra a história dos sarga, "nascidos de pai e vaca", e de seu primogênito, que dá nome ao livro: baltazar, camponês miserável e de passividade bestial, cujas vida e jovem esposa são exploradas por dom afonso, senhor das "almas e coisas" daquela terra.

Terça-feira, 15/05

>>> Estados Unidos: Morreu o escritor Tom Wolfe

Considerado um dos maiores e mais inovadores nomes do jornalismo do século XX. A morte foi informada pelo jornal The New York Times. Wolfe foi um dos principais autores do chamado new journalism (ou jornalismo literário), o movimento que revolucionou a escrita de não ficção na década de 1960 e que teve como expoentes Gay Talese, Truman Capote e Norman Mailer. Além de livros-reportagem e coletâneas de não ficção, como Radical chique e o novo jornalismo, ele também escreveu obras de ficção, como o romance A fogueira das vaidades; este foi adaptado para o cinema em 1990, em filme homônimo dirigido por Brian De Palma e estrelado por Tom Hanks, Bruce Willis e Melanie Griffith. Outra obra de Wolfe que virou filme foi Os eleitos. Neste livro-reportagem, ele contou a história de pilotos de provas que foram transformados em astronautas em um projeto espacial pioneiro dos Estados Unidos. Os eleitos – onde o futuro começa deu origem ao longa com Sam Shepard, Scott Glenn, Ed Harris e Dennis Quaid e ganhou quatro estatuetas do Oscar. Entre outros títulos de Wolfe conhecidos no Brasil estão A palavra pintada, Sangue nas veias, Ficar ou não ficar, Emboscada no Forte Bragg, O teste do ácido do refresco elétrico e O reino da fala, o mais recente, editado por aqui em 2017. Wolfe nasceu em 2 de março de 1931, na Virginia e vivia em Nova York.

>>> Brasil: Lembram da exclusiva coleção Mir preparada pela editora Kalinka para venda na livraria Cultura? Vem novos títulos por aí

No mês passado comentamos aqui sobre a publicação de textos de Bobók, Dostoiévski, Aleksandr Kuprim e Daniil Kharms. Os próximos títulos da coleção são os inéditos A pequena casa de Ania, de Zinaída Guíppius, e Lembre e não esqueça, de Fiodor Sologub, traduzidos por Moissei Mountian. Além destes, a Kalinka prepara uma tradução inédita de A Morte de Ivan Ilitch, de Tolstoi; esta é realizada por Irineu Franco Perpetuo, que traduziu recentemente para a Editora 34 O mestre e Margarida. Os livros da coleção Mir vêm com QR Code e dá para ouvir o texto no original.

>>> Holanda: Duas páginas inéditas do famoso diário de Anne Frank são apresentadas

As páginas 78 e 79 de "Kitty", o nome dado por Anne Frank ao seu primeiro diário, um caderno que recebeu em 12 de junho de 1942, por ocasião de seu aniversário eram um enigma. Recobertas com papel pardo, ficava impossível saber o que havia sido escrito aí. Agora, graças a um procedimento de fotografia digital, a fundação que leva seu nome em Amsterdã, apresentou algumas passagens em que a adolescente de 13 anos se perguntava o que faria se alguém lhe pedisse que falasse "sobre assuntos relacionados ao sexo". "Como ia fazer? Esta é a resposta", escreve. São reflexões próprias de sua idade que lançam luz sobre sua personalidade. As duas páginas foram descobertas em 2001, quando escaneados todos os manuscritos de Anne. Datam de 28 de setembro de 1942, quando há dois meses estava escondida, com sua família e outros três amigos, dos nazistas. Na primeira página diz que pensa "registrar piadas obscenas", como esta: "Sabes por que existem mulheres das Forças Armadas alemães na Holanda? Para servir de colchão aos soldados". Depois se põe a analisar a chegada da menstruação e suas consequências – um tema que aparece em várias passagens do texto censurado. "É um sinal de que uma menina está apta para ter relações com um homem. Mas isso não se faz antes do casamento. Depois, sim. Também se pode dizer [a partir de então] se quer ter filhos ou não. Se sim, o homem se joga sobre a mulher e deixa sua semente na vagina dela. Tudo acontece com movimentos rítmicos". Também discorre sobre quando o casal decide evitar filhos: "a mulher toma medidas internas e isso ajuda. Pode falhar, é claro, mas se de verdade queres filhos, às vezes não é possível. O homem gosta destas relações e as deseja; a mulher menos, mas também". Frank também escreve sobre a prostituição e a homossexualidade – temas revestidos da mesma ingenuidade. "Se os homens são normais, saem com mulheres. Nas ruas, há mulheres que falam com eles e então saem juntos. Em Paris, existem casas muito grandes para isso. Papai esteve ali. O tio Walter não é normal. Há mulheres que se vendem para esta relação". Os pesquisadores têm buscado saber quem censurou essas passagens e suspeitam que ela própria tenha feito isso. Otto Frank, o pai, foi o único da família que sobreviveu ao Holocausto e, em 1947, antes da publicação do Diário, censurou cinco páginas em que a menina falava das rixas entre seus pais e a difícil relação com sua mãe. Em 1998 foi publicada uma edição considerada completa. O Diário de Anne Frank já foi traduzido em mais de 70 idiomas e publicado em 60 países.

Quarta-feira, 16/05

>>> Brasil: Infância, Adolescência, Juventude, de Liev Tolstói

Clássico da literatura ocidental, as três novelas aqui reunidas equilibram-se entre o fato e a ficção. E são um dos melhores retratos da Rússia do século XIX. Liev Tolstói tinha pouco mais de vinte anos quando publicou Infância, seu primeiro livro. Os grandes painéis épicos e humanos de Guerra e paz e Anna Kariênina só apareceriam nas décadas posteriores. Ainda antes de completar trinta anos, escreveria Adolescência e Juventude, obras que complementam e expandem o seu texto de estreia. Embora nos anos de maturidade o autor tivesse rechaçado os textos devido a sua "estranha mistura de fato e ficção" (algo a que o leitor de ficção contemporânea está bastante habituado), a posteridade o julgou com olhos bem mais generosos: as três novelas magistrais aqui reunidas são, além de repletas de vida, um panorama acurado e perspicaz do processo de amadurecimento – do homem e de um dos maiores escritores de todos os tempos. Traduzido por Rubens Figueiredo, o livro sai pela Todavia.

>>> Brasil: Sete conferências de Cristovão Tezza reunidas em livro

Depois da publicação de um novo romance (A tirania do amor, pela Todavia), outro título do escritor chega às livrarias a partir de junho. As sete conferências foram apresentadas nos últimos dez anos em eventos literários, universidades e na Academia Brasileira de Letras. Revisadas especialmente para esta edição, nelas Cristovão Tezza discute a criação literária sob uma ampla gama de temas, que abarcam desde a relação da literatura com a psicanálise até as fronteiras entre a ficção, a biografia e o ensaio. Em linguagem clara e pontuada pelo humor, com um rigor conceitual que passa longe do jargão acadêmico, ele fala ainda de seu processo criativo, das origens de seu desejo de se tornar escritor, dos pressupostos éticos da literatura, do sentido da ficção no mundo contemporâneo e das contingências históricas, políticas e culturais de sua geração. A edição é da Dublinense Editora.

>>> Brasil: O romance ganhador do Prêmio Pulitzer 2018 ganha tradução por aqui

E será publicado ainda neste ano. Less, do estadunidense Andrew Sean Greer. A obra tem sido definida como uma brilhante sátira do estadunidense fora de seu habitat. A narrativa acompanha Arthur Less, um romancista fracassado e prestes a completar 50 anos. Depois de receber um convite de casamento de seu ex-namorado de há nove anos, decide fugir de seus problemas participando de alguns eventos literários de pequena importância fora de seu país natal: quase se apaixonará em Paris; quase morrerá em Berlim; escapará por pouco de uma tempestade de areia no Saara; será escritor-residente num retiro na Índia; e encontrará no mar da Arábia a última pessoa na Terra que queria encontrar. "Um livro generoso, musical na sua prosa e expansivo na sua estrutura", foi assim que o júri descreveu a obra que será publicada pelo Grupo Editorial Record.

Quinta-feira, 17/05

>>> Brasil: Chega o premiado Bússola, de Mathias Enard

Romance premiado com o Goncourt, um dos mais importantes prêmios literários da literatura francesa, "Bússola" é uma meditação musical e encantatória sobre Oriente e Ocidente, sobre "nós" e os "outros". Cai a noite sobre Viena e Franz Ritter, um musicólogo apaixonado pelo Oriente Médio, procura em vão dormir, à deriva entre sonhos e memórias, melancolia e febre. Revisitando sua vida – suas numerosas estadias em Istambul, Alepo, Damasco, Palmira, Teerã –, seu amor por Sarah, uma erudita francesa dona de uma inteligência feroz, e a memória de outros viajantes, aventureiros, acadêmicos e artistas do Ocidente que se apaixonaram pelo "outro" não europeu, Ritter (portador de uma doença aniquiladora) atravessa a noite numa vertigem de memórias, viagens e histórias. "Bússola" é uma declaração de amor e uma jornada em busca da diferença, entre Ocidente e Oriente, entre ontem, hoje e amanhã. Um inventário sobre os traços que nos distinguem uns dos outros, e uma aposta – cheia de sabedoria – sobre aquilo que nos faz tão próximos e humanos. A tradução de Rosa Freire D'Aguair sai pela Todavia Livros.

>>> Brasil: Mais Literatura Russa 

A notícia que divulgamos aqui na manhã de ontem, 16 mai '18, de que a Todavia Livros publicará a tradução de Rubens Figueiredo para Infância, Adolescência, Juventude, uma trilogia de Liev Tolstói é apenas a ponta do iceberg de novidades em literatura russa pela casa e pelas mãos do tradutor. Futuramente deverá sair uma nova tradução para Crime e castigo, de Dostoiévski e A Ilha de Sacalina, de Tchékhov, que foi à região na Sibéria para conhecer as condições de vida dos condenados numa colônia de trabalhos forçados e publicou uma série de nove reportagens, no século XIX.

Sexta-feira, 18/05

>>> Brasil: Antonio Candido em 1ª pessoa: evento assinala centenário do pensador

Na próxima quarta (23) o Itaú Cultural (Av. Paulista, 149 - São Paulo / SP) abre a Ocupação Antonio Candido, comemorando o centenário de seu nascimento. A mostra é apresentada em primeira pessoa, uma vez que praticamente tudo o que está lá saiu dos acervos de Antonio Candido e Gilda de Melo e Souza, doados pela família ao Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP), dos quais o Itaú Cultural está apoiando a organização. Estarão em exibição anotações para ensaios, cadernos de estudos, textos revisados mesmo depois de publicados, estudos para importantes obras como Formação da Literatura Brasileira e Parceiros do Rio Bonito, além de fotos, objetos, vídeos e documentação inédita desses acervos. A Ocupação segue até 12 de agosto. Em paralelo, entre 23 e 25 de maio, o espaço sedia um colóquio internacional para debater a sua vida, obra e militância, com uma série de convidados.

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