Boletim Letras 360º #294


O fim de semana é tempo de Boletim Letras 360º; estas são as notícias do universo editorial e artístico que apresentamos em nossa página no Facebook. Tudo reunido num só lugar! Boas leituras.

Luiz Carlos Prestes e Graciliano Ramos (1949). Foto: José Medeiros. Acervo IMS. Do escritor brasileiro, Vidas secas ganha edição especial. Mais detalhes ao longo deste Boletim.


Segunda-feira, 22/10

>>> Brasil: O rei das sombras, novo título de Javier Cercas é publicado pela Biblioteca Azul

O romance narra a busca pelo rastro perdido de um rapaz quase anônimo que lutou por uma causa injusta e morreu do lado errado da história. Seu nome era Manuel Mena e em 1936, na explosão da Guerra Civil Espanhola, ele se juntou ao exército de Franco; dois anos depois, morreu em combate na batalha do Ebro, e durante décadas foi o herói de sua família. Era tio-avô de Javier Cercas, que sempre relutou em investigar sua história, até que se sentiu obrigado a fazê-lo. Quem foi Manuel Mena? Um herói fascista cuja memória é uma infâmia para o autor ou um jovem idealista que acabou por lutar do lado errado da guerra? O resultado dessa investigação é um romance fascinante, cheio de ação, humor e emoção, que nos coloca diante de um dos principais temas da prosa de Cercas: a natureza radiante, multifacetada e misteriosa do heroísmo. Exploração ao mesmo tempo local e universal, pessoal e coletiva. "O rei das sombras" acaba sendo uma incomparável homenagem à mãe do autor e às cicatrizes incuráveis de toda uma geração. A tradução é de Bernardo Ajzenberg.

>>> Brasil: O primeiro dos sete livros de Tom Wolfe que ganharão reedição já está disponível

É A fogueira das vaidades, o romance que colocou Tom Wolfe no primeiro time dos grandes romancistas do século XX e que permaneceu por mais de um ano na lista dos mais vendidos do The New York Times. No livro, Wolfe expõe as consequências do atropelamento de um jovem negro na vida de Sherman McCoy, um yuppie de Wall Street que entra por engano no Bronx e, por medo de um assalto depois que o pneu do carro fura, atropela um dos jovens e foge. Síntese de uma época, o romance narra o colapso de um investidor de Wall Street, e escrutina um mundo onde fortunas são feitas e perdidas num piscar de olhos. O livro que sai em edição com capa dura é o primeiro de uma série de sete títulos de Wolfe a voltar às prateleiras no Brasil.

Terça-feira, 23/10

>>> Brasil: Publica-se pela primeira vez por aqui a poesia do poeta Gonzalo Rojas

A publicação de Antologia poética é fruto de um convênio entre a Editora Universidade de Brasília e a Embaixada do Chile. A tradução da poesia de Rojas é de Eric Nepomuceno e sai no ano de comemoração aos 100 anos do poeta. Poeta da chamada Geração de 1938, Gonzalo Rojas foi ganhador do Prêmio Cervantes de Literatura em 2003; é considerado um dos intelectuais chilenos mais influentes das últimas décadas, possui uma vasta literatura ensaística e crítica. Seu primeiro livro, La miseria del hombre (1948), já marca seu compromisso social que vai acompanhá-lo em sua trajetória Por causa do golpe de Estado de 1973, o autor teve que sofrer um longo exílio. É desta época, o poema “Cifrado em octubre”, dedicado à morte do dirigente do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), Miguel Enriquez.

Quarta-feira, 24/10

>>> Brasil: Edição especial assinala as oito décadas de publicação de Vidas secas

Apresentado originalmente em 1938, Vidas secas é o romance em que Graciliano alcança o máximo da expressão que vinha buscando em sua prosa. O que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro. A Editora Record publica uma edição comemorativa dos 80 anos da obra, em capa dura, que contém, além do texto integral, o manuscrito original com as emendas – de próprio punho – do autor.

>>> Brasil: De Ivan Turguêniev, Diário de um homem supérfluo

Publicado em 1850 e até agora inédito no Brasil, este livro de Turguêniev, ocupa um lugar de destaque na história da literatura. É nele que pela primeira vez o termo “homem supérfluo” foi usado para designar um dos tipos mais característicos da grande prosa russa do século XIX, o aristocrata que cresceu sob o regime repressivo do tsar Nicolau I e é incapaz de agir para mudar seu destino. Nesta novela, que tem a forma de um diário íntimo, um jovem à beira da morte reflete sobre a sua infeliz paixão por Liza, filha de um proprietário de terras na província, e sobre seu sentimento de desajuste com a vida, traçando com suas confissões um painel extremamente vívido da sociedade russa da época. A tradução, posfácio e notas são de Samuel Junqueira e a edição da Editora 34.

Quinta-feira, 25/10

>>> Brasil: O ano do dilúvio, de Margaret Atwood

Situado no futuro distópico do aclamado Oryx e Crake, O ano do dilúvio é ao mesmo tempo um emocionante conto sobre a amizade e outro marco da ficção especulativa de Margaret Atwood. A sociedade e as espécies têm mudado rapidamente, e o pacto social em pouco tempo se torna tão frágil quanto a estabilidade ambiental. Adão Um, o gentil líder dos Jardineiros de Deus – uma seita dedicada à fusão da ciência e religião, bem como à preservação de toda a vida vegetal e animal –, há muito tempo prevê um desastre natural que alterará a Terra como a conhecemos. Agora, a tragédia anunciada finalmente entrou em curso, obliterando a maior parte da vida humana. Duas mulheres sobreviveram: Ren, uma jovem dançarina trancada dentro de um bordel de primeira classe, e Toby, uma Jardineira de Deus, entrincheirada em um luxuoso spa, onde muitos dos tratamentos medicinais são comestíveis. Haveria outros sobreviventes? Amanda, a bioartista amiga de Ren? Zeb, seu padrasto e defensor? Jimmy, seu antigo namorado, que conhecemos em Oryx e Crake? Teriam os degredados da Arena Painball escapado? Enquanto isso, as formas de vida ligadas à manipulação genética estão proliferando: a mistura de carneiro e leão, as cabras de pelos longos, os porcos com tecido cerebral humano. Enquanto Adão Um e seu bando percorrem este estranho mundo novo em meio às novas forças dominantes, Ren e Toby terão que decidir seus próximos passos. Mas antes precisam escapar de seu confinamento. Sombrio, irônico e provocador, o segundo livro da trilogia MaddAddão é mais uma prova do poder visionário de Atwood. A tradução de Márcia Frazão sai pela editora Rocco.

Sexta-feira, 26/10

>>> Brasil: Uma coletânea de contos, fábulas e crônicas de Fernando Pessoa

Livro reúne 14 textos que o escritor deixou concluídos e revisados, três deles antes inéditos em livro. A organização do volume é do escritor angolano Zetho Cunha Gonçalves, que teve acesso aos manuscritos originais do espólio do autor que se encontram na Biblioteca Nacional de Portugal. Contos completos, fábulas & crônicas decorativas, reúne também três contos do escritor norte-americano O. Henry traduzidos por Pessoa. A edição sai pela Editora Carambaia e inaugura um novo selo na casa, o "ilimitada".

>>> Brasil: Uma nova faceta da poeta Wisława Szymborska 

Além de autora da singular poesia que conquistou o mundo, a polonesa Wisława Szymborska era também uma artista "arteira". Este livro apresenta uma faceta da autora que é praticamente desconhecida do público brasileiro. Trata-se de uma seleta de traduções de suas brincadeiras poéticas, pois a poeta mantinha viva a criança interna, inventando novos gêneros de poesia nonsense (moscovinas, altruitinhas, melhoríadas, dasvodcas e escutações) e praticando gêneros já consagrados, como os limeriques. O livro é um convite para o leitor se surpreender, sorrir e, quem sabe, inspirar-se a criar suas próprias brincadeiras literárias. Além das riminhas, como as chamou a poeta, o livro contém também uma seleta de colagens de sua autoria. Todo ano Szymborska se fechava em seu apartamento, avisando que não receberia visitas, pois iria brincar de ser artista. Confeccionava então obras de arte plástica marcadas pelo senso de humor e sensibilidade plástica incomuns. As esmeradas colagens eram presentes para os amigos, sorrisos particulares que a poeta enviava como postais àqueles que lhe eram próximos. A tradução de Riminha para crianças grandes é Eneida Favre e Piotr Kilanowski; o livro sai pela Editora Âyiné.

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