Boletim Letras 360º #666
DO EDITOR
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LANÇAMENTOS
Moscou feliz é uma novela icônica do escritor soviético Andrei Platônov, inédita em português.
O título é uma referência à personagem principal, Moscou Tchestnova, uma jovem órfã, criada pela revolução, que sonha em se tornar paraquedista. A protagonista encarna a promessa eufórica de um tempo em que os filhos do proletariado acreditavam ser possível construir o futuro com as próprias mãos, em meio a uma sociedade de alta inovação técnica e científica. A personagem e sua história se confundem com a da própria União Soviética. Uma jovem mulher que acredita poder seguir seus desejos, relacionar-se livremente e escolher a profissão que quiser, mas que se depara com os desafios e limites que a impedem de encontrar a plenitude prometida. Inédito e censurado por Stálin durante a vida de Platónov, o romance atravessa décadas e estilos, e revela tanto o entusiasmo juvenil do autor dos anos 1920 como sua amarga lucidez diante do fracasso do ideal socialista de 1930. Misturando lirismo e ironia, Moscou feliz é um retrato assombroso da cidade e de uma geração que acreditou poder reinventar o mundo. Traduzido do russo por Letícia Mei e publicado pela editora Ubu. Você pode comprar o livro aqui.
Um novo título da coleção com a obra de Ray Bradbury conduzida pela Biblioteca Azul.
Em uma pequena cidade de Illinois, Douglas Spaulding guarda os aromas e lembranças de cada dia de férias em garrafas com dentes-de-leão. Assim, acredita que poderá lembrar de cada um deles quando sentir saudade, à medida que espera a chegada do próximo verão. A invenção de uma máquina da felicidade, as brincadeiras com os amigos, as conversas com os idosos que parecem já ter nascido com setenta anos, as disputas entre vizinhas que acreditam em bruxaria... tudo ganha novas proporções aos olhos de uma criança em busca de respostas para suas curiosidades. Em Licor de Dente-de-leão, Ray Bradbury resgata o sabor, a magia, os terrores e as alegrias da infância repleta de momentos mágicos, nos fazendo lembrar como cada pequeno momento da vida pode ser grandioso e inesquecível. Publicação da editora Biblioteca Azul. Você pode comprar o livro aqui.
Stella Maris, segundo volume da trilogia Crianças do gueto, dá continuidade à narrativa iniciada em Meu nome é Adam e aprofunda a trajetória de Adam, primeiro filho do gueto de Lidd e sobrevivente da Nakba.
Stella Maris, segundo volume da trilogia Crianças do gueto, dá continuidade à narrativa iniciada em Meu nome é Adam e aprofunda a trajetória de Adam, primeiro filho do gueto de Lidd e sobrevivente da Nakba.
Neste segundo volume, acompanhamos a juventude de Adam, que busca se reinventar em meio às contradições de ser palestino dentro de Israel. Para conseguir sobreviver num território onde sua identidade árabe representa um risco constante, Adam assume uma nova persona: muda seu sobrenome e se projeta como um sujeito aparentemente judeu. Muitos momentos do livro lidam com o que é possível dizer ou escrever, o que permanece silenciado, o trauma, as cicatrizes históricas. Um personagem como Adam está constantemente negociando entre memória e esquecimento. Este livro do romancista libanês Elias Khoury, se apresenta como um dos grandes romances contemporâneos sobre a Palestina. Abordando a experiência palestina dentro de Israel (ou “os árabes de Israel”), o autor explora as contradições que marcam essa condição — estar dentro, mas excluído; visível, mas invisível; presente, mas ausente. Publicação da editora Tabla; tradução de Safa Jubran. Você pode comprar o livro aqui.
Uma jornada que examina de perto três grandes histórias interligadas: a radicalização de Israel.
Em Hebron, um grupo de menores judeus ergue uma bandeira contra casamentos mistos. Em Tulkarem, crianças palestinas penduram fotos de seus amigos assassinados em seus rifles e se preparam para lutar contra soldados israelenses. Em Teerã, Abbas lamenta a morte de seu primo enforcado pelo regime e sente uma mistura de terror e excitação com o grande ataque do Estado judeu à República Islâmica. Os filhos do ódio é uma jornada que examina de perto três grandes histórias interligadas: a radicalização de Israel, a destruição da Palestina e o colapso do Eixo da Resistência centrado em Teerã. Cecilia Sala nos revela o conflito geracional que atravessa cada um desses países, uma das fraturas mais significativas do nosso tempo. O relatório de campo é enriquecido por entrevistas com figuras-chave, como Hossein Kanaani, um dos fundadores do Pasdaran, e Ronen Bergman, jornalista vencedor do Prêmio Pulitzer que explica o fracasso de Israel em se defender de seu maior inimigo interno: o extremismo armado. Desse coro de vozes surge um livro essencial para a compreensão dos conflitos que definem o nosso tempo. Um retrato complexo, original e profundamente humano de um Oriente Médio em transformação. Com tradução de Pedro Fonseca, o livro sai pela editora Âyiné. Você pode comprar o livro aqui.
Um romance sobre memória, maternidade, luto e a difícil arte de continuar.
Em uma cidade italiana devastada por um terremoto, Caterina vive entre os escombros da própria vida. A morte repentina de sua irmã gêmea, Olivia, a lança na tarefa dolorosa de cuidar de Marco, o sobrinho adolescente que perdeu a mãe. Entre silêncios, culpas e ressentimentos, Caterina precisa aprender a lidar com a ausência que a acompanha em cada gesto, ao mesmo tempo em que tenta reconstruir laços com a mãe, sempre distante, e com uma comunidade marcada pela tragédia. Com uma prosa intensa e sem concessões, Donatella Di Pietrantonio retrata a luta íntima de quem precisa reinventar o cotidiano diante da perda e encontrar, nas brechas da dor, possibilidades de afeto e resistência. Bella Mia tem tradução de Patricia Peterle; publicação da Relicário. Você pode comprar o livro aqui.
Uma coletânea apresenta aos leitores brasileiros uma amostra da poesia de H. D.
Uma coletânea apresenta aos leitores brasileiros uma amostra da poesia de H. D.
Leitoras e leitores brasileiros já conhecem, há bastante tempo, alguns dos grandes nomes do modernismo em língua inglesa, como Ezra Pound, Mariane Moore e William Carlos Williams, mas havia uma grande e inadmissível lacuna: a obra poética de H. D., figura fundamental da poesia do século passado e indispensável para a contemporaneidade. Eurídice e outros poemas, antologia organizada e traduzida por Camila de Moura, é a prova de que sua presença entre nós era urgente. O livro apresenta 37 poemas dos primeiros livros de H. D. ― Jardim do mar (1916), O deus (1913-1917), Hímen (1921) e Heliodora (1924) ―, posfácio e glossário elaborados pela tradutora, além de um perfil da poeta escrito por sua filha, Perdita Schaffner. Nos versos de H. D., povoados de divindades gregas, tem-se a impressão de estar entrando noutro tempo, noutro mundo, mas poucas páginas bastam para que se perceba uma poeta radicalmente moderna ― atualíssima sob vários aspectos ― que viveu muitas vidas. Em torno dela, giram não apenas referências ao mundo literário, mas também a Freud, cinema, múltiplas relações amorosas, duas guerras mundiais, a gripe espanhola, como se a primeira metade do século XX se agitasse em torno de uma única figura. Os poemas reunidos formam uma ponte extraordinária entre passado e presente, feita não apenas por meio da tradução (a estreia de H. D. em livro se deu com uma tradução para o inglês dos coros de Ifigênia em Áulis, de Eurípides, em 1916), mas sobretudo pela incorporação criativa da poética e da cultura gregas em sua obra “imagista”, marcada pela busca de uma expressão concisa, clara, sem adornos ou palavras supérfluas.
Para lidar com seu mundo, H. D. encontrou na Antiguidade um campo fértil para experimentações, e nas deusas gregas a mais perfeita máscara. Assim, se fez precursora de tantas poetas (como a canadense Anne Carson e a brasileira Luiza Romão) que atravessam essa ponte para romper o silêncio imposto às mulheres numa história contada sempre pelos homens: “arriscarei minh’alma inteira/ por essa beleza”. Publicação da editora Fósforo. Você pode comprar o livro aqui.
Para lidar com seu mundo, H. D. encontrou na Antiguidade um campo fértil para experimentações, e nas deusas gregas a mais perfeita máscara. Assim, se fez precursora de tantas poetas (como a canadense Anne Carson e a brasileira Luiza Romão) que atravessam essa ponte para romper o silêncio imposto às mulheres numa história contada sempre pelos homens: “arriscarei minh’alma inteira/ por essa beleza”. Publicação da editora Fósforo. Você pode comprar o livro aqui.
Segundo volume da Coleção Pier Paolo Pasolini.
Teorema começou a ser escrito em 1966 como drama teatral, simultaneamente às seis tragédias que marcam a maturidade do autor. Contudo, para expressar com mais clareza seu conteúdo, Pasolini transformou a peça e a sua narrativa num texto-colagem de gêneros como prosa, poesia, fábula e relatório, resultando em 48 seções, ou enunciados de uma espécie de equação, um teorema bem formulado. “Como queríamos demonstrar, C.Q.D.”. Ele expõe a dissolução de um núcleo familiar da alta burguesia milanesa nos anos 1960, após a chegada de um jovem e belo hóspede. Quase em silêncio, o visitante acaba por provocar transformações profundas em cada um dos integrantes desse núcleo familiar, e também na mulher que o serve. Em 1968, o livro foi transformado em roteiro cinematográfico e filmado pelo próprio autor, com Terence Stamp, Silvana Mangano e Laura Betti nos papéis principais. A edição publicada pelas Edições Cosac traz posfácio do tradutor Maurício Santana Dias e é ilustrada com 165 fotogramas do filme homônimo. Você pode comprar o livro aqui.
A publicação da poesia de Ruth Guimarães amplia o resgate de sua obra.
Em Folhas soltas, revelam-se os versos que ela escreveu em silêncio, poemas de amor, de memória e de mistério, guardados por décadas em papéis datilografados, entre versões e rasuras. Reunidos agora pela primeira vez, esses textos traçam o retrato íntimo de uma mulher inteira: a menina que escreveu para os avós, a amante que ofereceu cantigas ao marido, a pensadora que rezava com o silêncio. Com lirismo e coragem, Ruth transforma a palavra em espelho de si mesma — e o leitor em cúmplice de sua travessia. Cada poema é uma folha que se desprende e flutua, livre, entre a carne e o sonho, entre a terra e o sagrado. Publicação da editora Primavera. Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
REEDIÇÕES
Reedição de uma antologia com mostra da poesia de François Villon.
A poesia de François Villon não cessa de intrigar seus leitores desde que começou a circular, durante a breve e vertiginosa vida de seu autor, na Paris do século XV. Seus versos refinadíssimos são ao mesmo tempo dotados de imenso vigor vernacular, sem medo da gíria e do baixo calão. Neles, a sapiência antiga, adquirida na Sorbonne, mistura-se à vida dos estudantes no Quartier Latin ao redor, com toda a sua arruaça e toda a sua penúria. Em cada uma de suas baladas — forma poética em que Villon deixou marca indelével —, o giro nobre do ritmo não esconde, antes ressalta, a urgência das questões que dirige a seus leitores futuros: que sentido pode ter uma vida que o tempo há de tragar, qual o valor deste mundo que há de se desfazer como as neves do ano passado, e quem afinal sou eu, François Villon, que conheço tanta coisa, mas não conheço a mim mesmo? Essa peculiar síntese de contradições valeu ao poeta uma fama não apenas constante, mas crescente. Sua obra, agora reeditada em uma já clássica tradução para o português, faz jus à fama. Vamos falar de coisa boa? Poesia tem tradução de Sebastião Uchoa Leite e é reeditada pela Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
Nova edição de uma interpretação exemplar da obra do escritor argentino Julio Cortázar.
Nova edição de uma interpretação exemplar da obra do escritor argentino Julio Cortázar.
Enquanto deslinda as linhas mestras da ficção cortazariana, Arrigucci investiga questões colocadas pela melhor literatura contemporânea. Nova edição de uma das obras máximas do ensaísmo brasileiro. “É um livro maravilhoso.” Assim expressou-se Julio Cortázar sobre este volume, reconhecendo nele talvez a melhor análise de sua obra. Mais de dez anos depois da morte do grande escritor argentino, este Escorpião encalacrado continua mais vivo do que nunca. Nele se deslindam as linhas mestras da ficção cortazariana, estabelecendo suas filiações, revelando suas buscas e seus impasses, aprofundando seus significados mais amplos. Porém, mais do que interpretar com maestria a obra de um dos escritores mais importantes da segunda metade do século XX, este livro é fundamental para compreender o sentido e as questões colocadas pela melhor literatura contemporânea, aquela que, nas palavras do autor, faz o leitor passar “de mero consumidor passivo a consumidor ativo do texto”. A nova edição de O escorpião encalacrado sai pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
Este romance vencedor do Prêmio Oceanos fala da colonização, exílio, laços familiares e esperança.
Luanda, Angola, anos 1970. Fruto de um parto com complicações graves, Aquiles nasce com uma má-formação que irá determinar tanto seu destino quanto seu nome tão evocativo. A esperança de cura reside em uma cirurgia que somente pode ser realizada em Portugal — mas que precisa acontecer até ele completar quinze anos. Com o fatídico aniversário se aproximando, Aquiles e o pai, Cartola, partem para Lisboa crentes de que será uma viagem passageira e de que eles serão recebidos como verdadeiros cidadãos portugueses. Porém, sentem na pele o preconceito por serem imigrantes da ex-colônia enquanto o regresso a Angola torna-se cada vez mais distante. Neste romance que sucedeu o celebrado Esse cabelo, Djaimilia Pereira de Almeida — uma das vozes mais poderosas e originais da lusofonia — constrói com estilo e sensibilidade ímpares uma narrativa sobre a diáspora, as relações entre pais e filhos e a constante busca por afeto humano. Publicação da editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Todos os contos de Clarice Lispector. A editora Rocco publica uma nova edição revista e ampliada com as incursões da escritora pela narrativa curta. Os novos textos agora publicados são aqueles que saíram em coletâneas dispersas. Para estes Todos os contos, sai um prefácio também inédito de Evando Nascimento.
OBITUÁRIO
Leonardo Fróes nasceu em Itaperuna, em 17 de fevereiro de 1941. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1950, onde fez parte da sua formação e iniciou a vida profissional. Até os anos 1970, quando passou a morar em uma fazenda em Petropólis, passou pela América do Norte e Europa. No meio literário, Fróes atuou em diversas frentes, destacando-se na poesia, gênero em que estreia com Língua franca (1968). Escreveu ensaios, como Um outro. Varella, dedicado à obra de outro poeta, Fagundes Varella; crônicas, que foram publicadas com mais afinco entre os anos 1970 e 1980 em colunas semanais que assinava para o Jornal do Brasil e Jornal da Tarde — o conteúdo desse material versava sobre uma questão que fez de Leonardo Fróes um importante nome na defesa do meio-ambiente e uma parte foi compilada por Victor da Rosa em Natureza: a arte de plantar. Também na poesia, depois do primeiro título, vieram livros como Sibilitz (1981), Argumentos invisíveis (1995), agraciado com o Prêmio Jabuti no ano seguinte, Chinês com sono (2005) ou A pandemônia e outros poemas, que aparece na Poesia reunida (1968-2021). Traduziu do inglês, francês e alemão, obras de Shelley, Goethe, Ferlinghetti, Flanery O’Connor, Swift, Faulkner, Virginia Woolf, George Eliot e Malcolm Lowry; em 1998, recebeu o Prêmio de Tradução da Biblioteca Nacional, e dez anos depois o mesmo prêmio da Academia Brasileira de Letras.
DICAS DE LEITURA
1. O recurso do método, de Alejo Carpentier (Trad. André Aires, Pinard, 424p.) A ascensão e queda de um ditador e um marco na investigação do escritor acerca das derivas ideológicas ocidentais na América Latina e seus desrumos. Você pode comprar o livro aqui.
2. Paraíso, de Abdulrazak Gurnah (Trad. Caetano Galindo, Companhia das Letras, 320p.) A história do amadurecimento de Yusuf que foi entregue por seu pai a um comerciante como pagamento de uma dívida. Você pode comprar o livro aqui.
3. Tristorosa, de Eugen Weiss (Quelônio, 144p.) A história de um pianista de promissora carreira que decide abandonar os palcos para passar aos bastidores como afinador de piano e das suas aventuras sentimentais entre a Europa e São Paulo. Você pode comprar o livro aqui.
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Em 2017, foi disponibilizado online este minidocumentário Leonardo Fróes: um animal na montanha, produção de Alberto Pucheu, Gabriela Capper e Sergio Cohn. Filmado no sítio do poeta em Petrópolis, o filme conta com depoimentos e a leitura de poemas de sua lavra. Recordamos aqui.
BAÚ DE LETRAS
Sublinhando o destaque deste Boletim, três entradas em torno de/ e da obra de Andrei Platônov: um ensaio que revisita as linhas gerais da sua literatura; e duas resenhas ofertadas ao Letras por Marcelo Jungle — esta de Tchevengur e uma, ainda na superfície do baú, de O amor pela pátria e outras histórias.
DUAS PALAVRINHAS
DUAS PALAVRINHAS
O poeta não é um profissional, um poeta é um cara que quer ser santo ou herói.
— Leonardo Fróes
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