Boletim Letras 360º #260

Estas foram as notícias que publicamos durante a semana na página do Letras in.verso e re.verso no Facebook. Por aqui, a novidade é que, na última sexta-feira, estreou Luiz Mendes, que trouxe-nos também uma nova coluna, "Direito à literatura"; o título faz alusão à conferência de mesmo título proferida por Antonio Candido. As crônicas do nosso novo colunista quer conversar com os leitores mais vividos sobre a necessidade de formação de novos leitores.

Hilda Machado. Pela primeira vez um livro da poeta ganha edição. 


Segunda-feira, 26/02

>>> França: Uma edição que traz novos capítulos para Os miseráveis, de Victor Hugo

Trata-se do novo volume da prestigiada coleção Plêiade, da Editora Gallimard. Coordenada por Henri Scepi, a edição revela várias curiosidades sobre Victor Hugo e sua obra-prima: que hesitou por muito tempo até se decidir pelo título da saga, no início, entre Les misères ("As misérias" ou "As penúrias", em tradução livre) e Jean Tréjean, nome do herói da narrativa; à medida que a história se desenvolvia, Jean Tréjean mudou de identidade e transformou-se em Jean Vlajean até tomar, em março de 1861, o nome de Jean Valjean. A nova edição é enriquecida com o Atelier des Misérables, com prefácios e projetos de prefácio redigidos por ele, assim como diferentes manuscritos. O material permite apreciar a evolução da obra ao longo de sua escrita. Há páginas descartadas do manuscrito, além de cenas e capítulos que não permaneceram na edição que chegou às livrarias. A seção Images des Misérables, sob a direção de Dominique Moncond’huy, apresenta desenhos (incluindo os de Victor Hugo) inspirados no romance. Também traz o inventário completo de adaptações da obra para o cinema e o teatro.

>>> Brasil: Livro em que Margaret Atwood mergulha em A tempestade, de Shakespeare ganha tradução no país

O impulso dado pela redescoberta de seu livro O conto da aia depois do sucesso da série de mesmo título, tem rendido frutos positivos para a escritora e para os leitores. Seu livro mais recente, Hag-Seed, que falamos aqui quando do seu lançamento em 2016, será publicado no Brasil pela Morro Branco. Previsto para o segundo semestre, o livro faz parte do projeto Hogarth Shakespeare, em que renomados escritores foram convidados a reimaginar as principais histórias do autor e dar seu toque pessoal. Hag-Seed, que retrabalha A tempestade, fala sobre Felix, que vive um grande momento como diretor artístico do Festival de Teatro de Makeshiweg e se prepara para encenar a peça de Shakespeare, mas uma grande traição muda o rumo de sua história.

Terça-feira,27/02

>>> Brasil: Livro inédito de Hilda Machado

Quando, em 2017, o poeta Ricardo Domeneck anunciou que havia conseguido a publicação desta obra anunciamos por aqui. E agora sabemos que Nuvens, um pequeno volume editado pela Editora 34, reunindo os poemas que Hilda Machado, chegará às livrarias em breve. Pesquisadora e cineasta nascida no Rio de Janeiro em 1951 e falecida em 2007, Hilda foi professora na Universidade Federal Fluminense, com passagens por universidades estrangeiras, e diretora premiada em festivais de cinema nacionais. Paralelamente, desenvolveu um trabalho poético de dicção muito pessoal, entre o melancólico e o autoirônico, de teor fortemente visual e que parece assumir a montagem cinematográfica como procedimento poético por excelência. Em vida, publicou apenas dois poemas. Deixou, porém, além de manuscritos esparsos, este Nuvens, que ela mesma organizou e chegou a registrar na Biblioteca Nacional, claro sinal de que considerava publicá-lo um dia. É o que agora se realiza, graças à colaboração de Angela Machado, irmã da autora, e ao empenho do poeta Ricardo Domeneck, que assina o texto de apresentação do volume. Em texto para o Suplemento Pernambuco o poeta diz sobre os poemas de Nuvens: "trazem muitas referências ao cinema, arte à qual ela dedicou a maior parte de sua vida como criadora e pesquisadora. Hilda Machado estudou cinema em Cuba. Foi nesta área que deixou primeiramente sua marca. Os textos demonstram ainda uma preocupação clara com a posição da mulher na cultura e sociedade".

>>> Portugal: Outro Fernando Pessoa Digital

Depois de apresentar uma plataforma eletrônica para o Livro do desassossego, Portugal apresenta "Edição digital de Fernando Pessoa". O projeto nasceu de uma colaboração entre pesquisadores do projeto Estranhar Pessoa, sediado no Instituto de Estudos de Literatura e Tradição, na Universidade Nova de Lisboa, e do Cologne Center for eHumanities, da Universidade de Colônia. Trata-se de um portal que oferece um acesso privilegiado aos documentos que compõem a obra de Pessoa. Combina procedimentos da crítica genética e da edição social e é acompanhada pelo acesso às imagens dos originais. Numa primeira fase, o portal apresenta a edição das listas de projetos editoriais de Fernando Pessoa, elaboradas entre 1913 e 1935, assim como da poesia publicada pelo autor em vida, em periódicos, a partir de 1914. Esta edição permite entender a relação entre o caráter potencial da obra e o que dela foi efetivamente publicado. Índices dos documentos, publicações, obras e gêneros permitem traçar a sua cronologia. Disponível aqui. 

>>> Brasil: Adília Lopes e António Ramos Rosa no catálogo da Editora Moinhos

A partir de 2018 as livrarias brasileiras estarão mais ricas com dois quilates da poesia de língua Portuguesa: Adília Lopes e António Ramos Rosa. O primeiro livro de Adília será o primeiro livro lançado por ela, chamado Um jogo bastante perigoso; a primeira edição foi bancada pela própria autora, em 1985, e é um dos livros mais importante da sua carreira. Para o próximo ano devem sair O poeta de pondichéry e O decote da dama de espadas, dois outros títulos também que sempre são lembrados por quem conhece a obra da poeta. A intenção da editora é trazer toda a obra dela, livro a livro. No caso de António Ramos Rosa, se publicará, em 2018, Ciclo do cavalo, e ano que vem e Volante verde. Os dois poetas já tiveram livros publicados no Brasil. No caso da Adília, uma antologia pela extinta Cosac Naify, na coleção Ás de colete, que acontecia em parceria com a 7Letras; e de Rosa, a Escrituras chegou a publicar Animal olhar, mas há muito fora de catálogo.

Quarta-feira, 28/02

>>> Brasil: Caixa com as obras memorialísticas de Simone de Beauvoir

Anunciada pela Editora Nova Fronteira no início de 2017 este material chega às livrarias a partir da primeira semana de abril. Ícone do pensamento filosófico feminista e uma das principais representantes do movimento existencialista francês do século XX, Simone de Beauvoir completaria 110 anos em 2018. A caixa especial "Memórias" assinala essa ocasião. Reúne a trilogia autobiográfica da escritora e filósofa. No primeiro volume, Memórias de uma moça bem-comportada, Simone nos mostra sua infância religiosa numa família de classe média parisiense, a adolescência rebelde e a posterior devoção à literatura. Ela evoca vividamente suas amizades, seus interesses amorosos, seus mentores e o início da duradoura relação com o escritor e filósofo existencialista Jean-Paul Sartre. Já A força da idade compreende um período particularmente fecundo de sua trajetória, de 1929 a 1944, constituindo-se num relato dos anos decisivos na formação literária, filosófica e política da intelectual francesa. O terceiro volume, A força das coisas, inicia-se na Paris da Libertação, com a abordagem de acontecimentos políticos, relatos de viagens, pessoas e filmes que marcaram sua vida.

>>> Brasil: Um memorial para Tarsila do Amaral

A certidão de nascimento da artista, releituras de seus quadros mais famosos e fotos sobre as várias fases da vida da autora de O Abaporu fazem parte do acervo dedicado do um memorial recentemente inaugurado, em Capivari, interior de São Paulo — sua terra natal; Tarsila nasceu em 1886 num casarão da Fazenda São Bernardo, atualmente pertencente ao município de Rafard. A artista morou até os nove anos na fazenda que pertencia a Capivari, antes da emancipação de Rafard. Ela saiu de casa para estudar em São Paulo e, depois, na Europa. A galeria está instalada no prédio da antiga estação da Estrada de Ferro Sorocabana construído há 100 anos.

Quinta-feira, 01/03

>>> Brasil: Nas livrarias, 10:04, de Ben Lerner

Este é o segundo romance do autor do aclamado Estação Atocha. Sai pela Editora Rocco a tradução de Maira Parula. No livro, que possui boas doses de autoficção e metalinguagem, o narrador, Ben, vive numa Nova York turbulenta, ameaçada por terremotos, furacões e convulsões sociais. Neste cenário um tanto desolador, Ben é diagnosticado com uma síndrome cardíaca potencialmente fatal, ao mesmo tempo que recebe um gordo adiantamento por um livro que ainda não escreveu e uma proposta de conceber um filho com sua melhor amiga. Enquanto reflete sobre a iminente extinção da cidade, a angústia de uma paternidade não programada e os desafios de escrever em tempos tão instáveis, o narrador constrói um romance dentro do romance, em que vislumbra, com uma prosa poética, intimista e bem-humorada, os múltiplos futuros que podemos habitar e as conexões que ainda precisamos formar.

>>> Brasil: Um livro para amantes do livro

A capa de um livro – se não o define – é o primeiro contato visual do leitor com a obra. A capa do livro brasileiro é o tema sobre o qual o bibliófilo Ubiratan Machado se debruça nesta obra, percorrendo 130 anos de História, desde a primeira capa encontrada em suas pesquisas, que data de 1820. Até esse período, as encadernações eram feitas pelos próprios livreiros ou pelos leitores. O objetivo de proteger o miolo do livro, reproduzindo a folha de rosto em um papel mais resistente acabou tornando-se um capítulo à parte. Foram mais de quatro anos de pesquisas em acervo próprio e no acervo de amigos bibliófilos até que este livro ficasse pronto. São mais de 1700 capas coloridas reunidas em uma só obra. "As capas foram selecionadas segundo critérios estéticos, sobretudo nos capítulos dedicados a cada artista, mas também por sua importância na evolução histórica, em seu impacto no momento de publicação, representatividade de um momento das correntes estéticas (expressionismo, modernismo, art déco, art nouveau), pensamento brasileiro expresso pelo artista etc.", explica o autor. São mais de 600 páginas ilustradas com capas variadas, algumas anônimas, outras criadas por artistas plásticos importantes, como Di Cavalcanti, J. Carlos, Correia Dias, Belmonte e Santa Rosa. Também têm espaço na pesquisa assuntos como a produção de papel, as prensas e todo o aparato técnico necessário para recontar a história das capas. O livro sai pela Ateliê Editorial / Sesi-SP Editora.

>>> Brasil: A leitura das cinzas, de Jerzi Ficowski

Este é tido como um dos mais importantes livros de poesia sobre a Shoah escritos por um judeu. O livro foi inicialmente editado em Londres, em 1979, já que na Polônia comunista a publicação de suas obras foi proibida, pois o autor fazia parte da oposição ao regime. A obra foi escrita ao longo de anos após a Guerra enquanto Ficowski, testemunha do Extermínio, soldado da resistência antinazista e prisioneiro dos campos alemães, tentava encontrar um modo de expressão adequado ao tema. O volume veio a lume após 11 anos de silêncio forçado e logo foi reeditado clandestinamente na Polônia. Um dos poemas incluídos no livro, "Carta a Marc Chagall", publicado inicialmente em 1957, teve a honra de ser um dos dois textos de ficção (ao lado da Bíblia) que foram ilustrados pelo pintor destinatário daquela carta poética – fato que o poeta sempre considerou o maior prêmio artístico que poderia ter recebido em sua vida. A tradução é de Piotr Kilanowski e sai pela Editora Âyiné.

Sexta-feira, 02/03

>>> Portugal: Sai dois novos livros, um deles com inéditos, de Natália Correia

A editora Ponto de Fuga vai publicar neste mês de março Entre raiz e a utopia e Descobri que era europeia. Impressões duma viagem à América –, com introdução e notas de Ângela de Almeida. As edições assinalam os 25 anos da morte da autora açoriana. O primeiro reúne textos sobre António Sérgio, pensador, ensaísta e cooperativista português com o qual Correia teve uma relação de profunda cumplicidade. Estes são datados do período que vai de 1946 a 1958 e a grande maioria nunca tinha sido publicada antes. Já o segundo trata-se do registro de uma viagem que a escritora fez aos Estados Unidos em 1950. Apesar de o texto ter sido publicado um ano depois da visita, em 1951, a versão de agora traz as alterações feitas por Natália para uma segunda edição que nunca chegou a ser apresentada. Em 2015, cf. noticiamos aqui, esta casa já havia trazido um livro com inéditos de Natália Correia, Não percas a rosa com textos sobre o período do 25 de abril, acompanhados de fotografias da época e reproduções dos manuscritos originais.

>>> Brasil: O novo romance de Julian Barnes chega às livrarias em junho pela Editora Rocco

Em Uma história única, o escritor britânico, recluso desde a morte da mulher, tenta responder a questão: "Você acharia melhor amar mais e sofrer mais, ou amar menos e sofrer menos?". No livro, Paul, aos 19, não sabe que o primeiro amor tem consequências para a vida toda. À medida que amadurece, descobre que as demandas do amor se tornam infinitamente maiores.

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