Boletim Letras 360º #470

 

 
DO EDITOR
 
1. Caro leitor, nos próximos dias de março de 2022, o Letras alcançará a marca de 4 milhões de visitas. A alegria por esse número é tamanha que chegamos a prevê-lo erroneamente no nosso Twitter em meados de fevereiro. Mas, agora sim. 

2. Todo número é opaco porque não sabemos quem foi e que se fez por aqui o leitor nessas passagens. Mas, de qualquer forma, para um projeto conduzido com a garra da boa coragem e o amor a um objeto cada vez mais colocado à distância dos leitores neste país de rapinagem e inflação, 4 milhões de visitas tem um grandioso significado.
 
3. Bom, ao visitante que lê este Boletim, fica avisado sobre o próximo sorteio entre os apoiadores do blog. Uma ideia nascida de um de vocês e que tem ajudado a levantar os custos anuais deste projeto com domínio e hospedagem na web. Saiba tudo aqui, incluindo outras formas de ajudar. E não esqueça: na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e também ajuda a manter o Letras.  
 
4. Em nome do Letras, obrigado pelo convívio e pelo apoio! 

Adolfo Bioy Casares. Foto: Ulf Andersen


 
LANÇAMENTOS
 
O aguardado terceiro e último volume das obras completas de Adolfo Bioy Casares.
 
Um clássico da literatura latino-americana que reúne pela primeira vez os textos do autor escritos entre 1972 e 1999 Um dos grandes mestres da literatura mundial, Adolfo Bioy Casares (1914-1999) foi um escritor de extraordinária originalidade e sutileza, marcado pela fluidez de sua prosa e por uma serena perfeição que nunca deixa de exaltar o amor como paixão suprema. Este volume inclui seus textos escritos entre 1972 e 1999, e contém romances, contos e textos diversos do terço final da vida do grande escritor argentino. Neste livro, constam também as anotações de diários do período em que Bioy Casares esteve no Brasil, o registro de suas impressões e de seus encontros com personalidades como Alberto Moravia, Graham Greene e Cecília Meireles. Mesmo em um texto notadamente pessoal, há nesses diários um fio que perpassa a trama: a história de um amor perdido, que Bioy, como uma personagem criada por si mesmo, buscava encontrar no período em que esteve entre Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. O volume C se encerra com textos esparsos, prefácios, escritos de encomenda a periódicos e depoimentos a veículos diversos, em que discorre sobre o tango, seus livros prediletos e sua amizade com Jorge Luis Borges. O livro é publicado pela Biblioteca Azul/ Globo Livros. Você pode comprar o livro aqui.
 
Primeira antologia poética de Lezama Lima no Brasil.
 
Dupla noite reúne quarenta poemas, entre as mais de mil páginas da poesia completa do autor, numa seleta afetiva que traz para o leitor brasileiro alguns dos elementos mais recorrentes do repertório simbólico do poeta cubano, assim como poemas da admiração e da amizade, dedicados a pessoas de seu convívio íntimo, intelectual e literário. Surgido em 2017, esse projeto de tradução buscou desde o início manter vivo e visível o “sistema poético do mundo” lezamiano, sem eliminar, no trânsito entre o espanhol e o português, a inerente complexidade dessa poesia, com suas repetições e ambiguidades. Dos versos de juventude a inéditos em livro, estão aí contemplados cinquenta anos de criação em poemas representativos da densa trajetória de Lezama Lima, coligidos dos livros Inicio y escape, Enemigo Rumor, Aventuras sigilosas, La fijeza, Dador, Fragmentos a su imán, entre outros. A antologia também conta com um posfácio do cineasta e artista cubano Marcel Beltrán, além de um texto introdutório de Adriana Lisboa e Mariana Ianelli, que assinam a seleção e tradução dos poemas deste volume. O livro é publicado pelo selo Demônio Negro.
 
O novo livro no catálogo da Macondo. 

A primeira coisa que diz o narrador deste romance é uma pergunta: Quantas imagens são necessárias para contar esta história? Em uma procura de imagens para se lembrar e para se esquecer, conhecemos Eduardo, que, alguns anos depois de deixar sua cidade natal como quem planeja uma fuga, se prepara para voltar a Andradas, levando na mochila um envelope cheio de fotografias. Sismógrafo é a história desse retorno, assim como das memórias que ficaram marcadas, aquelas dos lugares por onde ele passa, e aquelas indeléveis da chapa fotográfica. Enquanto acompanha o narrador em um movimento de reencontro com seu passado, somos apresentados também à história de Eduardo, seu amadurecimento numa pequena cidade do interior brasileiro, a criação católica e as experimentações da sexualidade. A narrativa de formação tem seu ponto de virada quando o protagonista conhece Tomás, um ano à frente no colégio, e uma fotografia coloca essa relação em xeque. Entre o dilema de Eduardo de se entender pela imagem e, ao mesmo tempo, tentar ultrapassá-la, vemos a construção de um painel de personagens que se chocam e se cruzam em uma trama lírica que, antes de caminhar para uma reconciliação entre aqueles que partiram e os que ficaram, é sobretudo um elogio ao tremor. As linhas que o sismógrafo desenha neste livro não são as dos movimentos do solo, mas sim as dos corpos que vibram no ritmo incerto do desejo. Partindo de uma experiência íntima, Leonardo Piana propõe uma leitura cortante e delicada da culpa e da violência associadas aos corpos dos homens gays. Livro vencedor do Prêmio Cidade de Belo Horizonte, Sismógrafo é também sobre uma geração que, nascida nos anos 90, enfrenta os horrores da vida adulta ao mesmo tempo que se depara com uma renovação do mundo tecnológico, com sua profusão de imagens a borrar as fronteiras entre o público e o privado. E essas imagens para sempre marcadas sobrevivem às distorções da memória, criando um tipo de memória infinita — a qual, mais do que construir zonas confortáveis de lembranças, impede violentamente que alguma coisa seja esquecida. O livro é publicado pelas Edições Macondo.
 
Nova edição revista e ampliada de um dos livros mais completos sobre a literatura em ídiche.
 
O ídiche foi a língua franca falada pelos judeus da Europa do Leste e Central durante séculos até o genocídio perpetrado pelo Holocausto eliminar 90% de seus falantes. Àquela altura, o idioma já não era apenas usado em trocas do dia a dia, mas também ditava outras áreas da cultura, colaborando em uma enorme atividade literária e teatral, disseminada principalmente nas Américas (EEUU, Brasil, Argentina). Nessa diáspora, como em qualquer outra, em que a consciência coletiva do imigrante está sempre em vias de desagregação, como ressalta Kafka, o idioma e sua literatura adquirem a função de ser a voz de um povo, uma voz muitas vezes revolucionária. Em Aventuras de uma língua errante: ensaios de literatura e teatro ídiche, J. Guinsburg, um dos maiores estudiosos do ídiche entre nós, recupera essa rica tradição e nos apresenta a história arrebatadora da trajetória do ídiche, de sua formação na Idade Média até a vigorosa produção cultural e ideológica contemporâneas. Para tanto, visita as realizações singulares da literatura e do movimento teatral judaico e de sua arte da encenação, em suas múltiplas correntes, desde a disputa entre os iluministas da Haskalá e os religiosos do hassidismo no século XIX até a conflitante convivência entre comunistas e sionistas. Trata-se de um roteiro de viagem pessoal que resgata para o leitor brasileiro aspectos ainda pouco conhecidos de uma cultura a um só tempo ancestral e moderna. Publicada pela Perspectiva, a nova edição revista e ampliada inclui prefácio de Peter Pál Pélbart. Você pode comprar o livro aqui.
 
Uma visita às obras menos discutidas de Maquiavel.
 
Em Maquiavelianas: lições de política republicana, Sérgio Cardoso, professor livre-docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo, recupera a surpreendente atualidade das ideias de Nicolau Maquiavel (1469-1527). Estruturado em três partes, o volume se debruça inicialmente sobre as rupturas operadas pelo secretário florentino no entendimento da tradição política em seu tempo, numa chave de leitura em que a aspiração popular por liberdade constituiria o esteio das instituições republicanas. Num segundo momento, sem deixar de lado O príncipe, o autor concentra suas análises em duas obras menos estudadas de Maquiavel: os Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio e as Histórias florentinas, com seus entrelaçamentos entre história e política. Por fim, o volume é arrematado, na terceira parte, com um ensaio que relaciona Maquiavel e Montaigne, autores que inauguram a modernidade do pensamento republicano. O livro é publicado pela Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
 
O sentimento de culpa e a raiva; os laços biológicos e os escolhidos, a amizade, a paixão; o corpo, suas cicatrizes, os medos e a maternidade que os ensina e transmite.
 
Aixa de la Cruz tomou todos esses elementos que por hábito consideramos um componente dado, ou pelo menos já adquirido, das nossas histórias, e transformou-os em material para uma acusação ora intransigente, impiedosa, ora bem-humorada e docemente naïve; porém, sempre honesta, beirando a brutalidade. Pode-se permitir: este indócil memoir é o livro de uma escritora que quer se libertar, e libertar quem a lê, do domínio das paixões tristes, das escolhas nunca escolhidas e, portanto, apenas sofridas. Demonstrando, com uma voz irônica, pungente, arejada, que a autoficção pode até parecer “coisa de gente chata e presunçosa”; mas que, quando mais do que brincar com as fronteiras entre realidade e ficção a escrita se lança a exibir uma intimidade sem máscaras, a revelar que não existem identidades fixas nem estáveis e que nossos corpos, com todas as suas cicatrizes, são a única prova material de que temos algo parecido com uma história, ela se torna uma brincadeira muito séria. Uma brincadeira que também o leitor é chamado a participar, a responder a narrativa verdadeira de uma vida – aquela da autora, de origem basca, que no limiar dos seus trinta anos decide prestar contas com um passado breve mas já denso — com a sua própria história: um ato de libertação que transforma, e nos obriga a interpelar as palavras com a cabeça aberta e o coração preparado. Mudar de ideia é publicado pela editora Âyiné. Você pode comprar o livro aqui.
 
A Editora Moinhos amplia seu catálogo com a presença da literatura chinesa e publica três títulos do Oriente inéditos no Brasil.
 
1. Há muito considerado uma obra-prima do fantástico e do misterioso, Contos de fantasia chineses é uma coleção de contos sobrenaturais compilados de antigas histórias folclóricas chinesas por Pu Songling no século XVIII. Esses contos de fantasmas, magia e outras coisas bizarras e fantásticas são um verdadeiro clássico da literatura chinesa e dos contos sobrenaturais em geral. Esta primeira edição brasileira contou com organização de Yao Feng e tradutores e tradutoras que converteram a obra ao português brasileiro pela primeira vez. De preferência, pedimos ao leitor e à leitora que aproveite a leitura desses contos de arrepiar com as luzes apagadas em uma noite tranquila. Organizado por Yao Feng, o livro tem tradução de Ana Cardoso, Zhang Mengyao, Chen Qu, Xiong Xueying e Lou Zhichang.
 
2. A poesia de Bei Dao, um dos escritores mais influentes da China pós-Revolução Cultural, autor de vários livros de poesia, ensaios e contos. Seu trabalho foi traduzido para mais de trinta idiomas. É por isso e pela sua obra considerado o poeta chinês mais eminente da atualidade e uma voz incontornável e a mais representativa da poesia contemporânea chinesa. Com tradução de Yao Feng, Huang Lin, Manuela Carvalho e José Luis Peixoto a editora Moinhos publica uma antologia de seus poemas, intitulada Não acredito no eco dos trovões, com organização de Yao Feng.
 
3. O além da montanha, um novo livro do poeta chinês Yao Feng. Nascido em Pequim, em 1958, Feng é atualmente professor catedrático na Universidade de Macau, poeta, tradutor, artista e curador, tendo publicado, em chinês e em português, mais de vinte livros de poesia, crônica e ensaio. De acordo com Régis Bonvicinio “Yao Feng é um poeta original, atento à vida contemporânea”. Para Nuno Júdice, “lemos os poemas de Yao Feng com o fascínio do encontro com uma tradição poética em que a imagem cristaliza na palavra, e aí ganha a pulsação que reduz ao essencial o gesto e o verso, e também com a surpresa de uma modernidade que nos faz ver o nosso mundo numa outra perspectiva.” Já, para José Luís Peixoto, “A obra de Yao Feng parece colocar esta questão de um modo radical. A especificidade da sua origem e condição é extraordinariamente expressiva: Yao Feng nasceu na China e desenvolveu o domínio da língua portuguesa ao ponto de ser hoje um dos principais tradutores entre estes idiomas e, caso único entre os poetas chineses, produzir poesia diretamente em português.”
 
Um romance feito com os temas caros a Rachel Cusk, como maternidade, arte, relacionamentos amorosos e a vida profissional da mulher.

M, escritora de meia-idade e de pouca expressão, está em chamas. É o fogo, pelo menos, uma das imagens a que ela recorre para tentar explicar os acontecimentos que abalaram a vida pacata que leva ao lado do marido na propriedade em que moram, às margens de um pântano. Quem incendiou a rotina familiar foi L, um artista plástico que se hospeda na cabana em que o casal costuma receber artistas — a segunda casa. M está obcecada por L, e deposita nele expectativas diversas. A relação intrincada dos dois se desenvolve durante essa espécie de residência artística, compartilhada também por Brett, moça que L leva consigo, e pela família de M. Num relato retrospectivo e por vezes lacunar, M conta episódios da estadia de L no pântano, temperando a narrativa com reflexões e experiências do passado. Temas caros a Rachel Cusk, como maternidade, arte, relacionamentos amorosos e a vida profissional da mulher reaparecem em Segunda casa. No lugar da observação atenta de Faye, narradora da trilogia que garantiu a Cusk lugar de destaque na prosa contemporânea, vemos neste romance uma mulher se contorcendo com sua subjetividade, lançando faíscas de dúvida sobre si mesma. O livro tem tradução de Mariana Delfini e é publicado pela editora Todavia. Você pode comprar o livro aqui.
 
Um romance impressionante sobre os efeitos da pandemia e sobre uma família que, à beira do fim, permanece unida.
 
Internado com uma grave infecção de Covid-19, Ricardo Lísias fala do delírio e da dor, da angústia dos médicos e dos pacientes, e da possibilidade de nunca mais rever o filho, em uma narrativa impactante e emocional. “Um leve mal-estar. Estou com aquela variante que não faz nada”, diz o narrador neste romance, momentos antes de ser internado na unidade de tratamento intensivo para covid-19 de um hospital em São Paulo. Nos instantes seguintes, ele irá sofrer um colapso pulmonar que o levará ao delírio, à dor, e ao medo diante da morte. Em Uma dor perfeita, Ricardo Lísias narra o período em que esteve de fato internado, oscilando entre a consciência e o devaneio. Ele descreve a luta de médicos e enfermeiros, e a angústia pelos pacientes que não sobreviveram. Fala das dificuldades de recuperação e mostra como, mesmo depois do trauma, a doença deixa marcas profundas na relação com os outros. Mas o livro é, acima de tudo, a narrativa de um pai. Um pai que, em seu delírio, vê a esposa com os olhos “de pedra”, o filho com o rosto “embaçado”, e teme nunca mais encontrá-los. O livro é publicado pela editora Alfaguara. Você pode comprar o livro aqui.
 
Um romance redescoberto da autora que é uma das influências de Elena Ferrante e central da literatura italiana moderna.

Valeria Cossati queria apenas buscar cigarros para o marido na tabacaria, mas acaba comprando ilegalmente um caderno preto — um item que não poderia ser comercializado aos domingos —, e faz dele seu diário. Estamos na Roma dos anos 1950, e Valeria leva a vida entediante de uma mulher de classe média, dividindo-se entre os papéis de mãe, esposa e funcionária de escritório. Há anos ela não ouve o próprio nome — o marido só a chama de “mamãe” —, e sua relação com os filhos é marcada por conflitos geracionais. Porém, conforme alimenta aquelas páginas proibidas, Valeria começa a notar uma profunda transformação em si mesma — cujas consequências ela ainda não sabe prever. Alba de Céspedes foi uma das grandes autoras de língua italiana do século XX, com uma obra que se destaca pela profundidade das personagens femininas. Em Caderno proibido, a autora demonstra todo seu talento ao retratar a intimidade de uma mulher comum e as mudanças da sociedade italiana no pós-guerra. Com tradução de Joana Angélica d’Avila Melo, o livro é publicado pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Um romance sutil e delicado, que aborda a dor da separação e a passagem do tempo na planície — morada e metáfora, inclusive para o cultivo da própria escrita.

“Na cidade, perde-se a noção das horas, da passagem do tempo. No campo isso é impossível.” Esse é o começo da história de um homem que muda de endereço, da cidade para o campo, em busca de seu passado e de seu futuro. Após o fim da relação com o namorado, o protagonista e narrador sai à procura de isolamento num lugar onde o tempo é quase palpável e é possível cultivar a memória, viver o luto e se reestruturar para uma nova vida. Em Planícies, o espaço é a província, o interior da Argentina e suas paisagens, em contraponto à vida na metrópole. As reflexões desse personagem, também escritor, aproximam a elaboração das perdas, o luto e os processos da escrita dos cuidados com uma horta, sem deixar de recorrer à infância, à memória e ao amadurecimento. Prosa carregada de poesia e precisão, entre silêncios e aprendizagens, que aponta para a importância de contarmos nossas histórias. O livro do argentino Federico Falco é publicado pela editora Autêntica no selo Contemporânea com tradução de Sérgio Karam. Você pode comprar o livro aqui.
 
RAPIDINHAS 
 
Dois inéditos Cormac McCarthy ainda em 2022. Dezesseis anos depois do último romance, o escritor estadunidense regressa com The Passenger e Stella Maris. Os dois livros saem nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido entre outubro de novembro. A Alfaguara Brasil, casa que publica a obra de McCarthy, noticiou o acontecimento e prevê que esses inéditos logo chegarão também por aqui.
 
Um filme a partir de A cabeça do santo. Socorro Acioli, que publicará em breve um novo romance pela Companhia das Letras — Oração para desaparecer sai no segundo semestre de 2022 —, escreveu esta semana que o seu romance mais conhecido ganhará as telas da sétima arte.
 
Novos títulos na Coleção Acervo. A editora Carambaia reedita agora no formato popular os romances Enervadas, de Chrysanthème e Senhores do orvalho, de Jacques Roumain. Os dois livros saíram antes na seleção Edição Numerada.
 
Chamada para envio de originais. A editora Bandeirola recebe originais de escritoras (mulheres cis e pessoas trans) de ficção científica e mistério. A casa publicará uma novela, uma seleção de contos ou poemas. Isso até o dia 10 de abril de 2022. Saiba mais por aqui.
 
Brasileiro entre os finalistas do prêmio Man Booker. Publicado em língua inglesa como Phenotypes (trad. de Daniel Hahn, And Other Stories, 2022), o romance do escritor gaúcho Paulo Scott aparece entre os finalistas do Man Booker deste ano. Marrom e amarelo saiu em 2019 pela Alfaguara Brasil.
 
Inédito de Pier Paolo Pasolini. A Editora 34 noticiou que publicará em breve Petróleo. Trata-se de um romance no qual o multicriador italiano trabalhava no ano da sua morte. O livro póstumo ganhou edição em 1992 e é inédito no Brasil. Do mesmo escritor, a casa publicou em 2020, Escritos corsários, um conjunto de textos políticos também publicado em 1975, mas ainda organizada por Pasolini.
 
REEDIÇÕES
 
Nova edição do romance de estreia de Caio Fernando Abreu.

Escrito quando Caio Fernando tinha apenas dezenove anos e publicado pouco tempo depois, em 1971, Limite branco inaugura a trajetória de uma das vozes mais apaixonantes da nossa literatura. Ao longo da trama, acompanhamos as descobertas, os anseios e os temores de Maurício num período intenso e angustiante, quando a infância fica para trás e o caminho que leva à vida adulta não passa de uma incógnita. Para a escritora Natalia Borges Polesso, que assina o posfácio da presente edição, neste livro “há um limite branco, que uma pessoa cruza para amadurecer, no qual as emoções se borram e se sobrepõem e não se tem muito uma ideia de onde começa um sentimento e o outro termina.” O livro é reeditado pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
DICAS DE LEITURA
 
Na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a manter o Letras.
 
1. Morrer sozinho em Berlim, de Hans Fallada. Mas também Cada um morre por si. Iniciamos a semana com uma matéria de corte biobibliográfico sobre o escritor alemão. Até 2018 sua obra era totalmente desconhecida no Brasil. É curiosa a publicação em tempos muito próximos do seu romance mais longo e não o mais importante dos seus trabalhos. De toda maneira, é uma obra essencial para se conhecer algo do seu universo criativo. Publicado originalmente em 1947, o romance se desenvolve em forma de thriller a partir de uma história verídica de um casal de operários durante a resistência aos terríveis anos da ditadura nazista; isso a partir de quando Anna e Otto recebem a notícia da morte do filho na guerra. A narrativa testemunha a transição entre a postura apolítica do casal e a descoberta sobre as entranhas de um regime de horror. O primeiro título é o da Editora Estação Liberdade, com tradução de Claudia Abeling. Você pode comprar o livro aqui. Caso o leitor tenha interesse por edições diferenciadas, eis o segundo título, publicado pela editora Carambaia e com tradução e posfácio de Sonali Bertuol. Você pode comprar o livro aqui.
 
2. Poemas humanos, de César Vallejo. A obra do poeta peruano vez por outra reaparece entre nós. Nos anos oitenta, inclusive, chegou a circular uma edição com a sua poesia completa traduzida por outra figura importante da literatura latino-americana, o brasileiro Tiago de Mello, um livro que nunca mais alcançou uma nova tiragem. E, nos últimos anos, exceto por Tungstênio (Iluminuras), um livro de prosa, era escassa alguma obra sua entre nós. Dos seus poemas, principalmente. Em dezembro passado, saiu este livro que é descrito como um dos pontos altos da poesia de Vallejo. Com tradução de Fabrício Corsaletti e de Gustavo Pacheco, a publicação é da Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.
 
3. Os urubus sem penas, de Julio Ramón Ribeyro. Foi com esta obra que o escritor peruano fez sua estreia na literatura em 1955. Até agora inédito no Brasil, o livro publicado pela editora Moinhos com tradução de Silvia Massimini Felix reúne oito contos nos quais figuram personagens marginalizados e esquecidos. Além do texto que intitula a coletânea, o leitor encontra “Interior L”, “Mar afora”, “Enquanto a vela arde”, “Na delegacia”, “A teia de aranha”, “O primeiro passo” e “Reunião de credores”. Você pode comprar o livro aqui.
 
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
 
1. Neste 12 de março de 2022, celebramos o centenário de Jack Kerouac. Aproveitamos a efeméride para recuperar este vídeo com os escritores da Beat Generation, entre eles Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Lucien Carr, sua companheira Francesca e seus três filhos, Simon, Caleb e Ethan, e Mary Frank e seus filhos Pablo e Andrea. Gravado no bairro de East Village de Nova York, no verão de 1959, no Harmony Bar & Restaurant na E 9th Street e 3rd Avenue.
 
2. Além da prosa, Kerouac também escreveu poesia. Em julho de 2013, o blog da revista 7faces publicou dois textos nesse gênero, traduzidos por Cláudio Willer. O tradutor foi quem apresentou a obra poética do escritor estadunidense entre nós.
 
BAÚ DE LETRAS
 
1. Ainda entre as celebrações pelo centenário de Jack Kerouac, abrimos baú de Letras para levar o leitor a várias publicações por aqui sobre a obra e o escritor estadunidense:
 
a)  Jack Kerouac chegou por aqui sempre por via terceira, como na lista que fizemos em 2008 com dez livros marcados pela bebedeira ou o texto que publicamos de Pedro Fernandes sobre a experiência de ver a adaptação do principal romance do escritor adaptado para o cinema em 2012.
 
b) Um ano depois, passando por várias outras matérias em que o nome de Kerouac se apresenta, publicamos uma matéria acerca do então publicado Livro de haicais.
 
c) Em 2014, uma matéria sobre os desenhos dos mapas e dos itinerários da longa travessia dos Estados Unidos que deu origem a, entre outras coisas, On the road.
 
d) Mais tarde, Rafael Kafka escreve sobre o livro Anjos da desolação; nosso colunista voltará ainda outras vezes ao autor e à obra: em “Jack Kerouac, modernismos e o desvairismo beat”; e na resenha sobre Cidade pequena.
 
e) Outra matéria, foi esta sobre o primeiro amor de Jack Kerouac, a base de Maggie Cassidy, livro escrito em 1953, mas só publicado pela primeira vez seis anos mais tarde.

2. Enervadas, de Chrysanthème, aparece entre as obras citadas na pequena biblioteca modernista, uma lista que publicamos com alguns títulos marcados pelo fulgor da Semana de 1922. Descubra aqui quais outros títulos integram as recomendações.

3. Outro romance citado neste boletim, Senhores do orvalho, de Jacques Roumain, foi lido e comentado aqui no Letras em março de 2021; o livro também foi incluído entre as melhores leituras do ano, de acordo com o nosso editor. 

DUAS PALAVRINHAS

As únicas pessoas que me interessam são as que estão loucas: loucas por viver, loucas por falar, loucas por salvarem-se.

― Jack Kerouac

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