Boletim Letras 360º #280


Fechamos mais uma dezena de boletins e somamos quase três centenas de semanas desde quando passamos a organizar esta post fixa de sábado. E antes de passarmos às notícias que copiamos em nossa página no Fecebook, vamos lembrá-lo que nesta mesma rede se pode acessar a um conjunto de títulos que colocamos à venda; é o que carinhosamente chamamos de Sebinho do Letras.

Em 2019, Grande sertão: veredas em nova casa editorial. Mais detalhes ao longo deste Boletim.


Segunda-feira, 16/07

>>> Brasil: Caixa reúne a versão original de 77 contos dos Irmãos Grimm

Coletados há mais de duzentos anos, os contos e lendas dos irmãos Grimm vêm encantando geração após geração e chegaram aos dias de hoje incrivelmente populares. Eles já foram traduzidos para mais de 160 línguas e ganharam diversas versões ao longo dos anos, em livros ilustrados, desenhos animados, peças, filmes e histórias em quadrinhos. Muitos detalhes, porém, foram amenizados nessas adaptações. Com a tradução consagrada de Íside M. Bonini, esta antologia resgata a versão original das 77 melhores histórias, cuja seleção ficou a cargo da escritora Luciana Sandroni. Há contos famosos para se redescobrir — como "Branca de Neve", "Cinderela", "Rapunzel" e "A Bela Adormecida" — e outros menos conhecidos — como "Os quatro irmãos habilidosos", "As três folhas da serpente" e "O ouriço-do-mar" —, que tornam a obra dos Grimm uma das mais ricas heranças da literatura infantil. As clássicas ilustrações de Silvio Ramirez completam a edição, que é um verdadeiro presente para o leitor. A edição é da Editora Nova Fronteira.

>>> Estados Unidos: Encontrado roteiro inédito de Stanley Kubrick a partir de obra de Stefan Zweig

Nathan Abrams entrou no Facebook há uma semana. Como noutro dia qualquer, o professor leu as mensagens recém-chegadas e, logo, numa delas achou a chave para um tesouro. Como especialista na obra de Stanley Kubrick sabia que o cineasta tinha escrito um roteiro, em 1956, para adaptar ao cinema o romance Segredo ardente, do romancista austríaco Stefan Zweig. O que se sabia até então era que o projeto nunca saiu do papel e como outros trabalhos gorados este também teria desaparecido. Agora, seis décadas depois, o material, depois de um longo périplo nas buscas, é visto pelo pesquisador depois do contato com o filho de um antigo colaborador de Kubrick, quem tinha consigo o roteiro; havia encontrado entre os papéis do pai que na ocasião iria trabalhar no projeto e por isso deixou esquecido em seus arquivos. O roteiro está completo; soma mais de cem páginas, embora não aparente ser a versão final; "Kubrick mudava tudo constantemente, mas, sim, poderia filmá-lo", diz Abrams. Segredo ardente fala-nos do despertar do ciúme e do conhecimento do que é a atração amorosa num rapaz de 12 anos. Manipulado por um homem que quer fazer dele um meio de aproximação à mãe, vai sentir o entusiasmo da amizade, a desilusão e o ciúme no ambiente de uma estância de veraneio onde quase não conhece ninguém.Na versão de Kubrick — coescrita com o romancista Calder Willingham e datada de 24 de outubro de 1956 — a trama é levada para a Áustria da Primeira Guerra Mundial e os Estados Unidos dos anos cinquenta.

>>> Brasil: Edição para Drácula, de Bram Stoker reproduz capa original da obra

Foi em 1897 que veio a lume uma personagem que faria história na literatura universal. Mais de 120 anos após sua primeira publicação, o romance epistolar mobiliza leitores e estudiosos, confirmando o vigor perene de uma árvore cujas sólidas raízes respondem pela vitalidade de suas ramificações. Embora o famoso conde não tenha sido o primeiro vampiro literário, certamente é o mais popular e sua influência é detectável em inúmeros universos: teatro, cinema, HQ, séries e diversos elementos do universo pop. A DarkSide Books publica uma edição especial do clássico em duas versões; o destaque é para a que traz a icônica capa amarela da primeira publicação. As duas obras estão organizadas no mesmo formato: é uma nova tradução preparada por Marcia Heloisa com prefácio de Dacre Stoker, textos da tradutora e Carlos Primati, além de artigos de apoio que contam as relações entre a verdadeira Transilvânia e a aquela eternizada no livro, bem como a influência dos vampiros na cultura pop mundial. Integra o volume ainda o conto "O hóspede de Drácula", que fazia parte do texto de Stoker, mas foi retirado da primeira publicação e as ilustrações de Samuel Casal, premiado quadrinista e ilustrador brasileiro, que fez uma releitura apaixonante de personagens imortais.

>>> Brasil: A ​cabana do pai Tomás ganha nova tradução com aparato crítico

A obra é considerada o maior fenômeno literário do século XIX. Publicada em 1852 chegou aos nossos dias um pouco obscurecido, sendo mais comum encontrá-lo em versões adaptadas para o público infantojuvenil do que em seu texto original. No entanto, o romance da estadunidense Harriet Beecher Stowe, publicado inicialmente em forma serializada na imprensa, não economiza esforços em produzir emoções, mesmo para os leitores de hoje. Com a história do escravo Tom – ou Tomás, como se consagrou traduzir no Brasil ­– se entrelaçam episódios de ação, humor e sentimentalismo, além do mais importante, sérias discussões sobre a escravidão. Foi afinal como marco do abolicionismo que A cabana do pai Tomás ganhou fama e proeminência, a ponto de alguns historiadores o apontarem como um dos deflagradores da Guerra Civil nos Estados Unidos, pelo papel de libelo que exerceu. A edição da agora publicada pela Editora Carambaia traz, nos apêndices, um vasto material composto por artigos publicados na imprensa estrangeira e brasileira destacando a repercussão da obra. O dossiê foi organizado pelo historiador Danilo José Zioni Ferretti, professor da Universidade Federal de São João del Rei (MG), e é fruto de uma pesquisa desenvolvida em arquivos no Brasil, na França e em Portugal, como pós-doutorado na École des Hautes Études em Science Sociales, em Paris. O pesquisador também assina o posfácio da edição, na qual descreve o imenso impacto do romance. A nova tradução é de Bruno Gambarotto, doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), e projeto gráfico de Mateus Valadares, responsável também pelas ilustrações, baseadas em montagens de imagens produzidas para a primeira edição do romance e anúncios de jornais da época relacionados à procura e venda de escravos.

Terça-feira, 17/07

>>> Brasil: Dostoiévski: um escritor em seu tempo

Nesta edição condensada da biografia definitiva de Fiódor Dostoiévski, Joseph Frank usa a história cultural da Rússia como pano de fundo para reconstituir a vida e a obra de um dos grandes escritores do século XIX.A premiada biografia em cinco volumes de Dostoiévski escrita por Joseph Frank é amplamente reconhecida como o estudo definitivo sobre a vida do autor russo e um dos mais renomados livros do gênero. Nesta edição, a colossal pesquisa de 2500 páginas foi minuciosamente condensada em um único volume, que conta com prefácio inédito. Ao preservar a narrativa e o estilo do trabalho original e combinar gênero biográfico, história intelectual e crítica literária, a obra ilumina a criação literária do autor ao inseri-la em seu contexto pessoal, histórico e, acima de tudo, ideológico. Mais do que uma biografia no sentido usual do termo, este livro é uma história cultural da Rússia do século XIX, oferecendo tanto um retrato completo do mundo em que viveu Dostoiévski como uma grande interpretação de sua vida e obra. A tradução de Pedro Maia Soares sai pela Companhia das Letras.

>>> Brasil: Uma antologia reúne a poesia erótica de Maria Teresa Horta

A poesia erótica de Maria Teresa Horta é, a um só tempo, inteiramente desabrida e contida. Desabrida, porque indica, com clareza inequívoca, as inúmeras imagens dos encontros reais ou imaginados dos corpos, da fricção dos amantes em constante excitação prazerosa. Mas contida, pela palavra cuidadosa e jamais vulgar, mesmo quando explícita; pelo ritmo que mimetiza o vislumbre concreto da prática amorosa ao invés de sua mera representação alusiva; pelo verso preciso que recobra a tradição de imagens eróticas em nossa língua. Organizado por Raquel Menezes e Luis Maffei o livro Poemas Eróticos de Maria Teresa Horta é uma publicação da Editora Oficina Raquel.

>>> Brasil: Inédito no Brasil, A ilha de Sacalina, de Anton Tchékhov

Esta é a mais contundente denúncia do sistema prisional russo do século XIX. Um jovem médico empreende uma viagem até os confins da Rússia para documentar as terríveis condições de vida dos condenados a trabalhos forçados em uma ilha-presídio. Uma jornada extenuante e quase fatal que o fez regressar com um dos textos mais impressionantes da literatura de não ficção em todos os tempos. A denúncia de um lugar onde pessoas eram descartadas. O relato de um inferno – cercado de água, frio e desumanidade por todos os lados. A tradução de Rubens Figueiredo sai pela editora todavia.

Quarta-feira, 18/07

>>> Brasil: Sai por aqui uma antologia com poemas de Aglaja Veteranyi

Nascida no seio de uma família de artistas circenses, a escritora romena teve uma infância nômade, seguindo os pais em turnês através da Europa, América do Sul e África. Aprende a ler só aos 15 anos e numa nova língua, o alemão. Na Suíça, estuda arte dramática e a partir de 1982, dedica-se à literatura; só em 1999, sai seu primeiro romance, uma história fortemente autobiográfica, narrada por uma menina que se defende da degradação que a rodeia através da imaginação infantil. A escritora que morreu em 2002, aos 39 anos, afogando-se no lago de Zurique passa a integrar o catálogo da Relicário Edições que publica no Brasil, em 2019, uma edição com seus versos.

>>> Brasil: A edição mais completa de A origem das espécies, de Charles Darwin

Com 800 páginas, duas cores no miolo e mais de trinta aquarelas de plantas e animais ilustradas por Alex Cerveny, a edição da Ubu baseia-se na primeira edição, de 1859, de A origem das espécies por meio de seleção natural, ou A preservação das raças favorecidas na luta pela vida, de Charles Darwin. Além do texto integral, a edição traz dois capítulos acrescidos em edições subsequentes, bem como quatro textos complementares e um glossário de autores, tornando-se a mais completa já publicada no Brasil. Parte dos textos complementares são três resenhas sobre obra escritas pelo botânico Asa Gray, pelo biólogo Thomas Huxley e pelo também biólogo Richard Owen (1860). Alex Cerveny, o ilustrador, é um artista plástico paulistano que transita entre o desenho, a pintura, a gravura e a escultura e alguns de seus trabalhos mais recentes foram as ilustrações de duas edições de obras icônicas: Pinóquio e Decameron, da extinta Cosac Naify.

Quinta-feira, 19/07

>>> Brasil: A tradução de Três filhas da mãe, de Pierre Louÿs chega ao Brasil

Homem extremamente erudito, amante e tradutor do grego e de poesia antiga, amigo de Claude Debussy, André Gide e Oscar Wilde, que lhe dedicou Salomé, o poeta e romancista belga Pierre Louÿs (1870 -1925), ainda que possa ser associado à escola parnasiana, ficou de fato conhecido por ter deixado uma vasta obra de cunho erótico, em grande parte descoberta após a sua morte. Louÿs falava com conhecimento de causa sobre erotismo; além dos clássicos, era leitor insaciável de livros libertinos e um apaixonado por fotografias obscenas. Na sua obra erótica, a mulher é tema central, é a musa sedutora, intrigante e inteligente. Nela, se por um lado, a mulher é o instrumento do diabo e é quem introduz o pecado ao mundo, como afirmava São Paulo, por outro lado, é independente e livre para sentir prazer. Três filhas da mãe é um clássico que conta as aventuras sexuais de um jovem que se envolve simultaneamente com uma prostituta e suas filhas; nesse conturbado e apimentado relacionamento, Louÿs explora, entre outras facetas amorosas, o lesbianismo e o sexo interespécies. Ainda que alguns episódios, relatados pelas personagens femininas, se desenvolvam paralelamente à história principal, que se passa num quarto, tudo neles é sexo, não havendo quebra de tom na obra. Editado pela Iluminuras este livro dá continuidade a coleção à deriva...

>>> Brasil: Grande sertão: veredas será editado pela Companhia das Letras

O lançamento está previsto para fevereiro de 2019 e a edição contará com novo projeto gráfico e textos de apoio que sublinham a relevância desta obra para a literatura brasileira. No mesmo ritmo, a editora promete um áudio-livro, uma HQ e uma edição especial.

Sexta-feira, 20/07

>>> Brasil: Trabalho de reedição da obra de Rubem Braga pela Global Editora avança com Morro do isolamento

A obra traz vinte crônicas que conjugam lirismo, mordacidade e humor, marcas incontornáveis do estilo incomum de Rubem Braga. Porque ninguém escreveu como ele, e ele se mostra cada vez mais vivo nas páginas que nos legou. Aqui temos o cronista globe-trotter que trabalhou em diversas redações, de Recife a Porto Alegre, de São Paulo a Santos, e no Rio de Janeiro, seu porto seguro, onde residiu a maior parte de sua vida. Publicado pela primeira vez em 1944, Morro do Isolamento é outro livro paradigmático do cronista que apesar de muito moço nessa época, já possuía a marca do gênio alimentado por largos horizontes terrestres. Um lírico que não dispensou o dedo na cara de quem faz pouco ou nada pelo bem dos abandonados da vida. É Rubem Braga em sua potência máxima, contundente como na extraordinária dedicatória inicial, ou em qualquer um destes seus vinte recados em forma de crônica.

>>> Brasil: Desenhos inéditos de Hilda Hilst ganham exposição

Acontecerá durante a Flip - Festa Literária Internacional de Paraty, que em 2018 homenageia a escritora. Os trabalhos, parte essencial do processo criativo da autora, farão parte de uma série de três instalações em vídeo na programação da Casa Hilda Hilst, apresentada pela Hysteria, núcleo de produção de conteúdo feito por mulheres da Conspiração Filmes, em parceria com o Instituto Hilda Hilst e a Companhia das Letras. É a primeira vez, em 16 anos da festa literária, que o autor homenageado terá uma casa exclusiva. O espaço, que funcionará de quarta a domingo, no centro histórico de Paraty. Além das ilustrações, a exposição apresentada pela Hysteria traz depoimentos de pessoas que conviveram com a escritora e uma performance da atriz Tainá Muller, que interpretará Hilda no cinema. Aqui alguns dos desenhos da mostra.

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