A Preá sai da toca, mais uma vez

             
A poesia potiguar e seus personagens são os nortes para onde aponta a bússola da nova edição da revista cultural Preá, que volta a circular no Rio Grande do Norte após entressafra editorial da Fundação José Augusto. Com nova linha editorial, onde um tema é eleito para ser abordado sob vários prismas, a edição número 23 da Preá ‘sai da toca’ nesta terça-feira, às 19h, na Pinacoteca do Estado, centro de Natal. Durante o lançamento da revista, também haverá abertura da exposição fotográfica “Em cada esquina um poeta”, de Giovanni Sérgio e Giovanna Hackradt, e divulgação do edital para o Salão Nordeste de Arte Popular “Chico Santeiro”.

Este é o primeiro número assinado pelo jornalista Mário Ivo Cavalcanti, que aponta algumas mudanças “radicais” para esta nova fase: “Os projetos gráfico e editorial são as principais mudanças. Além de um visual mais moderno, teremos edições temáticas. Neste primeiro momento, por questões de recursos, não teremos reportagens em municípios do interior do Estado”, adianta o editor. “Outro ponto que deve ser enfatizado é o maior espaço destinado à fotografia, pois nossa intenção é estimular os leitores a encarar a foto como obra de arte”, disse. Além da distribuição descentralizada dos mil exemplares impressos, a Preá também estará disponível na internet (ainda sem endereço virtual definido).

Algumas sessões já vistas em edições anteriores permanecem, como as entrevistas: “Conversamos com Diva Cunha e Ada Lima, duas gerações de poetisas, e nosso papel foi mais de facilitador do papo que propriamente entrevistadores”, informa Ivo. O novo editor também aposta no clima de ‘dar margem para as coisas fluírem’ naturalmente, postura que rendeu liberdade aos fotógrafos Giovanni Sérgio e Giovanna Hackradt na concepção do ensaio “Em cada esquina um poeta”. “Elegemos apenas o mote do ensaio, sem elencar nomes ou critérios. Ou seja, os poetas clicados não são os mais importantes nem os melhores”, avisa.

Para 2011, a Preá terá periodicidade quadrimestral, mas, segundo os planos do editor, em 2012 a pretensão é ser trimestral. “Será ótimo se pudermos lançar um novo número a cada dois meses, mas vamos trabalhar primeiro para ela ser trimestral”, planeja.

O ensaio fotográfico publicado na revista ficará em cartaz durante todo o mês de maio na Pinacoteca do Estado, e o ponto de partida foram os versos “Rio Grande do Norte capital Natal: em cada esquina um poeta, em cada rua um jornal”. Essa quadrinha, publicada no início dos anos 1900, ironizava a quantidade de poetas e jornais que circulavam na pequena província. “A partir desse tema, elencamos poetas de várias fases, de vários estilos, e alargamos o conceito de esquina”, explicou Giovanni Sérgio. “Há uma certa irmandade entre as letras e as imagens”, garante o fotógrafo, também movido pela intenção de mostrar os poetas que a cidade insiste em esconder. “Poucos conhecem o trabalho de Jarbas Martins, autor de um dos poemas mais intensos sobre o Rio Potengi que tenho conhecimento”, aposta.

Ora juntos, a “quatro olhos”, ora independentes, a dupla de fotógrafos (pai e filha) clicou nomes como Deífilo Gurgel, Carlos Gurgel, Volonté, Paulo de Tarso, Sanderson Negreiros, Civone Medeiros, Ada Lima, Diva Cunha, Marize Castro, entre outros.

* Via caderno Viver do jornal Tribuna do Norte.


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