Boletim Letras 360º #299


As novidades, a partir de agora começam rarear. Sopram os ventos do final de ano e do necessário descanso para reaquecer as energias para um novo itinerário. As atividades diárias deste blog devem ir até o dia 21 de dezembro. Depois disso, as postagens serão casuais até o retorno em janeiro. Estes boletins fazem parte da casualidade: longos ou breves, as novidades que estiverem ao nosso alcance e forem de interesse do nosso círculo, estarão aqui aos sábados, cedo ou tarde. Boa leitura! Fique conosco. 

Nos 130 anos da primeira edição de Os Maias, uma grande exposição em Portugal recorda a obra-prima e o seu autor. Mais detalhes ao longo deste Boletim.


Segunda-feira, 26/11

>>> Brasil: Um novo romance do cubano Leonardo Padura

O passado remoto e o presente imediato se entrelaçam em A transparência do tempo; aqui acompanhamos o já conhecido detetive Mario Conde em seu oitavo caso, o desaparecimento de uma estátua de uma virgem negra. Às vésperas de completar sessenta anos, cético em relação a seu país, Mario Conde assiste ao encolhimento da oferta de livros usados, cuja revenda vinha sendo seu ganha-pão dos últimos tempos. É então que um ex-colega de escola o procura e lhe oferece trabalho: recuperar a estátua de uma virgem negra que lhe fora roubada. Com o desenrolar das buscas, Conde vai percebendo que a peça é muito mais valiosa do que imaginava, tendo suas origens nos Pireneus catalães, de onde fora trazida por um jovem em fuga da guerra civil. Paralelamente, em capítulos intercalados, o autor retraça a história desse jovem e as lendas que envolvem a escultura, tendo como pano de fundo a zona rural da Catalunha, desde a Idade Média até os dias de hoje. Ao buscar a imagem da santa negra pelas ruas de Havana, Conde vaga entre dois polos de um mesmo país: o submundo dos cortiços, do tráfico de drogas e da vida precarizada e o rico ambiente dos colecionadores e galeristas envolvidos em contrabando e venda ilegal de obras de arte. Permeando esses dois mundos, o catolicismo e a santería, sincretizados, e o passar infindável do tempo. A tradução de Mônica Stahel sai pela Boitempo.

>>> Brasil: A peça de Joël Pommerat, Chapeuzinho vermelho já está disponível

Joël Pommerat é um dos grandes dramaturgos franceses contemporâneos. Ele se autodenomina "escritor de entretenimento", porque sempre está a encenar suas próprias peças. Criador de peças como Pinóquio, Cinderela e Chapeuzinho Vermelho, o dramaturgo conquistou vários prêmios importantes. O primeiro livro dele no Brasil, Chapeuzinho vermelho, com tradução de Giovana Soar, sai pela Editora Moinhos. Na história de Pommerat, há uma garota muito solitária, que tem a permissão de sua mãe para atravessar a floresta para poder visitar sua avó. No caminho, ela encontra um lobo manipulador e com fome... O autor, Joël Pommerat, revisita esta história conhecida mundialmente com talento e diversão, em uma versão onde a brava heroína está determinada a enfrentar o lobo.

Terça-feira, 27/11

>>> Brasil: Livro de C. L. Moore ganha edição por aqui

A escritora estadunidense de ficção científica e fantasia, foi uma das primeiras mulheres a escrever esse gênero literário, e abriu caminho para outras autoras de gêneros fantásticos. Sai, agora, pela Arte e Letra, com tradução de Ana Cristina Rodrigues, O beijo do deus sombrio. Nobre e governante da região de Joiry, em um cenário que aparentemente é a França Medieval, a jovem Jirel vê, apesar de seus esforços, seu domínio ser invadido. Presa, depara-se com a possibilidade de ser igualmente tomada à força pelo invasor, o odioso Guillaume. Movida pelo ódio, está longe dos estereótipos e dos padrões que o gênero costuma destinar às mulheres: não é uma virgem inocente, não espera e nem quer ajuda dos homens ao seu redor – a única concessão a isso, na história de apresentação, é o pedido ao padre para que ouça sua confissão.

Quarta-feira, 28/11

>>> Estados Unidos: Edição reúne textos desconhecidos de Anne Sexton

Obras esquecidas, do início da carreira da poeta, ganham edição seis décadas depois. São quatro poemas e um ensaio escritos no final de 1950. Os textos foram publicados pela primeira vez no Christina Science Monitor entre julho de 1958 e julho de 1959, onde Zachary Turpin, professor assistente de literatura estadunidense na Universidade de Idaho, os descobriu enquanto pesquisava o arquivo digital de Anne Sexton. O professor que já havia descoberto escritos perdidos de Walt Whitman diz ao The Guardian, que estes são textos de interesse de qualquer um que estude, leia ou ame o trabalho de Sexton, neles está o começo da sua escrita. Os poemas e o ensaio são reimpressos agora pela Fugue, uma revista literária da Universidade de Idaho. Anne Sexton é uma das poetas mais aclamadas dos Estados Unidos; começou a escrever depois de ter sido internada num hospital psiquiátrico após um colapso nervoso. A poeta se matou aos 45 anos em 1974 e deixou livros como To Bedlam and Part Way Back (o título de estreia, 1960) e Live or Die (em 1976, com o qual recebeu o Prêmio Pulitzer).

Quinta-feira, 29/11

>>> Brasil: W. H. Auden sobre William Shakespeare

A Editora Âyiné anunciou que prepara para o primeiro semestre de 2019 a publicação de Lectures on Shakespeare, do poeta W. H. Auden. Segundo Pedro Sette-Câmara, quem traduz o livro, em cada capítulo, o poeta estadunidense "entrelaça um comentário existencial aos dramas da peça com um comentário à técnica de Shakespeare".

Sexta-feira, 30/11

>>> Portugal: A partir da obra uma visita ao filho mais ilustre. Em Portugal uma exposição assinala Eça de Queirós

O ano de 1881 tinha apenas começado e, de Bristol, Inglaterra, José Maria d’Eça de Queirós escrevia ao seu amigo Ramalho Ortigão contando que tinha "o romance praticamente pronto". Decidira fazer "não só um 'romance', mas um romance em que pusesse tudo o que tenho no saco". O romance – essa "vaste machine" "com proporções enfadonhamente monumentais de pintura a fresco, toda trabalhada em tons pardos, pomposa e vã” – que em 1881 estava praticamente pronto, só veria a luz do dia em 1888, sob o nome de Os Maias. Episódios da Vida Romântica. A crítica foi feroz, mas a eventuais ofensas Eça respondeu sempre com humor. Nas bancas, os cinco mil exemplares publicados também não deslumbraram. Só no século XX foram Os Maias reconhecidos como a obra-prima de Eça e como um clássico da literatura em língua portuguesa. Cento e trinta anos depois da sua publicação, a Fundação Gulbenkian abre a porta para que se possa ver tudo o que Eça trazia no saco. O romance é o eixo central da mostra, mas à sua volta, hão de gravitar outras obras do autor: as crônicas, romances, contos e muitas cartas, fotografias, pinturas, caricaturas, escultura, gravura, música da época e excertos de filmes, bem como objetos do seu espólio pessoal guardados na Casa de Tormes (propriedade da Fundação Eça de Queiroz) e nunca antes mostrados em Lisboa, como é o caso da secretária pessoal onde Eça escrevia, de pé, e a cabaia chinesa que lhe foi oferecida pelo Conde de Arnoso. Poderá ver muitas outras peças que remetem para a geografia física e ficcional daquele que falava de si dizendo ser "apenas um pobre homem da Póvoa de Varzim".


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