Jon Fosse em dois formatos: na
edição comum e numa edição exclusiva e limitada reunindo materiais extras.
Em
Manhã e noite, Jon
Fosse conduz o leitor em uma jornada profunda e silenciosa através dos
limiares da existência; um convite para habitar os espaços mais sutis da
experiência humana. O protagonista, Johannes, um personagem que carrega em si
a complexidade humana em sua forma mais pura e vulnerável, habita justamente
esses lugares tão marcantes na obra do escritor norueguês. Organizado em duas
partes, o romance nos leva de maneira surpreendente aos dois extremos da vida
do pescador Johannes em um mosaico de cenas, intercalando saltos temporais com
reminiscências, introduzindo personagens que morrem e não morrem. Tempo e espaço
são difusos: passado, presente e futuro se misturam, e os cenários nem sempre
são o que parecem ser. É assim que a genialidade de Fosse deixa sua marca:
narrando de forma infinitamente bela o fascínio das certezas e incertezas da
vida, dando “voz ao indizível”, como pontuou o comitê sueco ao conceder ao
autor o prêmio Nobel de literatura em 2023. Publicado em 2000, o romance
Manhã
e noite foi adaptado para libreto quinze anos depois pelo próprio Fosse
para a ópera homônima (
Morgen und Abend, em alemão, língua em que é
cantada), do compositor austríaco Georg Friedrich Haas, que estreou em
Londres, na Royal Opera House, em novembro de 2015. Esta edição é a primeira
no mundo a apresentar as duas versões da obra. Como adaptação do romance
original, “o libreto adquire uma lógica própria, torna-se uma peça
literária em si”, escreve Jon Fosse. Sob o mesmo título, mas pertencendo a
gêneros diferentes, “o romance
Manhã e noite e o libreto
Manhã e
noite são duas obras distintas, ao mesmo tempo independentes e dependentes
uma da outra”, completa o autor norueguês. Tradução de Leonardo Pinto da
Silva. A edição especial, que tem tiragem limitada, reúne numa caixa o livro
mais um encarte reunindo entrevistas com Jon Fosse e Georg Friedrich Haas,
texto crítico de Ligiana Costa (dramaturgista, cantora, compositora e musicóloga
especialista em ópera) e ilustração encomendada ao artista Fernando Velázquez.
Você
pode comprar o livro aqui. A edição especial é vendida exclusivamente no
site da editora.
Nova tradução brasileira do primeiro
livro Banana Yoshimoto. Em 1998, a escritora se aventurou na publicação de Kitchen
e, desde então, é tida como uma das vozes mais originais e representativas
da literatura japonesa no mundo todo.
Kitchen é composto por duas
histórias interligadas: “Kitchen”, a principal, dividida por sua vez em duas
partes; e “Moonlight Shadow”, uma narrativa mais curta. A protagonista de
“Kitchen”, Mikage Sakurai, é uma jovem que encontra conforto na cozinha após a
morte de sua avó, sua última parente viva. A cozinha, para ela, torna-se um
espaço de refúgio e luto, simbolizando a continuidade da vida por meio do
preparo de alimentos. Ao conhecer Yuichi e sua mãe transgênero, Eriko, Mikage é
acolhida por essa família não convencional, que lhe oferece um novo sentido de
pertencimento. Em Moonlight Shadow, Yoshimoto aborda o luto de forma ainda mais
poética, acompanhando a jornada de Satsuki, uma jovem que perdeu o namorado em
um acidente. A narrativa é permeada por elementos sobrenaturais e metafóricos,
como a aparição de uma mulher misteriosa que oferece a Satsuki a chance de se
despedir do seu amado. Essa história reforça os temas centrais do livro como um
todo e também da poética geral de Yoshimoto: a aceitação da perda e a
capacidade de seguir em frente, mesmo quando o mundo parece desmoronar. Para a
capa desta edição de
Kitchen, a Editora Estação Liberdade selecionou
duas imagens da fotógrafa Tokuko Ushioda ― conhecida por transformar cenas
domésticas e objetos cotidianos em composições delicadas e repletas de
significado ―, retiradas da série ICE BOX, com o propósito de associar o
trabalho dessas duas grandes protagonistas das artes no Japão. Ambas exploram,
mesmo que de maneira distintas, a intimidade, a sensação de transitoriedade e a
busca por conforto e conexão. Ushioda traz ainda mais sensibilidade e
profundidade para o romance de Yoshimoto. A tradução é de Lica Hashimoto e
Fabio Saldanha.
Você pode comprar o livro aqui.
Alexandra Lucas Coelho em Gaza.
Em 7 de outubro de 2023, ao saber
do ataque do Hamas ao Sul de Israel, Alexandra Lucas Coelho comprou uma
passagem para a região do Oriente Médio, que acompanha de perto há mais de 20
anos. Os voos estavam sendo cancelados e a sua viagem acabou em uma escala. Mas
começava ali uma série de textos que produziria, primeiramente à distância e,
depois, em Israel e Palestina, quando foi possível viajar.
Gaza está em toda
parte é, assim, a crônica de uma aniquilação em tempo real e da derrocada
humana que a acompanha. A autora portuguesa volta à Cisjordânia, Jerusalém
Oriental e Israel, resgata o relato da sua última ida a Gaza (onde desde 7 de
outubro os repórteres internacionais não puderam mais entrar) e une aos textos
um conjunto de suas fotografias que documentam a vida de um povo que vem sendo
exterminado diante da apatia global. O livro é publicado pela editora Bazar do
Tempo.
Você pode comprar o livro aqui.
Chega aos leitores brasileiros o
primeiro livro de Ottessa Moshfegh, autora que ganhou reconhecimento por aqui
com Meu nome era Eileen
e Meu ano de descanso e relaxamento.
“É verdade que a minha memória por
muito tempo sofreu devido ao meu amor pela bebida. Mais de uma vez acordei ao
lado de Johnson sem qualquer lembrança de mim ou dele e do que tinha me levado
até ali, até qualquer lugar, na verdade de como eu sequer viera a nascer.” Coberto
de sangue e ainda grogue de álcool, McGlue acorda em alto-mar, amarrado, no
porão do navio onde trabalha como ajudante de convés. Acusado por toda a
tripulação de matar Johnson, seu amigo, protetor e colega de trabalho, o
marinheiro, alcoólatra e sofrendo de uma concussão cerebral, não é capaz de
lembrar o que se passou. No entanto, à medida que o navio cruza os mares e
McGlue luta contra a sobriedade, a lembrança da amizade com Johnson e da vida
de abuso de álcool, violência e depravação vai gradativamente rompendo a névoa
da memória. Cego, além do desejo por bebida, o marinheiro se debate entre a
abstinência e as tentativas de seduzir o encarregado de alimentá-lo em troca de
rum, uísque, cerveja ou qualquer outro tipo de álcool. Viajando de porto em
porto rumo a Salem, Massachusetts, onde aguardará o julgamento em uma cela
fria, McGlue tem lampejos de lembranças dolorosas de uma vida de miséria e
solidão, na qual Johnson era a única certeza de apoio e camaradagem. Mas onde
estaria Johnson? Passada em meados do século XIX, a novela se debruça sobre
personagens desajustados da Nova Inglaterra daquele período, pessoas em busca
de alguma forma de amor e liberdade, que se sentem estigmatizadas em uma
sociedade conservadora. Obscuro e atormentado, o primeiro livro de Ottessa
Moshfegh se vale de uma prosa econômica e ritmada, que une a urgência da ficção
curta à grandiosidade dos épicos situados no mar. Com tradução de Fernanda
Abreu,
Ressaca sai pela editora Todavia.
Você pode comprar o livro aqui.
Fabrício Corsaletti, o cronista.
“Escrever é parecido com andar”,
crava Fabrício Corsaletti na nota de abertura deste livro. E para acompanhá-lo
não é preciso ter sapatos especiais: basta abrir os ouvidos e se deixar levar
pelo ritmo.
Um milhão de ruas reúne cerca de 190 textos escritos entre
2010 e 2025, vários deles inéditos. Se a maioria é composta por crônicas no
sentido corrente do termo, uma boa parte escapa às definições e se aproxima do
conto, do poema, da prosa poética afiada como uma lasca ou, ainda, da pura
notação lírica e, no limite, do aforismo. Essa multiplicidade de registros
corresponde a uma multiplicidade de formas de apreender e experimentar o mundo,
que aqui comparece com todo o seu fascínio. Há lances geniais, como o encontro
com as três bandeirianas mulheres do sabonete Araxá, percepções agudas da
tragédia brasileira despertadas por uma rua cheia de sapos, saltos mortais de
alegria e/ ou desespero e uma agulha imantada que aponta dia e noite para a
aventura e o desconhecido. Em dezenas de textos notáveis, a matéria do
cotidiano se abre para outras dimensões e revela o andamento espantoso da vida
contemporânea. Tudo isso graças a um olhar lírico-cinematográfico e a uma
escrita que incorporou a inteligência e a leveza de mestres da crônica como
Rubem Braga, dos compositores da MPB, reverenciados nestas páginas, e bebe na
boa literatura de todos os quadrantes. Diante deste livro fabuloso, o melhor é
não ter pressa e percorrê-lo rua a rua, sabendo que a poesia arma seu bote a cada
esquina. Publicação da Editora 34.
Você pode comprar o livro aqui.
Publicado originalmente em 1972
e inédito no Brasil, eis o romance mais relevante da obra de Ishmael Reed.
Mencionado em
O arco-íris da
gravidade, de Thomas Pynchon,
Mumbo Jumbo também aparece na lista
das obras mais importantes do cânone ocidental feita por Harold Bloom, um dos
mais importantes críticos literários em língua inglesa. Neste romance
radical, uma espécie de thriller afro-surrealista que mistura gêneros
textuais em uma narrativa incrivelmente inventiva e provocadora, fatos
históricos e ficção se combinam de maneira singular. Estamos nas décadas de
1920 e 1930, nos Estados Unidos, em meio à Era do Jazz, à proibição do
álcool, às guerras de gângsteres de Nova York, ao crash da Bolsa de Valores,
à ocupação militar dos eua no Haiti (1915-1934) — e ao surto de uma
“epidemia dançante” chamada Jes Grew. No centro da trama está PaPa LaBas
(figura baseada em Exu, Legba, Elegbara), um “detetive Neo-Hudu” que se
encarrega de investigar a ameaça. Jes Grew, no entanto, cujos efeitos lembram
os vários episódios de coreomania (também conhecida como “praga dançante”)
registrados na história, é, na verdade, uma “antipraga” popular de raiz
africana, uma ameaça às estruturas rígidas e opressoras de uma civilização
ocidental monoteísta, racista e misógina. Com sua narrativa singular, Reed
reconstrói a História em chave satírica e crítica, desde o Egito Antigo
até os Estados Unidos dos anos 1970, confrontando a tradição
filosófico-literária do Ocidente ao dar voz às figuras esquecidas da arte
negra mundial e às práticas religiosas de matriz africana, como o vodu
haitiano, a religião iorubá e o candomblé. Obra extremamente original,
Mumbo
Jumbo é “um esforço evidente de descolonização simbólica do
imaginário”, como escreve Vinícius Portella no posfácio; um livro que
extrapola convenções cansadas, derruba os alicerces de uma tradição
construída em séculos de escravidão, exploração e apagamento de diversas
expressões artísticas não-brancas; uma obra que vira do avesso qualquer
noção do que é um romance. O livro sai pela editora Zain; tradução de João
Vitor Schmidt.
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Este livro é um encontro de
almas e palavras, uma celebração poética que atravessa o continente americano,
unindo Gabriela Mistral, poetisa chilena laureada com o Nobel, e Henriqueta
Lisboa, uma das vozes mais expressivas da poesia brasileira.
Com uma poesia que abraça temas
universais como a identidade, natureza e maternidade, Mistral transcende as
barreiras da linguagem, tocando a alma humana com ternura e profundidade. Henriqueta
Lisboa transforma o ofício da tradução em um diálogo íntimo entre duas poetas
que, separadas pela distância, encontram-se no comum amor pela palavra.
Henriqueta captura a essência da poesia de Mistral, traduzindo não só o texto,
mas também o espírito, o ritmo e a emoção que permeiam sua obra. Como revelado
no prefácio da poeta Mariana Ianellli, a interação entre as duas poetas se
estende além do papel, manifestando-se em uma troca de correspondências
repletas de admiração e compreensão espiritual, num intercâmbio que revela uma
afinidade que vai além do literário. O livro, portanto, é uma celebração da
irmandade poética, um convite para testemunhar o encontro de duas mestras da
palavra, e uma oportunidade para os leitores brasileiros se aproximarem da
poesia universal de Gabriela Mistral, agora sob o novo prisma da tradução de
Henriqueta Lisboa. As ilustrações da chilena Paloma Valdivia enriquecem a obra
com uma dimensão visual que captura a essência lírica dos poemas e amplia o
universo poético de Mistral e Lisboa.
Canções escolhidas e traduzidas por
Henriqueta Lisboa sai pela editora Peirópolis.
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A estreia brasileira de Luciana
de Luca.
Uma pequena comunidade argentina é
abalada por uma série inusitada de eventos. Uma infestação de moscas, seguida
pela greve dos funcionários do cemitério, torna o lugar cada vez mais
insalubre. A protagonista de
O amor é um monstro de Deus, de Luciana de
Luca é uma mulher agigantada, tida por todos como monstruosa, e que vive entre
os desmandos da mãe dominadora, a debilidade de um pai sonhador, a mudez do
irmão e o chamado misterioso do rio que corta a sua região. Quando dois mórmons
estrangeiros chegam ao povoado, ela é inesperadamente apresentada ao amor e a
uma sexualidade até então insuspeitada, que flerta tanto com a liberdade quanto
com a violência. Publicação da Arquipélago Editorial; tradução de Sérgio Karam.
Você pode comprar o livro aqui.
Primeira antologia poética de
Ghayath Almadhoun publicada no Brasil, apresenta 31 poemas de um dos mais
importantes nomes da poesia contemporânea.
Por meio de um universo poético
marcado por um virtuosismo vertiginoso, que desafia os limites do próprio
livro, Ghayath Almadhoun transgride as fronteiras do poema, da nação, do corpo
e até mesmo do espaço existente entre o orador e o leitor. Esquivando-se de se
tornar refém do sentimentalismo, e, para isso, buscando refúgio no surrealismo
face à mais cruel realidade, o poeta nos leva à Palestina, à Síria, à Alemanha
e à Suécia, reafirmando o que está em jogo para aqueles que não conseguem sair
de seus estados de aprisionamento e sugerindo-nos que a esperança nada mais é
do que uma parte intrínseca do absurdo da violência.
Ghayath Almadhoun subverte o lirismo e vira a
metáfora pelo avesso para expor, transformar e confrontar. O poeta escreve: “...
nus senão pelos nossos sangues e os restos carbonizados dos nossos corpos,
pedimos desculpas a todos os olhos que não se atreveram a olhar diretamente
para as nossas feridas para não ficarem arrepiados, e pedimos desculpas a todos
que não conseguiram terminar o jantar depois de terem sido surpreendidos pelas
nossas imagens frescas na televisão...” Traduzidos diretamente do árabe por
Alexandre Chareti, os poemas que integram
Você deu em pagamento o meu país,
traçam rotas sinuosas entre cidades, ideias, amantes, locais de refúgio, zonas
de guerra, fusos horários e até mesmo a própria História. Apontado pelo
Frankfurter
Allgemeiner Zeitung como o poeta que encontrou uma linguagem lírica
adequada à guerra civil síria e à situação palestina, a poesia de Ghayath
Almadhoun nos prende desde a primeira linha através de uma emoção explosiva.
Publicação da Ars Et Vita.
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Uma nova tradução brasileira
das Geórgicas
, a segunda neste ano de 2025.
Públio Virgílio Marão (70 a.C – 19
a.C) foi um poeta romano do período augustano. Ele compôs três dos poemas mais
famosos da literatura latina: as
Bucólicas, as
Geórgicas e a
Eneida.
A primeira obra é uma coletânea de poemas pastoris, chamada ainda éclogas,
escritas no tempo da sua juventude. Por volta de 37 a.C, o poeta começa a
frequentar o círculo literário de Mecenas, época em que inicia a composição da
sua segunda grande obra, as
Geórgicas, dedicada ao mundo agrário. Por
fim, influenciado pelos ideais do “cesarismo” e por seus desdobramentos
políticos desde a juventude, Virgílio compõe a
Eneida, seu poema épico,
que narra o mito de fundação de Roma, permanecendo até hoje entre as maiores
obras da literatura mundial.
As
Geórgicas
foram provavelmente publicadas em 29 a.C. Como o nome sugere, o tema do poema é
a agricultura. A obra é dividida em 4 livros, cada qual dedicado a um aspecto
da vida agrária. Os livros botânicos 1 e 2 formam uma unidade temática dupla
que se contrapõe àquela dos livros zoológicos 3 e 4. O tema do primeiro livro é
a cerealicultura, que aborda o cultivo do trigo, da cevada e outros cereais,
enquanto o tema do segundo livro é a arboricultura, com destaque para o cultivo
das vinhas. O livro 3 inicia o par que trata da criação de animais, primeiro a
pecuária de grande porte (bovinos e equinos) e depois de pequeno porte (ovinos
e caprinos). No livro 4, que encerra a obra, o poeta aborda o trato e natureza
das abelhas. Com tradução, introdução e notas de Matheus Trevizam o livro sai
pela editora Mnēma.
Você pode comprar o livro aqui.
Jaa Torrano convida os leitores
ao papel de mediadores entre o mundo mítico da Antiguidade e o contemporâneo.
O título
Solidão Só Há de Sófocles ecoa não apenas o só da
natureza humana, mas o insere, por meio do nome do grande dramaturgo, no contexto
da tragédia grega. Essa condição inevitável do ser mortal — desvelada
assombrosamente na obra de Sófocles — aparece como possível fulcro desta
reunião de livros de poemas de um poeta grego nascido no exílio do tempo. Se a
tragédia grega era um espetáculo político, por focalizar aspectos da pólis,
incluindo-se o poder e a conduta humana, a criação de Jaa Torrano — que tem
dedicado sua vida à literatura da Grécia Antiga e a sua tradução, notadamente
do teatro trágico — exerce um papel mediador entre o mundo mítico da
Antiguidade e o contexto contemporâneo, apresentado em suas dimensões humana e
política a partir de uma visão de passagem entre dois universos. A execução da
tarefa, que em princípio pareceria impossível, logra resultado com identidade singular:
não estranhe, por isso, o leitor, a possível estranheza que lhe causará esta
poíesis, ao mesmo tempo instigante, divertida e propiciadora de reflexão e
fruição estética. (Marcelo Tápia) Publicação da Ateliê Editorial.
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A criação literária e os seus meandros pela pena de H. D. Nestes seis ensaios publicados
postumamente, a poeta e cineasta estadunidense H.D., audaz desbravadora do
verso livre em língua inglesa e fervorosa cultora dos mitos gregos, deslinda os
meandros espirituais de seu processo criativo e dos atos de leitura e
contemplação artística. Uma prosa poética visionária, que percorre as paragens,
jardins e templos cantados por Safo, Anacreonte, Platão e Teócrito, e convida a
seguir Jesus de Nazaré e Meleagro de Gadara pelas vielas do levante. Nisso, o
papel do corpo, e do corpo da mulher em especial, na fabricação do espírito, é
alabado uma e outra vez. Seu objetivo? Alcançar os “reinos inexplorados de
realizações artísticas futuras”.
Visões e êxtases sai pela editora
Âyiné; tradução de Camila Moura.
Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Reunião de poemas de amor do
escritor mais apaixonante da literatura brasileira.
A paixão costura toda a obra de
Vinicius de Moraes. Seus poemas, contos, canções, crônicas, cartas e peças de
teatro orbitam em torno desse assunto que — seja na vida, seja na arte — é
inesgotável. Do flerte até o desencanto, passando por todas as etapas do
enamoramento, o poeta soube como ninguém retratar as muitas faces do desejo.
Ao
meu amor serei atento é uma antologia ilustrada de poemas que descrevem
esta “eterna aventura”. Com seus versos atemporais, Vinicius de Moraes joga luz
sobre esse sentimento múltiplo, vibrante e arrebatador e, com lirismo absoluto,
nos ensina a viver “cada instante/ Desassombrado, doido, delirante/ Numa paixão
de tudo e de si mesmo”. Publicação da Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
RAPIDINHAS
Orwell reflete o livro e a
literatura. A coletânea de ensaios organizada e traduzida por Gisele
Eberspächer em tiragem limitada e artesanal ganha segunda edição em formato
industrial pela Lote 42. São oito textos escritos entre 1936 e 1946 em que o
autor de
A fazenda dos animais e
1984 discorre sobre livros e
literatura.
Uma quarta edição do primeiro
livro de Chacal. Publicado originalmente em 1971 (edição do autor,
mimeógrafo) com o título de
Muito prazer, Ricardo, o livro ganhou uma
edição comemorativa pela 7Letras 25 anos depois, em 1996. A mesma casa recoloca
em circulação esta que é uma das publicações centrais da chamada poesia
marginal.
OBITUÁRIO
Morreu Fernando Venâncio.
Fernando Venâncio nasceu em
Mértola, Portugal, no dia 13 de novembro de 1944. Fez seus estudos na área de
Linguística, para a qual migrou depois de passar pela Filosofia e pela Teologia,
na Universidade de Amsterdã. A estadia na Holanda foi bastante profícua; além
de professor em diversas instituições de ensino superior neste país, realizou sua
tese sobre a linguagem em Portugal na época de Castilho. Em Portugal atuou em
diversos meios como articulista e crítico literário, como o
Jornal de Letras
e a revista
Colóquio/ Letras. Entre os livros publicados estão os
romances
Os esquemas de Fradique,
El-rei no Porto e
Último
minuete em Lisboa; os ensaios
José Saramago: a luz e o sombreado,
Objectos
achados e
Assim nasceu uma língua; os contos de “Beijo técnico e
outras histórias”; as crônicas de
Maquinações bons sentimentos; e os
relatos de viagem
Quem inventou Marrocos. Traduziu
Um almoço de
negócios em Sintra, de Gerrit Komrij e também organizou a antologia de
poesia neerlandesa do século XX
Uma migalha na saia do universo. Venâncio
morreu na sua cidade natal no dia 30 de maio de 2025.
Morreu Ngũgĩ wa Thiong’o.
Ngũgĩ wa Thiong’o nasceu em
Kamiriithu, Quênia, no dia 5 de janeiro de 1938. Além da sólida carreira
literária que o fez reconhecido em parte diversa do mundo, foi professor
universitário. Sua obra escrita em língua inglesa e gĩkũyũ inclui contos,
novelas, romances, ensaios e peças para o teatro. É nesta arte, aliás, que
obtém seu primeiro reconhecimento. Um dos ativistas pela emancipação do Quênia,
Thiong’o usou o teatro como alternativa de combate; o sucesso junto ao público
e o incômodo frente ao regime autoritário vigente no seu país no fim da década
de 1970 serviram de justificativa para sua prisão e em seguida um itinerário de
errância pelo exílio: em Londres, se dedicou à formação acadêmica voltando-se
para a obra de Joseph Conrad, e em Nova York e New Haven, trabalhando como
professor. O episódio, aliás, servirá na tomada de decisão de recusa do
continuar usando a língua inglesa para a escrita e o uso do seu idioma
original. Até então havia publicado uma novela,
Weep not Child (1962),
cujo tema versava sobre as tensões entre brancos e negros e os impasses
culturais advindos da colonização, e vários outros livros, como
The River
Between (1965),
A Grain of Wheat (1967),
A Meeting in the Dark
(1974) e
Secret Lives, and Other Stories (1976). A vasta obra de
Thiongo’o é ainda restrita entre os leitores brasileiros. Até o presente estão
disponíveis apenas títulos encontrados em língua inglesa, com os romances
Sonhos
em tempo de guerra (Globo Livros, 2015), um dos seus últimos trabalhos
marcado pelo retorno à escrita em língua inglesa, e
Um grão de trigo
(Alfaguara, 2015) — isso quando o nome do escritor aparecia entre as listas de
apostadores para o Prêmio Nobel de Literatura. No ensaio, saiu
Descolonizando
a mente (Dublinense, 2025). O escritor morreu, em Atlanta, Estados Unidos,
no dia 28 de maio de 2025.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
Os diabos de Ourém, de Maria
Luiza Tucci Carneiro
(Ateliê Editorial, 265p.) Situada no ano de 1856,
quando se instaura uma epidemia de cólera-morbus na província do Grão-Pará, a
narrativa cobre o impacto desse acontecimento sob o ponto de vista dos diversos
setores do grupo social.
Você pode comprar o livro aqui.
2.
O triunfo da morte, de Gabriele
D’Annunzio (Trad. Celestino Gomes, Minotauro, 432p.) Um homem atormentado pela
morte e outros fantasmas de família depois de testemunhar um suicídio deixa
Roma e se refugia na cidade de pedra Guardiagrele onde tudo isso intervém no
agora impossível restauro da vida hedonista que procurava.
Você pode comprar o livro aqui.
3.
Viver depressa, de Brigitte
Giraud (Trad. Maria de Fátima Carmo, Tusquets Editores, 160p.) Um acidente que custou
a vida o marido leva a escritora revistar e revistar o episódio para entender as
articulações do imprevisível.
Você pode comprar o livro aqui.
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