Boletim Letras 360º #232

Durante a semana o Letras abriu uma enquete no grupo do Facebook perguntando qual livro (ou quais livros, nas opções há até dois títulos) gostaria de ver sorteado na próxima promoção do blog. O último para votação é 19 de agosto. E o sorteio será divulgado até o dia 21 na página do Letras no Facebook. Depois de ver o Boletim, que tal opinar?

Vários títulos importantes da obra de Albert Camus ganham reedição e voltam às livrarias brasileiras.


Segunda-feira, 14/08

>>> Brasil: A Companhia das Letras publicará edição fac-similar de Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade

Desde 2016, a editora lançou-se ao projeto de reedição da obra do poeta modernista. A edição fac-similar é preparada por Jorge Schwartz e Gênese de Andrade. A primeira edição do Primeiro caderno foi publicada em 1927, dois anos depois, portanto, da estreia de Oswald como o poeta revolucionário de Pau-Brasil. A tiragem do livro foi de 299 exemplares, numerados de 2 a 300, mais um, em edição especial, de luxo, feita especialmente para Tarsila do Amaral, com quem Oswald foi casado de 1926 a 1930. Trata-se de um livro exemplar. Sem preâmbulos, sem plumas, sem diplomas. A genialidade do poeta se mostra no minimalismo e na experimentação da criação. Nele, o poeta-aluno exercita-se entre rabiscos e caricaturas ao lado dos textos se apresentam como rascunhos, esboços indecisos de fase imatura.

>>> Brasil: Mais um título de Scholastique Mukasonga deve ser publicado no Brasil até o fim do ano

O sucesso de A mulher dos pés descalços e Nossa Senhora do Nilo durante a passagem da escritora pelo Brasil na Festa Literária Internacional de Paraty em 2017 serve de impulso à Nós Editora na publicação de Baratas; o livro com os outros dois encerra uma espécie de trilogia sobre o genocídio em Ruanda. Este é o primeiro de Mukasonga e foi anunciado recentemente entre os finalistas de prêmio PEN, nos Estados Unidos.

Terça-feira, 15/08

>>> Brasil: Margaret Atwood em alta. Em setembro, tem nova edição de Vulgo, Grace

O livro sai com o mesmo projeto gráfico feito recentemente para Dicas da imensidão e O conto da Aia. Este último, livro de 1985, voltou às listas dos mais vendidos logo depois da eleição de Trump à presidência dos Estados Unidos e com a recente adaptação pelo serviço de streaming Hulu. Apresentado aqui em 2006, ele não tinha tido nenhuma reimpressão até maio. De lá para cá, já foram três. Vulgo, Grace sai em setembro pela Editora Rocco. Nele, a partir do caso real de uma mulher canadense da década de 1840, Atwood tece uma história, cuja protagonista envolve o leitor num enigma: é a trajetória de Grace Marks, uma criada condenada à prisão perpétua por ter ajudado a assassinar o patrão e a governanta da casa em que trabalhava.

>>> Brasil: A nova edição de O som e a fúria, de William Faulkner

Este é considerado o romance mais importante do escritor escritor estadunidense ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1949. Escrito num período de isolamento, depois que o autor teve seu terceiro romance recusado por diversas editoras, com ele William Faulkner investiu num estilo ousado, tecido por quatro vozes narrativas distintas e saltos inesperados no tempo. É dessa forma, permeada por tons bíblicos e ecos de tragédias gregas, que o escritor retrata a violenta decadência dos Compson, família aristocrática do sul dos Estados Unidos, que parece viver num desnorteante presente em estado bruto. A tradução de Paulo Henriques Britto é reeditada pela Companhia das Letras e o livro traz ainda uma análise crítica de Jean-Paul Sartre publicada em 1939.

Quarta-feira, 16/08

>>> Brasil: Reedita-se um livro fundamental à compreensão de um dos movimentos culturais brasileiros principais da cena moderna

Verdade tropical, de Caetano Veloso. Ao narrar sua formação cultural – que inclui música, cinema, artes plásticas, literatura e filosofia –, o artista não se limita a escrever uma autobiografia. Nessa mistura de memórias, ensaio e História, tendo como eixo central a eclosão do tropicalismo em meio aos anos de chumbo, o autor esmiúça momentos decisivos da ditadura militar e os nomes com quem travou apaixonadas conversas. Partindo de Santo Amaro, na Bahia, onde leu Clarice Lispector, assistiu a La strada, ouviu João Gilberto e teve sua primeira relação sexual, suas lembranças atravessam a adolescência, a prisão em 1968, o exílio em Londres e chegam ao fim da década de 1990 para compor um extraordinário panorama do Brasil. A nova edição, com projeto gráfico redesenhado, inclui texto inédito escrito especialmente para este volume. Em “Carmen Miranda não sabia sambar”, Caetano pondera sobre as duas décadas que se passaram entre o lançamento do livro, em 1997, e hoje. Aos 75 anos, ele se debruça sobre sua trajetória musical – e também literária – para um acerto de contas com suas experiências pessoais, além de analisar assuntos relacionados à cultura, política e identidade do país. “Sou brasileiro e me tornei, mais ou menos involuntariamente, cantor e compositor de canções", ele escreve. "Fui um dos idealizadores e executores do projeto da Tropicália. Este livro é uma tentativa de narrar e interpretar o que se passou.

>>> Brasil: A face ensaísta de Junichiro Tanizaki

Em louvor da sombra é um breve ensaio sobre estética escrito em 1933 pelo escritor japonês Junichiro Tanizaki; o texto analisa a arquitetura, o teatro, a comida, o vestuário, o papel e até o tom de pele para refletir sobre um elemento central da cultura japonesa: o contraste entre a penumbra e a claridade. Se os ocidentais têm por hábito polir a prata para que ela tenha um aspecto sempre brilhante e renovado, a tradição nipônica valoriza justamente o contrário. A gordura das mãos e a ferrugem acumuladas sobre os objetos mostram a passagem do tempo e representam, portanto, as histórias ali contidas. A tradução de Leiko Gotoda sai pela Penguin / Companhia

Quinta-feira, 17/08

>>> Mais três títulos do Albert Camus voltam às livrarias, incluindo O estrangeiro

Saem agora ainda Diário de viagem e O homem revoltado. O diário foi publicado na França em 1978 e traz as impressões anotadas pelo escritor em duas viagens: aos Estados Unidos, em 1946, e à América do Sul (principalmente o Brasil) entre junho e agosto de 1949. Durante sua estada em nosso país, Camus registra observações preciosas sobre vários aspectos da vida brasileira, comentando ainda seus encontros com Aníbal Machado, Manuel Bandeira, Murilo Mendes, Augusto Frederico Schmidt, Oswald de Andrade, Mário Pedrosa e muitos outros. Já em O homem revoltado o autor faz vários questionamentos de ordem filosófica. Coloca-se a favor da liberdade humana e da dignidade do indivíduo e contrário ao comunismo, aos regimes totalitários e ao terrorismo, pois incitam a revolta humana, os assassinatos e a opressão. Muito mais do que um ensaio, é uma obra contra os crimes de Estado, com destaque para aqueles ocorridos durante o regime stalinista. O estrangeiro, sua obra mais lembrada, é a história de um argelino que trabalha num escritório em Paris e, em decorrência de circunstâncias absurdas, mata um árabe. No último momento de sua condenação desperta de uma espécie de torpor.

Sexta-feira, 18/08

>>> Brasil: Faz escuro mas eu canto, livro de poemas de Thiago de Mello publicado em 1965, ganha reedição

Este é o livro pelo qual seu autor é mais lembrado. Quem conhece Thiago ou já teve a oportunidade vê-lo falar, percebe logo de pronto como sua postura generosa no que diz respeito a tudo que a vida lhe proporciona marca a vivacidade das imagens e sentimentos evocados em seus poemas. Com a instalação da ditadura militar no Brasil em 1964, os ventos para Thiago não foram nada favoráveis. Na ocasião em que esteve preso, deparou-se com um de seus versos escritos na cela: “Faz escuro mas eu canto/ Porque a manhã vai chegar”. Era o sinal de que sua luta incessante pelo respeito à vida humana encontrava eco e precisava ser levada adiante. A presente edição de Faz escuro mas eu canto traz carinhoso depoimento de Pablo Neruda, de quem o poeta se tornaria amigo e com quem compartilharia momentos de alegria e de tensão durante o período em que esteve exilado no Chile. Escritos em um momento em que o Brasil atravessava tempos sombrios, os poemas do livro são tingidos por um sopro renovador que encanta e acalenta o coração inquieto da humanidade. A edição é da Global Editora.

>>> Portugal: Uma aproximação à vida do poeta Al Berto

Este é o primeiro filme biográfico sobre o poeta português; mas não conta a história de sua vida. Não por inteiro. A película realizada por Vicente Alves do Ó, autor de um belo filme sobre Florbela Espanca" centra-se no período de 1975 a 1978, depois de Al Berto regressar do exílio em Bruxelas, para onde havia ido estudar pintura, e se instalar em Sines. Na vila da costa alentejana onde tinha crescido, vive naqueles anos uma relação amorosa que a comunidade censura. É este um dos temas principais do filme. Vicente escolheu, assim, uma fase solar da vida do poeta, cheia de sonhos e ambições, logo a seguir ao 25 de abril de 1974, sob influência da cultura francófona, do rock inglês e estadunidense e do espírito libertário que então se vivia. Intitulado Al Berto, o filme estreia em Portugal em 14 de setembro.

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