As ilustrações de John Dos Passos para livro de Blaise Cendrars

Autógrafos de Blaise Cendrars e John Dos Passos

A poesia de Blaise Cendrars foi parte de uma grande onda criativa que se espalhou pelo mundo inteiro a partir da Paris de antes da última guerra europeia. Sob várias palavras-chaves –  futurismo, cubismo, vorticismo, ou modernismo – a maioria dos melhores trabalhos nas artes em nosso tempo tem sido o produto direto dessa explosão, que teve uma influência na sua esfera comparável com a da Revolução de Outubro na organização social e política e a fórmula de Einstein em física. Cendrars e Apollinaire, ambos poetas, estavam nas primeiras barricadas cubistas com o grupo que incluíam Picasso, Modigliani, Marinetti, Chagall, que influenciou profundamente Maiakovski, Meyerhold, Eisenstein, e cujas ideias chegaram a Joyce, Gertrude Stein, T. S. Eliot...

Cendrars também teve ligação com o grupo modernista brasileiro e chegou a escrever uma série de poemas de quando esteve por São Paulo, Rio de Janeiro e cidades históricas de Minas Gerais em 1924 a convite do grupo modernista paulista num itinerário repleto de trocas artísticas entre nomes como Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, que acabou ilustrando Feuilles de Route, livro de Cendrars  publicado no mesmo ano em que escreveu a referida série de poemas sobre sua passagem pelo Brasil.

Mas, não é sobre essas palavras do primeiro parágrafo que são de Dos Passos para o trabalho de Cendrars e nem sobre o trabalho do escritor suíço, o motivo desta postagem. Os dois sempre foram muito, mas muito próximos; além dessas palavras que estão num prefácio para Panamá ou as aventuras de meus setes tios, Dos Passos escreveu ensaios sobre o amigo, trocaram muitas correspondências entre 1929 e 1932 – espólio hoje sob pertença da Universidade da Virginia – e o próprio Cendrars esteve envolvido à pedido de Gallimard, numa tradução para Paralelo 42, projeto que ele não levou até o fim, pelas outras oportunidades que lhe apareceram.

O que aqui apresentamos é outra vertente de Dos Passos: a de ilustrador. E ilustrador de Cendras para uma rara edição de Panamá. Esta edição, que é de 1931, foi também traduzida pelo autor de Paralelo 42 e teve apenas uma tiragem de 300 cópias pela Harper & Brothers. Abaixo, um breve catálogo com as ilustrações de John Dos Passos.



Ligações a este post:
Leia aqui uma seção de nove poemas de quando Blaise Cendrars esteve no Brasil.


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