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Mostrando postagens de dezembro 29, 2016

Os melhores de 2016

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Por Pedro Fernandes Há quem abomine as listas. Quem diga que elas se tornaram o clichê da nova web e de metidos a colecionar tudo e não terem contato com nada. Faço e copio listas no Letras desde quando lista era coisa vã e asseguro: elas têm um valor importante. Evidentemente que não discordo da posição dos rejeitadores – ardilosos estão em tudo –, mas no meu caso as listas são um norte entre tanta informação, uma meta entre tantos compromissos, um mea culpa entre tantos pecados cometidos. Quando organizo uma lista de final de ano como esta eu posso rever as jornadas de leitura, os afetos e desafetos construídos em torno de determinadas obras, a abertura de outros rumos na minha formação de preceptor da arte e da criação, o quanto ainda é preciso aperfeiçoar para se ler mais e melhor e como ainda tem chão a ser percorrido. Mas nenhuma angústia; ao contrário, a lista é um antídoto contra a angústia. 2016 foi um ano de muitos planos e pouco ou quase nada de

Os melhores de 2016: cinema

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- Aquarius , de Kleber Mendonça Filho. O que mais falta ao Brasil? Compreender-se como Brasil. E este é um filme indispensável nesse processo. Aquarius é uma aguda crônica social sobre um país em complexo acirramento das relações de poder. Uma narrativa, portanto, que aprofunda a investigação do cineasta sobre esse tema nascido em O som ao redor, seu primeiro longa-metragem e trabalho sempre lembrado pela maneira como se distancia de algumas persistências do cinema brasileiro para inaugurar outros vieses sempre possíveis à sétima arte. Leia mais aqui . - Macbeth , de Justin Kurzel. Este filme se impõe enquanto obra-prima e enquanto respeito pelo texto de William Shakespeare, preservando, inclusive, nuances como a força linguagem explorada pelo bardo inglês. Não se descuidará de incorporar resíduos de outras produções fílmicas – a composição das personagens no campo de batalha muito lembra  Coração valente  e os efeitos em câmera lenta trazem traços das primeiras com

10 destaques em projetos editoriais de 2016

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- Teatro completo , de William Shakespeare. Este deve ser o maior projeto editorial deste ano no Brasil. Numa maneira de assinalar os 400 anos da morte do dramaturgo inglês, a Nova Aguilar, no âmbito das reedições das obras completas preparou uma caixa com três volumes reunindo as 38 peças traduzidas por Barbara Heliodora, uma das mais respeitadas especialistas na obra de Shakespeare no Brasil. Dividida em três volumes, a edição inclui inclusive traduções inéditas deixadas pela tradutora, como a da peça “Eduardo III”. A revisão da edição permitiu incluir novas notas e comentários. - Todos os contos , de Clarice Lispector. Foi o sucesso internacional da edição que chamou a atenção dos editores no Brasil para trazer essa obra para cá. Apesar de alguns deslizes acadêmicos cometidos pelo organizador – como bem observou Nádia Batella Gotlib, primeira a, entre outros projetos, escrever uma biografia sobre a autor de  A paixão segundo G.H.  num texto publicado na Revista cult – Benja

As melhores leituras de 2016 na opinião dos leitores do Letras

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- Nem todas as baleias voam , de Afonso Cruz. Os sentimentos que desperta ao longo da leitura, a genialidade com que constrói e descreve as histórias das personagens e a ligação com a filosofia, levando-nos a colocar questões sobre o que nos rodeia e o que faz sentido. (Alexandrina Ribeiro, Guimarães – PT) -  O filho de mil homens , de Valter Hugo Mãe. Poético e comovente. Um pouco sobre todos nós. (Elaine Moura, São Paulo – SP) - Explicação dos pássaros , António Lobo Antunes. Além de ter comprado em uma Bienal do Livro por um bom preço, ele é escrito de uma forma que imita o próprio pensamento. Por isso, é um pouco complexo, mas verídico e coerente com o funcionamento da nossa psique. (Natália Bento, Brasília – DF) - Os três primeiros livros da série napolitana, da Elena Ferrante ( A amiga genial , História do novo sobrenome e História de quem foge e de quem fica ). Eu considero-os um mesmo livro, não consigo pensar em cada um individualmente. São sensacionais. (Eud

Os melhores de 2016: poesia

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- Um amor feliz , de Wislawa Szymborska. O primeiro livro da poeta polonesa cativou tanto o público brasileiro e logo se apressaram em trazer mais de sua poesia em português. Quem acompanha o Letras sabe que alguns outros títulos da poeta estão no prelo e devem sair muito em breve por aqui. Enquanto não vem, a publicação desta antologia é, possivelmente, um dos acontecimentos literários mais importante do ano para a poesia. Leia mais aqui . - Inventário. Poesia reunida e dispersos , de Heleno Godoy. O livro está entre um rico catálogo que começa a se integrar às publicações brasileiras, o da martelo casa editorial. E é uma arrojada edição com a poesia do poeta goiano publicada entre o seu livro de estreia, em 1963 e o mais recente, em 2015. O caprichada volume, necessário a todo leitor apaixonado por boa poesia, reúne ainda uma extensa e variada quantidade de informação sobre a fortuna crítica de Godoy para uma introdução completa à obra do poeta. - O vento da noite

Os melhores de 2016: prosa

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- Como se estivéssemos em palimpsesto de putas , de Elvira Vigna.  Este é um livro necessário em toda lista de leitura cujo mote seja os melhores do ano de 2016 ou melhores obras da literatura brasileira recente. A escritora constrói um objeto narrativo muito bem estruturado, coisa rara entre os criadores contemporâneos quase sempre interessados em repetir as mesmas formas e exercícios de linguagem. Repito o que uma vez disse sobre a obra de John Banville e Elena Ferrante, não há pretensiosismo algum na obra, mas consegue, talvez, justamente por isso, ser um trabalho de valor estético e criativo significativo e significante para a literatura. Leia mais aqui .  - Outros cantos , de Maria Valéria Rezende.  É perfeitamente possível acrescentar este livro ao lado do romance de Elvira Vigna. São propostas literárias muito distintas – porque sobressai neste de Maria Valéria uma relação muito estreita com o universo social no sentido mais amplo que em Como se estivéssemos em