Boletim Letras 360º #642

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Verenilde Pereira. Foto: Gabriela Biló.



LANÇAMENTOS

História do (mau) encontro entre a Igreja Católica e populações indígenas amazônicas. Maria Assunção e Rosa Maria, meninas indígenas educadas numa missão religiosa, são levadas por missionárias para trabalhar na casa de famílias ricas de Manaus, e de lá precisam traçar seus caminhos para a liberdade.

Como os povos indígenas poderiam imaginar que aquele punhado de homens que aqui desembarcaram, em 1500, seria capaz de acabar com o mundo que conheciam até entãoo Plantas, animais, rio, terra, serras e gentes, tudo quanto havia neste lugar que viria a se chamar Brasil ou cedeu ante o domínio colonial ou foi exterminado. Era o impensável. Um rio sem fim conta essa história precisamente sob a inédita perspectiva do impensável. A prosa de Verenilde Pereira é robusta, circunspecta e sofisticada. Repleta de dobras poéticas, expressa uma imaginação literária miraculosa. O olhar indígena — projetado nas figuras de Maria Assunção e Maria Rita — que anima o espírito do livro é movido por um profundo desejo de liberdade, redenção e desagravo. Walter Benjamin tem uma passagem famosa na qual pressagia que “nem os mortos estarão em segurança se o inimigo vencer. E esse inimigo não tem cessado de vencer.” Verenilde Pereira escreve para pôr termo a esse ciclo. O livro assinala um reconhecimento tardio: a chegada de uma das nossas melhores escritoras numa grande casa editorial. Publicação da Alfaguara Brasil. Você pode comprar o livro aqui

Um celista brilhante, um músico nazista invejoso e uma cidade inteira começando a delinear um futuro de atrocidades. Réquiem é um romance sóbrio e sofisticado sobre o início da perseguição aos judeus na Alemanha nazista.
 
Karl Alfred Loeser veio para o Brasil em 1934, fugindo do regime de Hitler. O manuscrito de Réquiem foi encontrado apenas após sua morte, em 1999. Publicado na Alemanha em 2023, o livro se tornou um sucesso de público e crítica. O livro narra a vida de Erich Krakau, renomado celista judeu e orgulho da orquestra da pequena cidade onde vive. A despeito dos presságios sombrios, ele acredita estar seguro em seu círculo artístico. Até que Fritz Eberle, filho do padeiro local, músico inábil e membro da SA, decide tomar seu posto. A situação é tão absurda que, a princípio, parece improvável que dê certo. Mas, no estilo de um thriller político, a atmosfera fica mais e mais opressiva à medida que o antissemitismo é mobilizado como catalisador de tensões sociais, dando vazão ao oportunismo, à ganância e à inveja, e fazendo do povo judeu bode expiatório da nação. Escrito em 1938 — antes da Segunda Guerra e da Shoah —, Réquiem carrega a singular marca de ter prenunciado o futuro que, a julgar pelos parâmetros morais da Europa do entreguerras, deveria beirar o impensável. Tradução de Jess Oliveira e Raquel Alves; publicação da Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui
 
O novo romance de Carlos Eduardo de Magalhães revisita, entre outros tópicos, o Brasil atravessado pela pandemia devastadora de covid-19.
 
É com surpresa que Paulo, um ex-delegado da Polícia Federal, recebe uma mensagem de Jorge, um homem que havia se casado com seu grande amor não correspondido de juventude, pedindo para encontrá-lo. Fazia três décadas que não pensava nela. Jorge, piloto de aviões e helicópteros, que mantinha um blog de nome Comandante Jorge, diz que vem se entregar pois era culpado de muitos crimes. No plano da conversa sincera entre esses dois homens, amados de maneiras diferentes por uma mulher em duas fases de sua vida, descobrimos quem se tornaram. Paulo fez carreira como delegado na Polícia Federal, até ser afastado do cargo por atuar no combate ao banditismo na Amazônia. Jorge descambou para a ilegalidade em sua atuação indiferente e fria como piloto cooptado por criminosos, perdendo sua humanidade. Nos monólogos de Paulo e Jorge, mediados pelas pujantes ausências de Zisa e Bela, revelam-se não apenas seus caminhos e descaminhos, mas o Brasil contemporâneo atravessado pela devastadora covid-19. As vozes das narrativas se desenvolvem em via de mão dupla, um vetor indo do presente em diante, outro indo do presente para o passado na forma de um blog. Elas ocorrem um registro amorosamente contido, mesmo para descrever uma realidade em estado de delírio. Com uma trama sutil, inquietante e cheia de simbolismos, em que o rinoceronte real e o de brinquedo são peças-chave, e o amor à bicicleta é um elogio da liberdade do indivíduo, o autor constrói um romance sobre uma forma de sobrevivência que cultiva o amor mesmo nos eventos mais extremos. Publicação da editora Grua. Você pode comprar o livro aqui.
 
O novo romance de Marilene Felinto, autora que se destacou com As mulheres do Tijucopapo.
 
Qual o valor de um nome? E a real importância de uma linhagem? Quanto custa a memória? Partindo dessas e de outras questões, Marilene Felinto, conta em Corsária, seu novo romance, a história de uma mulher que abandona um amor e uma vida confortável em Houston para retornar ao interior do Nordeste brasileiro a fim de encontrar a reparação moral e financeira a que sua família tem direito. Convencida de que tanto sua mãe quanto seu pai foram explorados durante a infância e a juventude, a protagonista se lança em pesquisas de arquivos, testes de hereditariedade e histórias familiares contadas pela metade para vingar a pobreza, o racismo e os anos de trabalho mal remunerado e sem segurança. Para tanto, é obrigada a enfrentar interesses escusos em uma região marcada por opressão contra os trabalhadores e violência pela terra. Como afirma Luciana da Cruz Brito no posfácio ao romance: “tudo que está na ordem do dia está aqui: a luta de classes, a exploração do trabalho, a desigualdade, o racismo e as opressões que ele causa, seus silenciamentos. Aqui está também o livre exercício do amor e do desejo guiados unicamente pelas vontades, sem padrão ou rótulos, a agência das mulheres, a imigração, tecnologias e seus usos no mundo contemporâneo, além de ancestralidade e reparação”. Como uma baleia arpoada, repleta de dor e fúria, a protagonista de Corsária faz no romance aquilo que Marilene Felinto vem fazendo há anos na literatura brasileira: toma de assalto todos ao redor com o lirismo e o inconformismo de sua obra. Publicação da editora Ubu. Você pode comprar o livro aqui.
 
A chegada aos leitores brasileiros da obra de Flor Canosa.
 
“Greta tem um carinho especial pelas coisas imutáveis de sua casa, o único lugar onde tudo ocorre sempre da mesma forma.” É assim que se inicia Os acidentes geográficos, um romance fascinante sobre as variações nas quais os destinos de Greta e Henrik se entrelaçam através de suas infindáveis crises. Ainda que cada dupla Greta-Henrik esteja confinada na membrana de sua própria realidade, Flor Canosa nos convida a contemplar o universo inteiro e múltiplo com um único olhar, como se fôssemos um Deus. O efeito é semelhante ao de acompanhar simultaneamente várias partidas de xadrez que, vistas à distância, parecem ser uma única partida abrangente. Tudo o que pode acontecer, acontece sempre e ao mesmo tempo. Tal como os Cem milhões de poemas de Raymond Queneau, A biblioteca de Babel ou O jardim de caminhos que se bifurcam de Jorge Luis Borges (que precedem Queneau e são precedidos por Leibniz e Ramón Llull), Os acidentes geográficos é uma máquina de narrativa elegante, eficiente e encantadora. Flor Canosa nos brinda com um romance preciso e valioso sobre a condição humana - as relações, o drama, os erros que cometemos, as coisas que não sabemos resolver a tempo, o que não podemos nos permitir perder — e uma ampla reflexão sobre as infinitas possibilidades da literatura. Com tradução de Mauricio Tamboni, o livro sai pela Pontoedita. Você pode comprar o livro aqui
 
Outra chegada: a de Dubravka Ugrešić.
 
Até recentemente, toda vez que se aproximava o anúncio de um prêmio Nobel de Literatura, o nome de Dubravka Ugrešić (pronuncia-se “Úgrechitch”) era citado. A escritora, nascida em Kutina, atual Croácia, chegou ao topo da lista dos prováveis ganhadores nas casas de apostas às vésperas de sua morte repentina, em Amsterdã, em março de 2023. O museu da rendição incondicional é o principal livro de Ugrešić, que, apesar de ter conquistado alguns dos principais prêmios literários mundiais, ainda permanecia inédito no Brasil. O romance se inicia com a descrição de uma série de objetos insólitos encontrada no estômago de Roland, uma morsa que faleceu em 1961 no Zoológico de Berlim: um isqueiro cor-de-rosa, quatro palitos de sorvete, um broche em formato de poodle... A exposição desse curioso inventário é uma forma de apresentar o próprio livro — uma coleção de fragmentos, lembranças, anedotas e episódios dispersos, que aos poucos estabelecem relações entre si. Um romance extremamente original, que aborda temas como arte, história, envelhecimento, relações amorosas e familiares e perdas. Alternando entre o cômico, o melancólico e o mordaz, a narrativa se organiza como um mosaico de histórias habilmente costuradas em diferentes formas e registros literários. Uma mãe que vive em Zagreb durante a guerra mantém um diário e pensa na filha, que se mudou para Berlim. Esta, por sua vez, revê álbuns de fotografia antigos e imagina a fuga da mãe da Bulgária para a Iugoslávia meio século antes. Um grupo de amigas vive, cada uma à sua maneira, uma visita inusitada. Um encontro amoroso em Lisboa. Tudo isso entremeado a ensaios sobre arte e literatura, conversas com intelectuais, amizades distanciadas por razões políticas, cartas e relatos da guerra da Iugoslávia. Assim como a narradora, Dubravka Ugrešić nasceu na ex-Iugoslávia, de mãe búlgara e pai croata. No início da década de 1990, com a deflagração da guerra nos Bálcãs, suas declarações públicas contra o conflito, criticando firmemente o nacionalismo croata e sérvio, tornaram-na alvo de ataques difamatórios por parte de jornalistas, políticos e até outros escritores. A ponto de ela ter de deixar o país. Recusando sempre a identificação como croata, e se dizendo uma escritora “transnacional” ou “pós-nacional”, viveu em vários países da Europa e nos Estados Unidos. Lecionou em universidades como Harvard, UCLA, Columbia e Universidade Livre de Berlim e fixou residência em Amsterdã, na Holanda, onde faleceu, em 2023. Escrito em 1996 numa língua que ainda se denominava servo-croata e era o idioma mais falado na ex-Iugoslávia, O museu da rendição incondicional foi traduzido diretamente do original por Aleksandar Jovanović, professor da Universidade de São Paulo. Esta edição conta ainda com um ensaio de Mercedes Monmany, crítica literária, escritora, tradutora e ensaísta de Barcelona, premiada e reconhecida por sua pesquisa ligada à literatura do exílio. Publicação da editora Carambaia. Você pode comprar o livro aqui
 
Panayotis Pascot examina em romance que se tornou sucesso de público na França os múltiplos caminhos de sua vida com a complexa relação paterna.
 
Da próxima vez que você cair do cavalo é o romance de estreia de Panayotis Pascot, best-seller na França, com mais de 350 mil cópias vendidas. O ator e humorista francês já havia conquistado seu país natal com apresentações de stand-up comedy, entre elas Quase, disponível na Netflix do Brasil, mas foi com sua escrita, brutalmente honesta e comovente, que alcançou um novo patamar. Aclamado pela crítica francesa, Pascot foi comparado a autores como Emmanuel Carrère e Hervé Guibert, e descrito como “o fenômeno da temporada” (Le Parisien), com uma prosa “sincera a ponto de tirar o fôlego” (Le Point). A narrativa, traduzida por Francesca Angiolillo, tem como ponto de partida a notícia de que o pai do autor está gravemente doente. A partir disso, Pascot se vê diante de uma urgência impossível de ignorar. No entanto, não é com o pai que ele tenta se acertar — é consigo mesmo. E é pela escrita que essa reconciliação, dolorosa e libertadora, se constrói. Na busca desesperada por significado e por alívio, narrada com coragem, humor e franqueza que desarmam o leitor, o livro perpassa três feridas fundadoras na vida do jovem escritor: a relação truncada com o pai, a aceitação da homossexualidade e a convivência com a depressão. É um relato que disseca com precisão as dores da perda, da identidade e do amadurecimento. Publicação da editora Ercolano. Você pode comprar o livro aqui
 
Vida em Marte, da poeta estadunidense Tracy K. Smith, é o livro de estreia da autora no Brasil e com o qual recebeu o Prêmio Pulitzer de Poesia de 2012.
 
Com alusões a David Bowie e viagens interplanetárias, seus versos imaginam uma trilha sonora para o universo ao mesmo tempo que acompanham as descobertas, fracassos e estranhezas da existência humana aqui na Terra. Nestes brilhantes poemas, Tracy K. Smith visualiza um futuro de ficção científica esvaziado de perigos reais, contempla a matéria escura que mantém as pessoas tanto próximas quanto distantes e revisita conceitos kitsch como “amor” e “doença”, agora relegados ao Museu da Obsolescência. Esses poemas revelam as realidades da vida vivida aqui, no chão, onde uma filha é aprisionada no porão, onde celebridades e estrelas do pop caminham entre nós e onde a própria poeta perde o pai, um dos engenheiros que trabalhou no Telescópio Espacial Hubble, a quem o livro é dedicado. Com tradução de Stephanie Borges e publicação da Relicário Edições. Você pode comprar o livro aqui
 
O novo livro do poeta Rafael Iotti.
 
“Quase tudo é previsível,/ minha avó dizia, enquanto varria/ a calçada, menos a bondade/ e a justiça.” Eu acrescentaria que também são imprevisíveis os dias que estendemos o luto, as surpresas nas esquinas e os livros de poesia. Entre a melancolia e o espanto que é alguém que percebe que cresceu, os poemas do Rafael Iotti passeiam por espécies de abandono: a cidade vazia, a avó que morreu — “há sempre um parente que ficou para trás”, um tempo de idílio de memórias ternas — “e essa infância que sempre volta no momento menos oportuno”. Mas se nos poemas há um reconhecimento constante de que não há nada além — “a vida é assim mesmo”, e ele transforma com beleza e assombro um chavão numa chave de poema — não deixa de notar as pequenas delicadezas, que, entre tantas coisas miúdas, vão criando os poemas. E, quando há essa espécie de explosão de ternura, qualquer descuido do leitor encontra a aflição das pequenas verdades incontestáveis: o silêncio confortável da casa, uma avó que fecha delicadamente pasteizinhos: “ritos de amor, ritos de combate”. Curiosamente, esses poemas de uma tristeza calma não apontam para uma catástrofe: a melancolia de Rafael é sem taquicardia. E uma ponta de esperança está sempre ali, um pouco pela criança que se recusa a sair de cena, um pouco por uma ironia mal disfarçada que quer, sempre, insistir ainda um pouco na beleza: “quando as coisas me parecem muito erradas e sinto que elas podem melhorar a qualquer momento”. Nem a vida nem o que nos resta dela nos consola, nem um bom poema, nem um livro lindo de poemas como este — já passou, e há muito, nosso tempo de ingenuidade. Mas sempre é possível se distrair um pouco com a beleza do caminho. (Ana Lima Cecilio) Nem a vida nem o que nos resta dela nos consola sai pela 7Letras. Você pode comprar o livro aqui
 
A biografia emocionante de um dos grandes nomes da poesia e do ativismo negro, lésbico e feminista.
 
Audre Lorde: sobreviver é uma promessa é uma exploração profunda e poética da vida e do legado da lendária poeta e ativista que marcou os movimentos pelos direito de pessoas negras, lésbicas e mulheres. Em uma biografia que foge de lugares comuns, Alexis Pauline Gumbs propõe uma conversa íntima, mergulhando nos escritos, nas crenças e na influência duradoura de Lorde ― que persiste ainda hoje ― para oferecer possibilidades de resistência, resiliência e amor frente às opressões. Publicação da Todavia; tradução de Erika Nogueira. Você pode comprar o livro aqui
 
REEDIÇÕES
 
Nélida Piñon revisita os labirintos da memória e da identidade nos dezesseis contos marcantes de uma obra essencial da literatura brasileira, agora em nova edição.

Sala de armas, de Nélida Piñon, não é um paiol ou depósito que abriga baionetas, fuzis, metralhadoras, granadas ou qualquer outro armamento de guerra. O poder bélico de Nélida é a palavra, e nesta Sala está sua artilharia pesada, que envolve o amor, o poder, a crueldade, a violência, a tristeza, a poesia, o grotesco, o triunfo da mulher, a ternura, a alegria, o erótico, os conflitos humanos. É nesse ambiente de força centrípeta que a escritora convoca o leitor a dialogar e duelar consigo. Nas dezesseis histórias aqui reunidas, Nélida utiliza com maestria sua linguagem perturbadora de condensada beleza que atinge com rara precisão o coração de quem enfrenta suas linhas. Nesses contos que fascinam, temos a promiscuidade e a redenção reunidas; o sultão que, diante da escravidão do poder, se debate com a insuportável liberdade do pássaro; as metamorfoses de Eleusis, que “tinha o hábito de morrer”; a filha única que rasteja como cobra. E Nélida impacta o leitor quando o texto busca subverter valores, tradições, convenções, e não obedece às pautas sociais, como no conto “Cortejo do Divino”, em que a exaltação do amor desafia a ira de toda a cidade e o homem termina por arrancar os próprios olhos com um garfo. O conto “A colheita”, por sua vez, é considerado por Miguel Sanches Neto “uma das obras-primas da literatura de língua portuguesa”. E temos ainda a poética de “Luz”: “Luz era de bronze. Derretia quando eu lhe dizia minha Luz. Minhas palavras eram seu encanto, ela sempre confirmava. E eu lhe disse, amo-te, estou perdido em tuas cavernas.” Nélida Piñon é a encarnação do verbo com inesgotável poder de criação. A nova edição sai pela editora Record. Você pode comprar o livro aqui
 
Simone de Beauvoir e uma peça a mais nas reflexões sobre escolhas morais, engajamento político e o papel das mulheres na construção de um futuro mais justo.
 
A liberdade é uma conquista que exige ação, coragem e consciência. Em um mundo onde mulheres ainda lutam diariamente por autonomia, justiça e igualdade, os textos reunidos nesta edição — “Por uma moral da ambiguidade” e “Pirro e Cineias” — oferecem uma leitura poderosa e transformadora. Aqui, Simone de Beauvoir traça os fundamentos éticos que sustentam sua futura teoria feminista, defendendo uma liberdade comprometida com a responsabilidade e com a transformação do mundo ao nosso redor. Ao questionar como devemos agir diante das opressões e ambivalências da existência, Beauvoir entrega reflexões profundamente atuais sobre escolhas morais, engajamento político e o papel das mulheres na construção de um futuro mais justo — temas tão urgentes hoje quanto no século XX. Com tradução de Marcelo Jacques de Moraes, Por uma moral da ambiguidade: ensaios é publicado pela Nova Fronteira. Você pode comprar o livro aqui
 
RAPIDINHAS

Thomas Mann por vir. A Companhia das Letras sinalizou nas suas redes sociais que disponibilizará nova edição e tradução de José e seus irmãos, prometido desde 2018, para este semestre.
 
Coleção Clássicos Ateliê. A casa tem reeditado vários títulos da coleção dedicada a publicar, em edições anotadas, ilustradas e com material crítico e prepara a chegada de novos livros. Entre as novidades, estão previstos Tarde, de Olavo Bilac e Memórias de Marta, de Júlia Lopes de Almeida.
 
Catulo & Horácio. A mesma casa editorial prepara a publicação de uma coletânea organizada e traduzida por Trajano Vieira reunindo poemas de dois dos mais influentes poetas romanos.

OBITUÁRIO
 
Morreu Edmund White.
 
Edmund White nasceu em 13 de janeiro 1940, em Ohio. Deixou Harvard para permanecer no tratamento de reversão sexual. Fracassado o intento muda-se para Nova York e depois para São Francisco, onde inicia sua trajetória como escritor. Seu romance de estreia, publicado em 1973, mereceu o reconhecimento de Vladimir Nabokov. A partir dos livros seguintes, decidiu explorar ficcionalmente sua própria experiência de vida em romances que lidam com vários temas ligados ao universo homossexual. Por estes e outros trabalhos, White ficou reconhecido pela crítica como o grande cronista da vida gay, herdeiro de uma linhagem que nos Estados Unidos incluiu autores como Gore Vidal e Truman Capote, para citar dois dos mais próximos à sua obra. Seu trabalho como escritor transita ainda pelas memórias, pela biografia e pelo ensaio. Dentre os mais de trinta livros que publicou, no Brasil saíram as biografias de Arthur Rimbaud, Jean Genet e Marcel Proust; dos romances, O homem casado, O lindo quarto está vazio e Um jovem americano; e os ensaios de O flâneur: um passeio pelos paradoxos de Paris. Entre os prêmios conquistados pela obra, o escritor recebeu o National Book Critics Circle para biografia, o Saul Bellow e o National Book Foundation. Edmund White morreu no dia 4 de junho de 2025.
 
DICAS DE LEITURA
 
1. KA, de Velimir Khlébnikov (Trad. Aurora Fornoni Bernardini, Perspectiva, 112p.) A figuração do duplo na literatura é apenas um dos aspectos retomados nessa narrativa em que a jornada do protagonista em dupla via se apresenta como uma da própria jornada do homem em diferentes épocas. Você pode comprar o livro aqui
 
2. Não acredito no eco dos trovões, de Bei Dao (Trad. Yao Feng, Huang Lin, Manuela Carvalho e José Luis Peixoto, Editora Moinhos, 96p.) A primeira amostra brasileira da poesia de um dos nomes mais representativos da literatura contemporânea na China. Você pode comprar o livro aqui
 
3. Correspondência inédita e anotada: Alberto de Serpa e João Cabral de Melo Neto, organizada por Arnaldo Saraiva e Solange Fiuza (Ateliê Editorial, 292p.) Os dois autores se corresponderam entre os 1949 e 1950 quando se dispuseram a organizar uma revista que só alcançou um número, O cavalo de todas as cores. Os bastidores disso e de outros assuntos em comum aos correspondentes mais uma edição fac-similar da única edição da revista estão neste livro primoroso. Você pode comprar o livro aqui
 
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
 
BAÚ DE LETRAS

No passado 4 de junho Paulina Chiziane celebrou o aniversário de 70 anos. Sublinhamos a bonita data recordando duas publicações do nosso arquivo: este texto de Renildo Rene dedicado ao romance Ventos do Apocalipse; e este breve perfil da escritora moçambicana.

DUAS PALAVRINHAS
 
A poesia está em tudo — tanto nos amores quanto nos chinelos, tanto nas coisas lógicas como nas disparatadas.

— Manuel Bandeira, em Itinerário de Pasárgada

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