Afonso Bezerra




Afonso Ligório Bezerra nasceu em 9 de junho de 1907, em Carapebas (hoje, Afonso Bezerra-RN), filho de João Batista Alves Bezerra e Maria Monteiro Bezerra. Fez os primeiros estudos onde nasceu e depois mudou-se para Natal, onde fez o secundário no Colégio Marista e no Atheneu; em 1928, ingressou na Faculdade de Direito no Recife, mas não chegou a concluir os estudos porque contraiu tuberculose e morreu vítima da doença em 8 de março de 1930.

Começou a escrever publicamente tinha só 16 anos quando apresentou, na revista carioca O Beija-Flor o conto “O orvalho”; a partir de então passou a colaborar com frequência para os jornais como A Imprensa, Diário de Natal, A República, Letras Novas e a revista Cigarra. No curto período que esteve no Recife, colaborou com o Jornal do Recife, A Tribuna, Ilustração, Gazeta Acadêmica e o Diário da Manhã. No Rio de Janeiro, além do periódico onde estreou sua escrita teve textos editados por jornais como O Momento e Excelsior. 

A sua produção literária foi marcada por apenas um livro: Afonso Bezerra: ensaios, contos e crônicas, edição publicada postumamente. Mas, não é à toa que Tarcísio Gurgel, no indispensável Informações da Literatura Potiguar, chama Afonso Bezerra de “impressionante figura de polígrafo” e “(com uma proeminência da sua veia de crítico cristão, influenciado pelo Centro Dom Vital), chegou a publicar pela imprensa uma interessante sucessão de artigos, críticas e contos regionalistas. Estes últimos, como perceberam alguns estudiosos, próximos da prosa do grande regionalista goiano Hugo de Carvalho Ramos.”

“As figuras ingênuas, os mitos, as assombrações, a chuva, a seca, a barbárie temperada pelo lirismo do povo, a música das toadas plangentes, o canto da terra, o trágico luar sobre campos devastados, o perigo das cobras, o primarismo instintivo, o que há de resignado e simplório numa gente humilde e desprevenida, a fé em Deus – tudo isso é a atmosfera dos contos, a substância da sua ficção. Esses contos, muitos deles, vi-lhos escrever. Traçava antes o plano da sua criação. E vivia de tal modo a sua fantasia que me deu sempre a impressão de que apenas trazia a realidade para o gênero literário predileto. Era assim mesmo: a realidade lhe fornecia o tema, refazendo no seu espírito o drama da pobreza e da resignação, que é ainda hoje o mesmo.” (Trecho do Prefácio de Nilo Pereira)

O excerto integra o livro Afonso Bezerra: ensaios, contos e crônicas, resultado de uma extensa pesquisa de Manoel Rodrigues de Melo que compilou boa parte dos textos publicados pelo potiguar. A edição saiu no Rio de Janeiro pela Pongetti, 1967.

* A imagem e o texto são a partir do Portal da Memória Literária Potiguar.

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