Diva cunha



Habito os dez mil e quinhentos universos
sugeridos pela física quântica
satisfeita de ser
tantas em tantos

Diva Cunha, Resina

Diva Cunha é um das autoras mais interessantes da cena poética contemporânea, sobretudo a do Rio Grande do Norte, sempre tomada por nomes interessados em escrever poesia, mas poucos, realmente poetas. Além de se dedicar ao ofício do verso, ela, como professora, tem se dedicado à pesquisa e escrito também um conjunto de ensaios que sem dúvidas está no rol dos fundamentais quando o assunto é mulher e literatura, ou ainda a relação mito e literatura, temas pelos quais ela perscruta em sua obra do gênero.

A escritora nasceu em Natal, em 1947. Foi aluna do Colégio Imaculada Conceição; formou-se em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte; cursou a Pós-Graduação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, defendendo a dissertação de mestrado Dom Sebastião: a metáfora de uma espera, publicada em livro em 1979 - seu primeiro.

A poesia, viria com Canto de página, em 1986. Através da obra se revelou uma poeta amadurecida e com dicção própria. Depois viriam A palavra estampada (1993), Coração de lata (1996) e Armadilha de vidro (2004) e Resina (2009), este último lido por Ivan Junqueira como uma poesia que reúne tudo que se deve exigir de um poeta: concisão vocabular, domínio da língua e da metalinguagem poética, limpeza de fatura e aquela surpresa sem a qual, como nos ensina Poe, nenhum poema merece ser considerado como tal.

No âmbito acadêmico, logo integrou o corpo docente do curso onde fez sua graduação, como professora de Literatura Portuguesa. Fico aí até se aposentar. Na área de estudos sobre mulher e literatura, Diva assumiu uma extensa parceria com Constância Lima Duarte e as duas, pelo trabalho conjunto, integram o rol dos nomes mais expressivos no Brasil sobre a questão.

Juntamente com Constância publicou Iniciação à poesia do Rio Grande do Norte (1999), Literatura feminina do Rio Grande do Norte: de Nísia Floresta a Zila Mamede (2000), Literatura do Rio Grande do Norte - Antologia (2002) e Via-Láctea de Palmira e Carolina Wanderley (2003).

Desde junho de 2011, Diva Cunha ocupa a cadeira n.30 na Academia Norte-Riograndense de Letras.

Mais dois poemas de Resina

Toda mulher
flui e reflui
onda e cachoeira
água e luz

*

Faço poemas
ou bifes à milanesa

eis a íntima questão
que põe fogo
nas rosas da face

faço poemas
ou bifes à milanesa
e
para sobremesa?


* Nota escrita a partir do perfil para o livro Resina. Atualizadas em junho de 2011.


Comentários

Diva Cunha tem uma sensibilidade fantástica e é uma pessoa interessantíssima.

Postagens mais visitadas deste blog

Boletim Letras 360º #576

O som do rugido da onça, de Micheliny Verunschk

Dalton por Dalton

Boletim Letras 360º #575

Boletim Letras 360º #570

Boletim Letras 360º #574