Um dia mais um ano para Drummond

Um livro de poemas inéditos, uma nova editora, títulos especiais, acervo pessoal sob nova guarda, homenagem na Festa Literária Internacional de Paraty, exposições, uma nova antologia em inglês. Com esse itinerário de novidades publicadas pelo caderno Ilustrada, da Folha de São Paulo, anuncia-se uma série de acontecimentos para celebrar no ano de 2012 os 110 anos de nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade.

Já em outubro, dia 31, dão-se as prévias do porvir. O Instituto Moreira Salles (IMS), que atualmente detém a guarda de parte do acervo do poeta mineiro, promove o "Dia D". A data emblemática tem uma justificativa e um propósito. Foi em 31 de outubro de 1902 que nasceu Drummond e a celebração proposta pelo IMS quer se tornar uma data no calendário cultural brasileiro como é o 16 de junho para os irlandeses: o Dia de Bloom, feriado a partir da data ficcionada por James Joyce no Ulysses.

Vale ressaltar que essa parceria com o IMS já rendeu uma luxuosa edição comemorativa preparada pelo poeta Eucanaã Ferraz para o primeiro livro do homenageado, o Alguma poesia, de 1930. (Aqui)

Acerca das publicações, a mesma nota do Ilustrada dá contas de que ainda neste ano a editora Cosac Naify trará ao público Poesia traduzida, uma antologia com autores estrangeiros traduzidos que foram traduzidos para o nosso idioma por Drummond



Autocaricatura de Carlos Drummond de Andrade, com caneta-tinteiro e lápis de cor sobre papel

Divulgação/Fundação Casa de Rui Barbosa. Autocaricatura de Carlos Drummond de Andrade, com caneta-tinteiro e lápis de cor sobre papel

Ainda pela mesma Cosac deverá sair mais quatro títulos: Confissões de Minas, Passeios na Ilha, textos entre o ensaio e a crônica já há muito fora de circulação, uma edição crítica com a poesia completa (ou pelo menos parte dela) e Os 25 Poemas da Triste Alegria, o tal inédito.

O inédito nada mais é que a primeira obra de Carlos Drummond de Andrade, escrita em 1924 e renegada pelo poeta. O original foi comprado de uma pessoa próxima ao autor pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e também poeta Antonio Carlos Secchin. A casa editorial publicará desse material uma edição fac-similar, com as anotações feitas mais tarde por Drummond no volume.

Saído da Record, a nova casa editorial do poeta é a Companhia das Letras. Para início de 2012, a editora começa o trabalho de reedição da vasta obra de Drummond. Do modo como a editora conduziu o relançamento da obra de Jorge Amado, a obra do poeta maior será guiada por um conselho editorial e projeto gráfico próprios com lançamentos de 12 a 14 títulos por ano, entre poesia e prosa. 


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