Carlos Drummond de Andrade e o cinema

Cineteatro Glória, em Belo Horizonte, 1929. Depois que foi para BH, na década de 30 Drummond esteve aí várias vezes e anotou no seu diário o título dos filmes assistidos. Foto: Acervo do Museu Histórico Abílio Barreto


só quem assistiu à infância do cinema no Brasil pode avaliar o que era essa magia dominical das fitas francesas e italianas, sonho da semana inteira.
Carlos Drummond de Andrade, Tempo vida poesia


Não seria o primeiro certamente que teve atração pela sétima arte. No catálogo da exposição José Saramago – a consistência dos sonhos, organizada por Fernando Gómez Aguilera, há uma lista expressa de filmes que o escritor português assistiu e anotou o feito. 

E foi olhando para essa galeria bem particular que decidi procurar sobre a relação de Carlos Drummond de Andrade com o cinema. Outro princípio também é o fato de o próprio poeta ter atuado num documentário dirigido por Fernando Sabino e David Neves, em 1972, O fazendeiro do ar, homônimo de uma obra de Drummond publicada em 1954, Fazendeiro do ar e poesia até agora.

Os registros da relação do poeta mineiro com a sétima arte estão em muitas das suas crônicas. Lê-se a sua admiração num texto do gênero, publicado em 1955, dedicado a Greta Garbo e poema mesmo para atriz, publicado na sua obra póstuma Farewell. Carlitos, as antigas salas de exibição, que o próprio frequentou desde a infância. O hobby se manteve mesmo quando foi para Belo Horizonte, nos anos 30, e, como Saramago, fez notas de alguns dos filmes que assistiu.

Mas, além da proximidade como telespectador e ator, a obra do poeta foi não uma vez, mas duas, três, quatro vezes posta nas telas. Sem contar, evidentemente, os vários curta-documentários produzidos por emissoras de TV. 

Destaques para O padre e a moça, adaptação do poema narrativo de Lição de coisas. O filme é de Joaquim Pedro de Andrade e foi produzido em 1966. Depois O vestido, finalizado em 2004, sob direção de Paulo Thiago. O filme tem por base o poema de A rosa do povo, “O caso do vestido”. Destaque também para os documentários O amor natural, de Heddy Honigmann, e Poeta de sete faces também de Paulo Thiago.

O Letras elaborou um fôlder com informações básicas sobre esses quatro filmes, reunindo imagens e os poemas base para as produções.


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No canal do Letras no YouTtube os leitores podem conferir dois vídeos: o curta documentário Drummond, testemunho da experiência humana, dirigido por Maria de Andrade. O vídeo faz um apanhado da trajetória biográfica de Drummond, suas múltiplas faces (como cronista, contista e poeta). O outro é curta documentário O fazendeiro do ar, citado no início desta post e produzido por Fernando Sabino e David Neves. Aqui, o poeta faz papel de si próprio, na sua relação com o Rio de Janeiro, na sua saudade de Minas, por entre as pilastras do Ministério da Educação, onde trabalhou como chefe de gabinete do ministro Gustavo Capanema.


 

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