Boletim Letras 360º #581

Fernando Pessoa. Arquivo da Casa Fernando Pessoa (Reprodução)


LANÇAMENTOS
 
Editora amplia a presença da obra de Fernando Pessoa e salda várias lacunas do mercado editorial brasileiro na publicação da obra do poeta português. Editam-se dois novos livros.
 
1. Diários e escritos autobiográficos. O poeta desdobrado em heterônimos, que pela voz de Álvaro de Campos afirmou que “fingir é conhecer-se”, faz difícil saber o que está por detrás de tantas máscaras e o que realmente pensava e sentia. Contudo, é possível distinguir entre o autor literário e o homem cotidiano, por mais que os dois se confundam. Dessa forma, estes diários, cartas, apontamentos e alguns poemas reunidos esboçam o melhor autorretrato possível de Fernando Pessoa. Mesmo aproximativo e incompleto, tem a virtude de ser feito com as suas próprias palavras, de maneira que esta obra reúne o que mais poderia se aproximar de uma “autobiografia”. Nos seus apontamentos pessoais, Pessoa escreve para si mesmo, mas assina por vezes como seus heterônimos. Alguns deles são pouco ou nada conhecidos ainda do público, como o pseudo-psiquiatra Faustino Antunes, inventado em 1907, que o faz analisar a si mesmo. Não se trata apenas de satisfazer a nossa curiosidade e ajudar-nos a compreender a natureza e evolução do gênio do escritor. A obra privada ajuda também a compreender e apreciar melhor a vasta obra ficcional, que deriva, na medida em que refere ou implica, direta ou veladamente, das suas experiências de vida. Você pode comprar o livro aqui.
 
2. Ficções do interlúdio. Os poemas que Pessoa publicou em revistas e jornais durante a sua vida foram integralmente reunidos e constituem um livro de singularidade absoluta no quadro da modernidade poética. Poesia que precede a publicação em livro de sua obra, no entanto a projeta. O título foi pensando pelo próprio Pessoa, como se lê numa carta de 28-7-1932 a Gaspar Simões, para o projeto de publicação sucessiva das obras de Caeiro, Reis e Campos. Chama a atenção, nesta ideia, o caráter “ficcional” que ele imputa à poesia dos heterônimos, em vez do caráter dramático que inicialmente lhes atribuía. Seu propósito também se releva na outra palavra que compõe o título: interlúdio, como espaço intervalar, muitas vezes tematizado na obra de Pessoa, e que indica o mundo em que os heterônimos não apenas existem, como coexistem. Você pode comprar o livro aqui.
 
O encanto de Raul Brandão pelas ilhas dos Açores e da Madeira ou um percurso de viagens em livro.
 
No verão de 1924, Raul Brandão fez uma viagem aos Açores e à Madeira. Fascinado pelas paisagens das ilhas e seduzido por seus habitantes, começou a tomar notas de sua experiência ainda a bordo do navio. Dessa jornada, das suas vivências e de tais anotações é que surge o livro As ilhas desconhecidas — notas e paisagens. Espécie de diário impressionista das paisagens insulares, o relato captura de forma elegante tanto a beleza natural da geografia e a cultura e o imaginário dos lugares e das pessoas, como também o lado mais sombrio dos ciclones e da caça às baleias. Foi precisamente neste livro, considerado um dos mais belos da literatura de viagem escrita em língua portuguesa e uma das mais importantes homenagens ao arquipélago açoriano, que o autor forjou, tal qual um pintor impressionista que usa magistralmente luz, cores e texturas, a paleta cromática pela qual cada uma das ilhas ficaria para sempre conhecida. A edição da PontoEdita — a primeira deste livro no Brasil — conta com apresentação do escritor e crítico português Vasco Medeiros Rosa e revisão técnica e posfácio da professora e pesquisadora brasileira Mágna Tânia Secchi Pierini, ambos especialistas na obra brandoniana. Você pode comprar o livro aqui.
 
A continuação de O simpatizante, um thriller político emocionante de Viet Thanh Nguyen sobre a busca da liberdade.
 
Após uma longa jornada, o narrador deste livro e seu melhor amigo, Bon, chegam a Paris, cidade que simboliza a esperança para muitos refugiados vietnamitas no início dos anos 1980. À procura de trabalho, acabam se envolvendo com o tráfico de drogas, e o simpatizante, um ex-espião comunista, se vê lucrando com um sistema que na verdade repudia. Em conflito consigo mesmo e constantemente confrontado com ataques racistas, ele decide então mudar de vida e encontrar um novo modo de sobrevivência. É quando seu maior aliado passa a ser seu maior adversário, e a cidade que era seu porto seguro se mostra uma armadilha traiçoeira. O comprometido sai pela Alfaguara; a tradução é de Cássio Arantes Leite. Você pode comprar o livro aqui.
 
Ressuscitar passados, inventar futuros: ciência e literatura viajam no tempo dos sonhos para chegar ao impossível.
 
O tempo e a memória formam o eixo desta história narrada com os fios delicados da saudade, às vezes com os do arrependimento, em outras tantas com os da consciência tardia do que faz nascerem e se fortalecerem os laços familiares. No trajeto entre acontecimentos científicos do presente e projeções esperançosas para o futuro, a mulher madura que se revela como narradora deste romance repassa uma história familiar provavelmente comum a muitos de nós, enfrentando os conflitos, as tensões e os imensos afetos que se estabelecem entre as mulheres de um núcleo familiar em que o pai é uma figura lateral. Ressuscitar mamutes, de Silvana Tavano, sai pelo selo Autêntica Contemporânea. Você pode comprar o livro aqui.
 
Feminismo e psicopatologia são alguns dos termos atribuídos ao trabalho artístico de Unica Zürn (1916 – 1970) poeta, escritora e artista visual alemã ligada ao surrealismo cuja obra permanece obscurecida e ganha primeira publicação no Brasil.
 
Primavera sombria chega pela 100/cabeças, com tradução de Claudia Cavalcanti e abre uma importante fenda na parede de obscurantismo que envolve a artista, cuja obra completa foi lançada na Alemanha a partir de 1988. Por meio de uma narrativa visceral e pungente, inspirada em episódios biográficos da autora, Primavera sombria apresenta a história de uma menina que lida com a precariedade das relações familiares e a descoberta da sexualidade a partir de um emaranhado de jogos e delírios que povoam essa experiência, em alguns momentos violenta e traumática. “A vida é insuportável sem a dor”, escreve Zürn. “A menina protagonista do relato ainda habita na medula do irredutível. Tudo está permitido ‘para que o entusiasmo se mantenha’ e para escapar, assim, da monotonia da vida familiar. Entregue ao drama, brinca, sente um encanto perverso pelo perigo, o horror e o medo a excitam. Habita a poesia”, escreve no prefácio a surrealista espanhola Lurdes Martínez, integrante do Grupo Surrealista de Madri desde 1992 e coeditora da revista Salamandra. O livro teve sua primeira edição em 1967, três anos antes da trágica morte de Zürn aos 54 anos, quando se atirou da janela do apartamento em Paris onde vivia com seu companheiro, o escritor, pintor, fotógrafo e surrealista Hans Bellmer (1902 – 1975). A narrativa de Primavera sombria é permeada por essas experiências. Nos últimos anos de sua vida, a artista refere-se a si mesma em terceira pessoa, “em uma aproximação labiríntica aos momentos transcendentais de sua vida”, destaca Martínez. O despertar do desejo na infância, o feitiço do amor, o caminho à loucura, o controle das alucinações e a decadência final da artista envolvem seus trabalhos. Você pode comprar o livro aqui.
 
Os superstars da cadeia e uma visão caleidoscópica e incisiva sobre a aliança profana do sistema prisional estadunidense com o racismo sistêmico, o capitalismo desenfreado e o encarceramento em massa. É um claro acerto de contas com o que a liberdade realmente significa naquele país.
 
Em sua luta pela liberdade, duas presidiárias se convertem em gladiadoras mortíferas em um programa de reabilitação sensacionalista e desumano, não muito distante do próprio sistema carcerário norte-americano. Em um futuro distópico não muito distante dos nossos tempos, Loretta Thurwar e Hamara “Furacão Staxxx” Stacker são as estrelas de Superstars da Cadeia, o pilar do Programa de Entretenimento da Justiça Criminal (PEJC), um reality show altamente popular, controverso e lucrativo da indústria prisional privada dos Estados Unidos. Na sangrenta competição, reminiscente dos coliseus romanos, os personagens são prisioneiros e, ao serem derrotados, só lhes resta a morte. Este livro, primeiro romance do premiado multiartista norte-americano Nana Kwame Adjei-Brenyah, é o reflexo de uma sociedade voyeur e autocentrada, que não se furta a apreciar o mais alto grau de violência em busca do prazer momentâneo. Vistos como párias, os presidiários, em sua maioria absoluta negros e pobres, tornam-se meros marionetes em nome do entretenimento de quem os assiste e da ganância dos poderosos. No PEJC, as competições mortais em arenas lotadas só têm um vencedor. Depois de três anos, quem consegue sobreviver ganha a liberdade e a extinção completa da pena. Thurwar e Staxxx, companheiras de equipe e amantes, são as favoritas do público. Prestes a atingir a categoria “Grã-Colossal” — mais alto grau na escala de lutadores —, Thurwar estará livre em apenas algumas lutas, fato que carrega de forma tão pesada quanto seu martelo letal. Enquanto se prepara para deixar o cárcere, tenta preservar sua humanidade desafiando as regras dos jogos, mesmo que os obstáculos no caminho de Thurwar tenham consequências devastadoras. Com tradução de Rogerio Galindo, o livro sai pela editora Fósforo. Você pode comprar o livro aqui.
 
Um grande romance sobre a opressão e suas consequências, o amor em suas diferentes nuances e as batalhas enfrentadas para que se possa vivê-lo livremente.
 
No Uruguai dos anos 1970, os direitos dos cidadãos estão constantemente sob ataque, e reuniões entre mulheres desacompanhadas dos seus maridos podem despertar a atenção policial. Por isso, Romina, Flaca, La Venus, Paz e Malena decidem ir para a remota praia de Cabo Polonio. Elas são cantoras numa época em que a homoafetividade também é uma subversão. Entre amizades e relacionamentos amorosos, as cinco formam uma família, e o local onde se refugiam se torna seu santuário secreto, que elas visitarão ao longo de décadas. Cantoras, de Caro de Robertis, é publicado pela editora Dublinense. Tradução de Natalia Borges Polesso. Você pode comprar o livro aqui.

Reunião de críticas e depoimentos sobre os filmes que marcaram a trajetória de Caetano Veloso.
 
Nome central da música e da poesia brasileira, Caetano Veloso é um cinéfilo singular. Sua adolescência foi moldada pela programação do Cine Teatro Subaé, em Santo Amaro, época em que cogitou se tornar crítico de cinema. Ao longo da vida, os filmes continuaram a ter papel decisivo em seu estilo de compor canções e conceber visualmente os shows. Este volume reúne críticas escritas na década de 1960, publicadas no periódico Archote — muitas delas inéditas em livro —, além de colunas de jornais, entrevistas, depoimentos e comentários que revelam as predileções, as reflexões e o vasto repertório cinematográfico do compositor. Com organização de Claudio Leal e Rodrigo Sombra, Cine Subaé é um precioso testemunho que atesta o impacto que o Cinema Novo, as películas exuberantes norte-americanas, o neorrealismo italiano e o existencialismo das fitas francesas tiveram sobre a formação cultural de Caetano Veloso. Publicação da Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Um dos principais nomes da literatura francesa contemporânea e também fotógrafo profissional, entrelaça narrativas confessionais, crítica de arte, devaneios e teoria da imagem fotográfica.
 
Em A imagem fantasma, Hervé Guibert tece uma investigação poderosa sobre as múltiplas dimensões da fotografia e seus nexos com o corpo, o tempo, a beleza, o desejo, a escrita e a proximidade da morte. Em mais de sessenta textos breves, repletos de afetos e insights, é também o autor que se desnuda, ao explorar os significados dos álbuns de família, das fotos de viagem, dos autorretratos — uma de suas obsessões —, bem como das imagens pornográficas, dos cartazes das estrelas de cinema, das fotos policiais e de outras modalidades da imagem, numa reflexão permeada de referências a obras suas e de outros fotógrafos, de Cartier-Bresson a Duane Michals. Movido por um erotismo transgressor, presente também em Ao amigo que não me salvou a vida — livro de 1990, considerado precursor no gênero da autoficção e que o transformou da noite para o dia em celebridade —, Guibert combina em A imagem fantasma literatura e fotografia de modo extremamente original, questionando o que legitima e sustenta uma imagem, e inserindo-se numa linhagem de autores como Susan Sontag, Roland Barthes e André Rouillé. Com tradução de Lucas Eskinazi e Nina Guedes, o livro sai pela Editora 34. Você pode comprar o livro aqui.

REEDIÇÕES

Ganha nova edição a premiada biografia de William Shakespeare na ocasião de celebração do 460º aniversário do bardo inglês.

O ano de 1599 foi crucial para o desenvolvimento de William Shakespeare e de reviravoltas históricas. Os elisabetanos passavam por um momento delicado de sua história: em idade avançada, a rainha Elizabeth I não transmitia segurança para seu povo; faltava um herdeiro direto; e a rebelião irlandesa não podia ser contida. A lista se amplia: a Armada Espanhola se aproximava de Londres e traidores e espiões da Scotland Yard estavam por toda parte, transformando a insegurança da rainha em censura. 1959. Um ano na vida de Shakespeare, de James Shapiro é tanto sobre o que o bardo inglês realizou quanto sobre o que os elisabetanos vivenciaram nesse ano, duas coisas que são quase inextrincáveis: é tão impossível falarmos das peças de Shakespeare sem considerar sua época quanto compreender o que aquela sociedade vivenciou sem dispormos das perspectivas proporcionadas pelo grandioso trabalho de dramaturgo. O livro agora reeditado pelo selo Crítica, da Planeta de Livros Brasil, tem tradução de Cordelia Magalhães e Marcelo Musa Cavallari. Você pode comprar o livro aqui

RAPIDINHAS
 
James Baldwin, os livros por vir 1. Ao contrário de outros centenários de autores da casa, a Companhia das Letras diz que não esqueceu o do estadunidense. Sai em breve Da próxima vez, o fogo. Misto de ensaio e autobiografia com a tradução de Nina Rizzi.
 
James Baldwin, os livros por vir 2. Outros dois títulos estão programados, mas sem data de publicação. O primeiro romance do escritor, Go Tell It on the Mountain (1953) e o volume de ensaios Nobody Knows my Name (1961); aquele com tradução de Paulo Henriques Britto e este com tradução de Jorio Dauster.
 
O novo romance de Ronaldo Correia de Brito. O terceiro volume da trilogia formada por Faca (2004) e Galileia (2009) chama-se Rio Sangue e sai no segundo semestre de 2024 pelo selo Alfaguara Brasil.
 
Graciliano Ramos na Global. A casa é uma das mais recentes a publicar uma edição dos principais romances do escritor alagoano. Vidas secas e S. Bernardo saem com capa do xilogravurista J. Borges.

Mais literatura argentina no Brasil. A PontoEdita estreará no seu catálogo e no Brasil a obra do escritor Gonzalo Unamuno. São dois romances que saem com tradução de Mauricio Tamboni: Lila e Para acabar com tudo. As obras saem com trabalho visual de Vinícius Alves.

Outro Juan Tallón por vir. A estreia do escritor espanhol no Brasil foi recente com a publicação de Fim de poema pelo selo Poente, da Martins Fontes. Agora, sairá pela editora Nós Obra maestra (em tradução provisória Obra-prima) com tradução de Joca Reiners Terron. 

DICAS DE LEITURA
 
Na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a manter o Letras.
 
1. A história do senhor Sommer, de Patrick Süskind (Trad. Samuel Titan Jr., Editora 34, 96 p.) Uma novela acerca dos anos de formação de um rapaz do interior da Alemanha logo após a Segunda Guerra Mundial marcados pelas constantes, acidentais e decisivas aparições de um enigmático andarilho. Você pode comprar o livro aqui
 
2. Pachinko, de Min Jin Lee (Trad. Marina Vargas, Intrínseca, 528 p.) Da boa safra da literatura oriental que tem chegado aos leitores deste lado do globo, este romance remonta o início dos anos 1900 e sua narrativa perfaz o tema das vicissitudes do amor numa saga dramática que se desdobra ao longo de gerações de uma família no curso de quase um século. Você pode comprar o livro aqui
 
3. Noventa e três, de Victor Hugo (Trad. Mauro Pinheiro, Estação Liberdade, 416 p.) Outro dos grandes romances do escritor francês. A narrativa acompanha um trio de personagens durante as revoltas contrarrevolucionárias de 1793 que conformam três visões diferentes dos eventos que mudavam o curso da história em Paris e na Bretanha. Você pode comprar o livro aqui
 
BAÚ DE LETRAS
 
Na quinta-feira, 25 de abril de 2024, Portugal celebrou a passagem do cinquentenário da Revolução dos Cravos, o dia quando o país começava a sepultar uma longeva ditadura militar de quase meio século. Em nossa página no Instagram recolhemos três dicas de obras literárias que recriaram o dia levantado e principal — colhendo os termos de um romance singular na obra de José Saramago. Recordamos agora os textos que já foram publicados neste blog acerca destes romances:
 
a) o primeiro deles foi Manual de pintura e caligrafia, do próprio Saramago — aqui umas notas de Pedro Fernandes saídas em maio de 2008;
 
b) em seguida, notas do mesmo autor referentes ao Fado alexandrino, de António Lobo Antunes, outro dos romances referidos;
 
c) e, por fim, recordamos este texto de Gabriella Kelmer acerca de O dia dos prodígios, de Lídia Jorge — um livro que, apesar de ser um dos principais dessa escritora, permanece até agora inédito entre os leitores brasileiros.

DUAS PALAVRINHAS
 
A única revolução realmente digna de tal nome seria a revolução da paz, aquela que transformaria o homem treinado para a guerra em homem educado para a paz porque pela paz haveria sido educado. Essa, sim, seria a grande revolução mental, e portanto cultural, da Humanidade. Esse seria, finalmente, o tão falado homem novo.
 
— José Saramago, Diário de Notícias

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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.
 
 

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