No extenso horizonte sangue


no extenso horizonte-sangue
que desenha-se ao longe
enxergo-me nu. desnorteado. desordenado.
fugindo de mim no espaço.

e no vôo rasante
rasgo o céu diamante.
esbarro nas tintas d'aquarela-aurora.
por horas fico suspenso.
o globo corroendo minha coluna.
com seu peso.

desacordo.
enxergo dentro de mim.
minhas entranhas podres.
arranco-as fora:
fígado. baço. intestinos.
e poluo os oceanos.

pendente.
com min'alma nas mãos.
sou vil amante do caos.
da solidão.
de perto transmutado.
dilacerado. desfigurado.

no extenso horizonte-morte.
a escuridão escondeu minha face.
estou cego debatendo-me em trevas.
fugindo de mim no espaço.


* Acesse o e-book Palavras de pedra e cal e leia outros poemas de Pedro Fernandes.

Comentários

AS MAIS LIDAS DA SEMANA

Fedra de Eurípides, Fedra de Racine

11 Livros que são quase pornografia

Seis poemas de Konstantinos Kaváfis

Com licença poética, a poeta (e a poesia de) Adélia Prado

Boletim Letras 360º #669

Dez poemas e fragmentos de Safo