Boletim Letras 360º #497

 
 
DO EDITOR
 
1. Caro leitor, com várias mãos sempre podemos mais. Por isso, as várias possibilidades abertas para que você faça parte da nossa história de quinze anos. Convido o leitor a conhecer sobre o clube de apoios e as alternativas para ajudar este blog com o pagamento das despesas de hospedagem na web e domínio.
 
2. Agora que o pacote com os três livros do último sorteio, realizado no início do mês, chegou às mãos do nosso leitor-apoiador, já é possível dizer quais os próximos títulos. Então, esteja atento aos próximos dias em nossas redes sociais.
 
3. Dessa vez, dois Kits com livros oferecidos pela editora independente Trajes Lunares. E lembro que: a aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste Boletim garante a você desconto e ajuda ao blog sem pagar nada mais por isso.
 
4. Um excelente final de semana com descanso e boas leituras!

Michel Houellebecq. Foto: Philippe Matsas.


 
LANÇAMENTOS
 
Um romance total do vencedor do prêmio Goncourt, um thriller com nuances esotéricas, sátira política e drama familiar.
 
Paul Raison é um funcionário de meia-idade que ocupa um cargo de confiança no Ministério da Economia francês. Apesar do êxito na profissão, sua relação com a mulher está arruinada, e sua vida foi sugada por um vazio existencial. Suas atribuições no governo, no entanto, estão longe de ser pacatas. Ele tem de lidar com um grupo terrorista poderoso, que ameaça seu superior direto, o ministro Bruno Juge. Nesse meio tempo, Juge está engajando em uma corrida eleitoral, como candidato a vice-presidente, e Paul é seu interlocutor mais próximo. Em meio ao calor das ameaças e das disputas, o pai de Paul tem um acidente vascular cerebral, o que o obriga a viajar ao interior da França para reencontrar a madrasta e seus dois irmãos, com quem nunca teve boas relações. Aniquilar é uma crítica incisiva à sociedade contemporânea, mas desta vez Michel Houellebecq mergulha mais fundo ao encarar a dor da perda e o medo na iminência da morte. Com tradução de Ari Roitman, o livro é publicado pela Alfaguara Brasil. Você pode comprar o livro aqui.
 
Natalia Ginzburg, capaz de extrair das miudezas do dia a dia um profundo sentido humano.
 
Um conjunto de cartas narra a vida de um grupo de amigos na Itália da virada dos anos 1970 para os 1980. A história começa com a ida de um deles para os Estados Unidos, onde o plano de viver com o irmão professor em Princeton parece promissor, e termina no relato resignado que uma mulher, devastada pela passagem do tempo, faz de um antigo amante com “longo nariz” e mãos “sempre frias, mesmo quando fazia calor”. Entre uma coisa e outra há mortes, desencontros, separações. É verdade que A cidade e a casa pode ser lido a partir da dicotomia sugerida pelo próprio título: um romance sobre a dissolução familiar que reflete (ou impulsiona) uma dissolução maior, numa época politicamente turbulenta para a sociedade italiana. Mas a melancolia é só um ponto de partida: a energia da prosa de Natalia Ginzburg, autora capaz de extrair grande intensidade e beleza do cotidiano, é um farol que sempre aponta para um mundo mais humano e generoso. Nos variados tons das cartas, que acompanham o estado emocional de cada remetente, a singeleza das motivações tem o mesmo sentido ambíguo. Percebemos o que está oculto nas entrelinhas, os segredos, as pequenas trapaças. A empatia chega a quem lê de modo natural, irresistível. Um romance de rara beleza de uma autora fundamental. A tradução de Iara Machado Pinheiro é publicada pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
No ano do centenário de José Saramago, Leyla Perrone-Moisés oferece uma coletânea de ensaios sobre a obra e o legado do escritor português.
 
“Artemages”, segundo José Saramago em Manual de pintura e caligrafia, era como as pessoas do Alentejo chamavam as artes mágicas. Único escritor de língua portuguesa a receber o Nobel de literatura, ele usava de elementos fantásticos em obras realistas para retratar a sociedade contemporânea e suas nuances e contradições. Neste livro-homenagem, Leyla Perrone-Moisés reúne textos inéditos e materiais já publicados em revistas e jornais para construir um guia para a obra de Saramago. São ensaios que abordam clássicos como Ensaio sobre a cegueira, O evangelho segundo Jesus Cristo, Memorial do convento, Todos os nomes, A caverna, entre outros, e evidenciam a magia incontestável do autor. “Ao me lançar nessa dispensável aventura de comentar seus romances, devo declarar que o faço para prolongar o prazer de sua leitura, mais do que para pretender elucidá-los”, declara a autora na introdução, unindo a admiração que guarda por Saramago à sua exímia experiência como crítica literária. Um presente ao leitor mas também ao escritor, em uma celebração terna ao seu legado incontornável. As artemages de Saramago: Ensaios é publicado pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Uma ode sincera, comovente e bem-humorada à liberdade e ao poder emancipador da rebeldia juvenil.
 
À beira do colapso do sanguinário regime comunista romeno, Paul, um jovem estudante de filosofia, é expulso da faculdade e aproveita para se dedicar a uma banda de rock, ao lado de seu melhor amigo, Fane. Mesmo sem experiência musical, os dois montam uma resistência improvisada, construindo ao lado de uma garçonete de 20 anos um refúgio artístico contra a opressão totalitária. O romance de estreia de Catalin Partenie é uma ode sincera, comovente e bem-humorada à liberdade e ao poder emancipador da rebeldia juvenil escrito a partir da experiência autobiográfica de quem vivenciou as agruras da ditadura de Ceausescu com uma Fender vermelha na mão a mesma retratada na capa do livro. O som do vermelho tem tradução de Tanize Mocellin Ferreira e sai pela DBA Editora. Você pode comprar o livro aqui.
 
O livro-conto-oração de Calila das Mercês.
 
Planta Oração, de Calila das Mercês, é livro-poema-conto que faz a junção da oralidade com a ancestralidade. São as aberturas dos contos, criadas a partir de um som ritmado, que nos lembram de mantras ou ladainhas e vão se apresentando em repetições, que acolhem o ouvido e nos preparam para um novo conto-oração. Cada texto forma um galho desse tronco-texto carregado de memórias-palavras da autora. O livro é publicado pela Editora Nós. Você pode comprar o livro aqui.
 
Uma heroína singular às vésperas da Revolução Francesa.
 
Presa a uma rotina de trabalho no ateliê parisiense do marido alfaiate e aos cuidados dos filhos, após uma estadia de pouco mais de um mês na casa do pai, onde testemunha e experimenta os prazeres e luxos da alta burguesia emergente, a senhora Montjean se revolta: não quer mais trabalhar nem cuidar da prole e se lança numa vida vertiginosa. Com muito ruge nas bochechas, passa os dias entre passeios pelos parques e bulevares de Paris, almoços e jantares regados a muita bebida e jogos sexualizados com novos amigos — para desespero do marido, que vê a reputação da família se arruinar, assim como o seu patrimônio. É por meio do diário de um marido perplexo que acompanhamos em detalhes a reviravolta dessa mulher tomada por um irrefreável desejo de emancipação e de ascensão social, seduzida pela vida libertina da aristocracia da época. Nas mãos de Arlette Farge, uma das historiadoras de maior prestígio da atualidade, a saga do casal se transforma em um caleidoscópio através do qual vemos de perto a sociedade urbana francesa de fins do século XVIII, suas relações e mentalidades, que são o prelúdio da Revolução Francesa. A revolta da senhora Montjean: A história de uma heroína singular às vésperas da Revolução Francesa é publicado pela Editora Bazar do Tempo. Você pode comprar o livro aqui.
 
Os dois primeiros romances de Samuel Beckett em nova edição no Brasil.
 
1. Num quarto de pensão fuleiro, situado no subúrbio de Londres, nu e amarrado por vontade própria a uma cadeira de balanço, Murphy se esforça por fugir aos encantos do mundo exterior, aos apetites do corpo, e se refugiar nas profundezas da sua mente. Ao contrário do sol, que na abertura desta obra brilha, “sem alternativa, sobre o nada de novo”, em Murphy, Samuel Beckett não apenas inova, como inscreve seu nome na tradição da alta comédia filosófica, conferindo forma pessoal ao gênero praticado por Cervantes, Rabelais, Joyce, entre outros. Arquétipo do solipsismo dos heróis beckettianos, “nascido aposentado”, o protagonista sonha com um mergulho em seus abismos interiores, entregue a uma vida mental e livre de compromissos mundanos: mulheres (a noiva deixada para trás ao trocar Dublin por Londres; a namorada que insiste para que arrume um emprego), amigos (o poeta Ticklepenny; o filósofo de quem se fez discípulo; um pitagórico) e figuras inconvenientes ocasionais (o detetive contratado para localizá-lo, por exemplo). Numa narrativa em que o primor estilístico não é o menor dos prazeres — “no princípio era o trocadilho”, proclama, joyceano, o romance —, Beckett corta as amarras com a convenção realista e se impõe, inventor de linguagem, desde o princípio. Você pode comprar o livro aqui.
 
2. Depois do brilho virtuosístico de Murphy, seu romance de estreia, Samuel Beckett saiu-se com Watt, de 1953. Confirmando seu talento único, a narrativa marcou também uma guinada, anunciando o Beckett que acabou por se notabilizar: aquele atento ao papel que a impotência e a falha jogam na experiência humana, mas sem perder o humor, jamais. Escrito na clandestinidade, entre fugas da Gestapo e colheitas de uvas, no sul da França ocupada, Watt acompanha a saga do personagem-título, um “funâmbulo cambaleante” e campeão da razão inquiridora que se vê acuado, hostilizado e posto à margem pelos tipos (memoráveis) em que esbarra — encarnações de um mundo irracional, mas convencidos de sua própria importância e seriedade. Divertido, corrosivo, exigente e único, erguido entre escombros das convenções narrativas e assombrado pela falência iminente da linguagem, bebendo em resquícios da memória da infância dublinense do autor, Watt tem lugar único na galeria dos heróis beckettianos. Os dois livros foram traduzidos por Fábio de Souza Andrade e são publicados pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Edimilson de Almeida Pereira estreia na José Olympio com livro de poemas dedicado a seu amigo Milton Nascimento, que completa 80 anos.
 
Um ano após vencer, com livros diferentes e em um intervalo de quinze dias, o Prêmio São Paulo e o Oceanos, Edimilson de Almeida Pereira, um dos escritores contemporâneos mais renomados, estreia na Editora José Olympio com O som vertebrado. Organizado em quatro partes — “Mapa em colapso”, “O som vertebrado”, “Escavações” e “Porte étoile” –, o livro apresenta quarenta e cinco poemas inéditos, que dialogam com forças naturais, humanas, maquínicas e espirituais. Nestas páginas, despontam cantos advindos dos mais de quatrocentos anos de trabalho de escavação nas terras de Minas Gerais. Os ecos desse ofício ainda estão impressos no relevo, nos animais, nas construções e nas pessoas; e são expostos aqui nas palavras do premiado escritor Edimilson de Almeida Pereira. Conforme Evando Nascimento indica no texto de orelha do livro, “Trata-se de experiência outra, diferencial, de um poeta latino-americano, cuja textualidade se faz por matrizes ocidentais e não ocidentais, rompendo com os imaginários limites geográficos. [...] É uma poesia que passa incessantemente do individual ao coletivo, e vice-versa. Sobressai-se, desse modo, uma inteligência extremamente sensível, reunindo humanos, minerais, plantas e animais, por vezes numa mesma dor. [...] Dedicado a nosso trovador maior, Milton Nascimento, O som vertebrado se afirma como uma cosmopolítica babélica, com signos disseminados em defesa da vida nas mais variadas feições”. Você pode comprar o livro aqui.
 
Um olhar emocionante sobre os eventos que moldaram a história recente do Brasil por uma das vozes mais admiráveis da poesia contemporânea.
 
Neste longo e comovente poema, a autora do premiado Solo para Vialejo narra um episódio ainda pouco comentado na história recente do Brasil: a Guerrilha do Araguaia. Ao entrelaçar memórias pessoais, acontecimentos históricos e referências culturais das décadas de 1960 e 1970, Cida Pedrosa constrói um retrato brutal do autoritarismo e da violência do Estado — mas revela também uma inabalável esperança em construir outro futuro. Para o poeta Edimilson de Almeida Pereira, que assina a orelha do volume, “Cida Pedrosa responde às ruínas da história com um poema-mundo que, movido pela utopia de falar a todos sobre tudo, exorciza o horror e se ancora firmemente, como testemunha a poeta, numa ‘esperança andarilha’”. Araras vermelhas sai pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
Um testemunho pungente e honesto de um sobrevivente dos campos de concentração.
 
Habitar as trevas traz o testemunho comovente Fred Sedel, sobrevivente dos campos de concentração Neste livro preciso e honesto temos a história de um homem sozinho diante das inconcebíveis atrocidades nazistas. Um relato duro, porém essencial, para que os erros do passado não sejam repetidos. Com tradução de Lucília Teixeira, o livro sai pela Editora Nós. Você pode comprar o livro aqui.

As passagens de Armando Freitas Filho pelos territórios da prosa.

Após décadas de dedicação à poesia, Armando Freitas Filho publica pela primeira vez sua prosa reunida em um volume que celebra a força da memória. Os textos de Só prosa — alguns inéditos e outros publicados na imprensa ou em plaquetes — perfazem a formação literária de um dos principais poetas brasileiros. Estão reunidas as lembranças do primeiro contato com os livros, entremeadas por relances da Copa do Mundo de 1950, reflexões sobre o ofício da escrita e anotações sobre a implacável passagem do tempo, tendo sempre como pano de fundo a paisagem do Rio de Janeiro. Ana Cristina Cesar, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar e Carlos Sussekind são alguns dos nomes que recebem o atento e singular olhar do autor. Dividido em duas partes — “Eu” e “Eles” —, este livro é um mergulho na própria trajetória afetiva e intelectual de Freitas Filho. Você pode comprar o livro aqui.
 
O novo romance de Carola Saavedra: uma viagem onírica pela Cordilheira sul-americana, em que ancestralidade e identidade se confundem — e se confirmam — através dos muitos fragmentos que recompõem o passado, o presente e o futuro.
 
Prosa, diário, teatro — são esses gêneros narrativos a contornar a Cordilheira que atravessa este romance. Em uma incursão introspectiva, que perpassa a América Latina e seu passado marcado por invasões, massacres e lutas, Carola Saavedra se volta para questões individuais ao mesmo tempo em que se expande para um universo coletivo. Como escreve Julie Dorrico na orelha desta edição, a “Cordilheira, essa personagem não humana, expõe uma antiga ferida que perdura neste continente: a farsa da identidade nacional singular já combalida de tantas mentiras”. Com este livro intenso e provocativo, Carola Saavedra mais uma vez se confirma como uma das grandes escritoras brasileiras do século XXI. O manto da noite é publicado pela Companhia das Letras. Você pode comprar o livro aqui.
 
RAPIDINHAS
 
Mais Carlos Drummond de Andrade. A nova casa do poeta publica novas edições de A rosa do povo e As impurezas do branco; os livros trazem novos posfácios de Affonso Romano de Sant’Anna e Bruna Lombardi, respectivamente.
 
Ainda Carlos Drummond de Andrade. A editora Record publica ainda as antologias Quando é dia de futebol, com posfácio de Pelé e O gato solteiro e outros bichos.
 
A homenageada da Flip 2022. A Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), que alcança em 2022 duas décadas, homenageia a primeira romancista negra brasileira, Maria Firmina dos Reis.
 
REEDIÇÕES
 
Nova edição de um dos principais livros de Autran Dourado.
 
Numa pequena cidade do interior mineiro, Rosalina vive enclausurada num antigo sobrado, construção iniciada por seu avô, o truculento coronel Lucas Procópio, e continuada por seu pai, João Capistrano. Afastada de todos, Rosalina conta apenas com a companhia de Quiquina, uma empregada muda, e de relógios parados. Mas a chegada de José Feliciano, ou Juca Passarinho, promete transformar para sempre a rotina cativa da moça, única e solitária herdeira da família Honório Cota. Selecionada pela Unesco para integrar a Coleção de Obras Representativas da Literatura Universal, esta obra-prima de um dos mais importantes escritores brasileiros do século XX traz para a literatura a orquestração trágica de uma verdadeira ópera. A nova edição de Ópera dos mortos é publicada pela HarperCollins e conta com prefácio de Itamar Vieira Júnior. Você pode comprar o livro aqui.
 
Coletânea relançada pela Alfaguara, nos mostra a dimensão multifacetada de João Cabral, oferecendo aos leitores um mergulho em sua poesia.
 
Lançada originalmente em 2010, com o título João Cabral de Melo Neto: poemas para ler na escola, esta antologia ganha agora uma edição ampliada, mostrando sua atualidade e relevância. João Cabral de Melo Neto, autor de um dos poemas mais conhecidos da nossa literatura — Morte e vida severina —, é dono de uma poesia atemporal, que influenciou gerações de leitores. Ao contemplar diversas fases da trajetória artística do poeta, esta seleção traz também seus temas mais emblemáticos, tornando-se uma perfeita porta de entrada para os que querem ter contato com sua obra, sem desconsiderar aqueles que já estão familiarizados com ela. A educação pela pedra, Museu de tudo e Uma faca só lâmina são apenas alguns dos livros que emprestaram seus versos para Poesia, te escrevo agora, que se divide em quatro partes: figuras e paisagens; o nordeste, seus heróis e destino; objetos; e, o poeta. Ao fim, é possível vislumbrar com nitidez a engenharia poética e a genialidade deste admirável escritor. Você pode comprar o livro aqui.
 
OBITUÁRIO
 
Morreu Javier Marías.
 
Javier Marías nasceu em Madri a 20 de setembro de 1951. Formado em Letras e especializado em Filologia, trabalhou como roteirista e tradutor antes de publicar seu primeiro livro, Os domínios do lobo, em 1971. Exerceu atividades de docência em Literatura Espanhola e Teoria da Tradução na Inglaterra, Estados Unidos e Espanha. Entre romances, ensaios e coletâneas de contos, escreveu mais de trinta livros, entre eles Coração tão branco, Os enamoramentos, Assim começa o mal, além da trilogia Seu rosto amanhã.  Apostado algumas vezes para o Prêmio Nobel, o escritor recebeu vários outros reconhecimentos importantes, como o Prêmio Herralde (1986), o Prêmio Rómulo Gallegos (1995) e o Prêmio Iberoamericano de Letras José Donoso (2008). Javier Marías morreu a 11 de setembro de 2022 em Madri.
 
Morreu Vítor Manuel de Aguiar e Silva.
 
Aguiar e Silva nasceu em Real, a 15 de setembro de 1939. Professor, pesquisador, escritor e poeta, iniciou os estudos no Liceu Nacional de Viseu. Concluiu o curso de Letras/ Filologia Românica na Universidade de Coimbra, e depois de obter o seu doutoramento em Literatura Portuguesa, assumiu a carreira de professor na Faculdade de Letras da mesma universidade em 1979. Depois passou a trabalhar na Universidade do Minho, onde foi Professor Catedrático do Instituto de Letras e Ciências Humanas, fundou e dirigiu o Centro de Estudos Humanísticos e a revista Diacrítica. Destaca-se como um dos mais importantes exegetas dos estudos camonianos — sobre o poeta de Os lusíadas, publicou vários títulos, incluindo a coordenação do monumental Dicionário de Luís de Camões; seu manual Teoria da literatura se tornou presença constante entre estudiosos da literatura. Recebeu vários prêmios, incluindo o Prêmio Camões em 2020 e o Prêmio Vergílio Ferreira em 2003. Vítor Manuel de Aguiar e Silva morreu a 12 de setembro de 2022.
 
Morreu Antonio Arnoni Prado.
 
Arnoni Prado nasceu em São Paulo, em 1943. Concluiu mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo. Foi professor no Departamento de Teoria Literária da Unicamp. Entre seus trabalhos incluem-se a edição da crítica literária dispersa de Sérgio Buarque de Holanda em O espírito e a letra (Companhia das Letras, 1996, 2 vols.), e várias coletâneas de ensaios críticos como Trincheira, palco e letras (Cosac Naify, 2004), Itinerário de uma falsa vanguarda: os dissidentes, a Semana de 22 e o Integralismo (Editora 34, 2010, Prêmio Mário de Andrade da Fundação Biblioteca Nacional), Lima Barreto: uma autobiografia literária (Editora 34, 2012) e Dois letrados e o Brasil nação (Editora 34, 2015, vencedor do Prêmio Rio de Literatura na categoria ensaio). Mais recente, estreou na ficção com o romance O último trem da Cantareira (Editora 34, 2019). Antonio Arnoni Prado morreu a 11 de setembro de 2022.
 
DICAS DE LEITURA
 
A obra de Maria Firmina dos Reis, do que chegou até nós, é breve e irregular. Até ser resgatada em meados dos anos setenta com seu único romance, sabe-se que muito do seu trabalho se perdeu — os diários, por exemplo, foram comprometidos pela própria família que não via como bons modos o trabalho de escritora da professora maranhense. A escolha do seu nome para um dos mais importantes eventos literários da América Latina é, por isso, singular. Poderia ser a ocasião, se as coisas fossem planejadas no país do improviso, para uma publicação entre nós de uma edição criteriosa da sua obra completa, dispersa nas mãos de editoras mais preocupadas com o nicho comercial que qualidade do que publicam. Na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a manter o Letras.
 
1. Úrsula. O romance de Maria Firmina dos Reis já recebeu várias edições e para gostos dos mais variados leitores. Se não a melhor, mas a mais recomendada é que foi publicada pela Penguin-Companhia em 2018. O livro de feição ultrarromântica é variadamente pioneiro: um dos primeiros romances de autoria feminina no Brasil e integrado a uma tradição da qual Harriet Beecher Stowe foi precursora, o romance de denúncia do escravismo contra negros no passado colonial da América. Você pode comprar o livro aqui
 
2. A escrava: antologia de prosa e versos. Além do romance, Maria Firmina dos Reis escreveu novela e poesia. O conto “A escrava”, a novela “Gupeva” e mais de trinta poemas dos livros Cantos à beira-mar e da antologia Parnaso maranhense foram reunidos nesta antologia aqui recomendada, publicado no âmbito da coleção Obras Escolhidas, editada pela Editora Hedra. A organização é de Rodrigo Jorge Ribeiro Neves. Você pode comprar o livro aqui.  
 
VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
 
1. No dia 17 de setembro de 1883, nasceu o poeta William Carlos Williams, de quem continuamos à espera seja da reedição de uma antologia da sua poesia preparada por José Paulo Paes ou uma nova edição com sua obra. Do blog da revista 7faces, estes poemas.
 
BAÚ DE LETRAS
 
1. Serotonina foi antes de Aniquilar o livro de Michel Houellebecq publicado no Brasil. O romance também publicado pela Alfaguara Brasil, foi lido e comentado por Pedro Fernandes neste texto
 
2. Ao referir o nome de Harriet Beecher Stowe, na seção Dicas de Leitura, recordamos a publicação sobre a escritora estadunidense aqui; e, na mesma linha de interesse que une esta escritora à brasileira Maria Firmina dos Reis, vale ler este texto de Fábio Ferreira Barreto, “Vozes femininas negras”.    
 
DUAS PALAVRINHAS
 
Sim, todos nós somos arremedos de gente que quase nunca conhecemos, gente que não se aproximou ou passou ao largo na vida de quem agora queremos, ou que se deteve mas se cansou com o tempo e desapareceu sem deixar rastro ou só a poeira dos pés que vão fugindo, ou que morreu para aqueles que amamos causando-lhes mortal ferida que quase sempre acaba cicatrizando.

― Em Os enamoramentos, de Javier Marías


Senhor Deus! Quando calará no peito do homem a tua sublime máxima — ama a teu próximo como a ti mesmo —, e deixará de oprimir com tão repreensível injustiça seu semelhante!…
 
― Em Úrsula, de Maria Firmina dos Reis

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