Dez livros que ganharam (ou quase) o Oscar
Por Daniel Morales
Alguns amantes do cinema conservam a paixão pela
sétima arte além da sala do cinema; dos filmes cujo roteiro nasce das páginas
de um livro, também preferem, alguns antes da peça cinematográfica, a obra que
lhe deu origem. Pois bem, esta é uma lista pensada para o leitor cinéfilo ou o
cinéfilo leitor. E como são muitas as adaptações literárias, utilizamos um
critério para pensar os títulos aqui incluídos: as que foram nomeadas ou
tiveram uma ligação com as premiações do Oscar.
Por mais que se critique o efeito comercial de
Hollywood, é preciso sublinhar que alguns livros talvez tivessem caído no
esquecimento se não fosse a relevância alcançada pelo filme entre os premiados
ou premiáveis. Um exemplo? Todos sabem que Perdidos
na noite é um filme que ganhou o
prêmio de Melhor Filme, mas poucos sabem que o roteiro é produto do livro de
James Leo Herlihy. Bom, aí está a lista. São de filmes baseados em obras
literárias que ganharam ou estiverem nomeados ao Oscar de Melhor Filme.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSlJRvOqVnw2POLaFqCyDDi4YqIEqcMjHOsWdgYxgYtqSJXONB-dKHclOXWXGEcvA-aMFbAe2pG5DcnDu1zOVpXVbE5WrIjZ1y9nx8GOvVC93omlagFq2oIS3htbiDSnSNRS65fDY57g/s640/onde-os-fracos-nao-tem-vez-papo-de-cinema-04.jpg)
Onde os
fracos não têm vez (2008), dos Irmãos
Coen, baseado no romance de Cormac McCarty. Adaptar a obra desse escritor é uma
tarefa quase impossível por causa da narrativa e das descrições que faz. Ao
invés de tentar reproduzir o que se passa no livro, os Irmãos Coen criaram seu
próprio ambiente para esta espécie de retomada do velho oeste na sociedade contemporânea. Javier Bardem
também ganhou o Oscacr de Melhor ator pela interpretação do vilão.
Sangue negro (2008), de Paul Thomas Anderson, baseado no livro de
Upton Sinclair. Há gente que não pode ver além do óbvio; essas pessoas
normalmente se dedicam a escrever grandes textos teóricos para decifrar tudo o
que um filme ou fotografia realmente dizem. Thomas Anderson, de alguma forma
faz com todos nós façamos isso inconscientemente. Sangue negro é um filme pesado e difícil, mas é capaz de fazer você
entrar noutro mundo e não lhe mostra a luta de um homem por galgar seu império
mas a mesma relação entre Deus e o Diabo e sem deixar de sublinhar os problemas
fundamentais da humanidade numa simples história.
O Senhor dos
anéis: o retorno do rei (2003), de
Peter Jackson, baseado no livro de J. R. R. Tolkien. Ao ver este filme arte você
pode esquecer de uma indústria cinematográfica, do Oscar e de tudo o que não se
relacione com a terra média. A razão? Você verá o trabalho de um homem que
realmente ama obra que filmou. Peter Jackson é um nome tão importante para O Senhor dos anéis como é J. R. R.
Tolkien e embora pareça heresia, ele levou uma das maiores aventuras de fantasia
a milhões de pessoas e o fez com a maestria de alguém que está fazendo arte e
não entretenimento.
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Apocalipse
now (1979), de Francis Ford Coppola,
baseada no romance de Joseph Conrad. As filmagens dessa produção foi um
inferno, mas o resultado condiz com o fato de ser este um dos filmes mais
ambiciosos da história do cinema. Todo esforço não terá valido para os delegados
do Oscar; apesar de nomeado a Melhor Filme, a produção não levou o prêmio.
O poderoso
chefão (1972), de Francis Ford
Coppola, baseado no livro de Mario Puzzo. Drama, ação, romance, comédia – cabe
quase todos os gêneros nesse filme e isso é só uma das razões de sua
grandiosidade. Ao ver o filme, o leitor logo se dará conta de que se trata uma
das melhores histórias já contadas. Não é possível não amar Vito, odiar e
querer Sonny, sentir pena por Fredo e enfrentar-se com uma das personagens mais
complexas da história do cinema: Michael Corleone. O poderoso chefão merecer um lugar especial porque foi a única
produção cuja sequência também ganhou o Oscar de Melhor Filme e cuja personagem
Vito Corleone deu o Oscar de Melhor Ator a duas pessoas que o interpretou nos
dois filmes.
A primeira
noite de um homem (1967), de Mike
Nichols, baseado no livro de Charles Webb. “Mrs. Robinson, are you trying to
seduce me?” Dustin Hoffman passou para a história do cinema com essa frase e
desde então passou a trabalhar para mostrar que era capaz de construir qualquer
personagem. Um jovem sedutor, uma canção de Simon & Garfunkel, uma cena
parodiada até o cansaço e uma história cheia de paixão e erotismo é mais que
suficiente para ser considerada entre o melhor que existiu no cinema.
Dr.
Fantástico (1967), de Stnaley
Kubrick, baseado no livro de Peter George. Parece que o único escritor que
sobreviveu aos filmes de Kubrick foi Stephen King; todo mundo só recorda da
adaptação de O iluminado como uma das
produções mais marcantes do cinema. Mas, Kubrick adaptou com maestria também
Peter George. E aqui, o diretor se envolveu a tal ponto com o filme que tem seu
dedo na fotografia, som, figurino, iluminação e até nos efeitos especiais. Quem
amou Queime depois de ler por seu humor negro e inteligente também
amará Dr. Fantástico.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4RhXmdBDTGHZWL7ZjDiMJzx1Z0sXksVPQ_SyODsHGvL8_tU37S3gpnjC8IquomhzPNI-vWudwxfMGRc8MTEyaeRnGrgr_LeqWVh93nJqLBKUICG2c2sQZ0NmmHK8mhzfqKIvi0KVwXw/s640/O-Sol-%25C3%25A9-Para-Todos.jpeg)
O sol é para
todos (1962), de Robert Mulligan,
baseado no romance de Harper Lee. Quando um livro pode mudar um país, não há
dúvida que se trata de uma obra transcendental. A escritora estadunidense
conseguiu esse feito e com uma só obra. A magistral narrativa ganhou o gosto de
Mulligan que deu a Gregory Peck o papel – desde então imortalizado – de Atticus
Finch. Apesar da importância e de ter levado o Oscar em duas categorias, não
recebeu o prêmio de Melhor Filme. Havia no caminho Lawrence da Arábia.
Gigi (1958), de Vincente Minnelli, baseado no livro de
Collete. Existem muitos filmes que mostram a viagem de felicidade, a depressão,
e o retorno. Esses filmes hoje se consideram obsoletos, mas por décadas foram a
fórmula de ouro para um grande êxito. Gigi
é um dos musicais que talvez não seja tão lembrado, mas elementar para
entender todo o cinema comercial desde o momento em que estreou em 1958. Sem
ele, toda evolução musical e sonora não haveria sido a mesma, além de tudo é
uma das histórias mais belas do cinema.
A um passo
da eternidade (1953), de Fred
Zinnemann, baseado no romance de James Jones. Outro filme cuja cena é tão
famosa que tem sido recriada pelos Simpsons ou no melhor clipe do The Killers.
Um casal que mostra a felicidade extrema correndo pela praia, aproximando-se um
do outro e fundindo-se num beijo que os joga frente às ondas do mar. Poesia visual
que é difícil de esquecer e sem a qual não poderíamos conceber o cinema da
mesma forma. Uma grande história de amor, fidelidade e honra contada com a
presença de Frank Sinatra como uma das personagens secundárias.
*
Farrapo
humano, Quo Vadis, No calor da noite,
Cavalo de guerra e mais. São muitos
os excelentes filmes que chegaram às vistas
de ganhar o reconhecimento do Oscar e que merecem a atenção do espectador. E, claro,
não esquecer que as obras que os deram forma também têm muito a dizer aos
leitores.
* Publicado inicialmente em Cultura Colectiva.
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