A descoberta da realidade em O Aleph, de Jorge Luis Borges

Por Candido Pérez Gallego



As duas citações apresentadas na abertura de O Aleph indicam ao leitor as duas dimensões entre as quais se move este conto. A referência a Hamlet, com uma alusão ao infinite space se liga com uma menção ao Leviatã onde se fala sobre Infinite gretnesse of Place. As duas coordenadas mantêm com O Aleph uma espécie de oportuno prólogo e ambas frases, a de Shakespeare e a de Hobbes, nos oferecem um testemunho sobre a infinitude. Daí que devemos entrar em O Aleph com um vago pressentimento de que esconde algo marcado de eternidade. É assim que Borges se comunica com o futuro. Suas narrativas, tão rodeadas muitas vezes do presente com centenas de referências e suportes bibliográficos, se perdem no que seja o tempo porvir; são como projetos improváveis, hipóteses incertas. O Aleph não é uma exceção.

A história que Borges nos conta está centrada numa figura pertencente a esse plano ambíguo real-ideal que se chama Beatriz Viterbo. Os heróis da obra do escritor são como “pretextos” para entrar numa série de “interrogações”, são sintomas de um caminho cujo limite é a introspecção. Beatriz Viterbo se converte nas mãos de Borges no mesmo motivo de investigação “erudita” a um poema de Milton ou a um soneto de Quevedo. É evidente que Borges aplica aos seus contos uma metodologia bibliográfica, um modo de análise absolutamente literário. Por isso, O Aelph será uma vereda que conduz a um ponto concreto: a possessão do símbolo. Neste trecho, Borges opera um processo de “erudição”, um caminho de “desmascarar” situações e heróis. O Aleph seria, se assim compreendido, não um relato, mas um método, uma forma de conceber a técnica narrativa. Se a narração deve ser um caminho até à verdade, esse modo de Borges em abordar a realidade por meio de dados que vão a esgarçando tem todas as garantias de uma sincera aproximação ética até um tema. E não se trata de que neste conto de Borges se plante o tema tão reiterado da fugacidade caprichosa do tempo, mas o que se desenha com evidência é um modo de entrar na essência do viver.

Recordemos deste belo relato um vibrante quadro de época, do ano de 1929, data da morte de Beatriz Viterbo, assim um matizado “retrato de uma dama” observada por quem narra a ação. Desse modo, Beatriz Viterbo aparece em relação com circunstâncias, situações e objetos. Está observada em seu mundo de situações cotidianas. Até se desenham alguns nomes ao seu redor: Carlos Argentino Daneri, que será “enfrentado” por Michael Drayton e seu Polyolbion. E, será esta personagem quem descobre o mistério da narrativa e a pessoa que serve de método para chegar a uma realidade. Este acaso pode nos trair a memória, já que no mundo de Borges o “caminho científico” de aproximação aos fatos “misteriosos” está obstruído e, por assim dizer, submetido às forças estranhas mas de índole “acessível”. O que encerra O Aleph, isto é, uma maneira de chegar ao conhecimento de uma mulher, é desvirtuado pela descoberta do anedótico, pelo enfrentamento com o “simbólico”.

O Aleph entrecruza várias buscas. Por um lado, o narrador do conto tende a buscar tudo o que se refere a Beatriz Viterbo, de quem não encontra mais que retratos ou recordações. É como uma mulher inalcançável, morta em 1929 e levada da casa à rua Garay. Seu desaparecimento não é total uma vez que resta o seu primo Carlos Argentino Daneri, que se torna o centro da narrativa. A história do primo, seus pobres poemas ou sua fictícia atuação, está limitada por duas grandes margens. Por lado, a memória de Beatriz Viterbo; por outro, o segredo que guarda no sótão de casa, isto é, O Aleph. Borges recorda Beatriz e pouco a pouco cai num roteiro vulgar e artificial que conduz a uma inesquecível experiência “mística” que chega a “devolver” até o mais valioso do conto, isto é, Beatriz. A insistência de Carlos parece marcada por um desejo de dar a conhecer algo escondido e puro. No sótão, O Aleph aguarda o narrador, e uma vez consultado se torna num universo infinito de indícios, palavras e memórias. É assim que se manifesta esta qualidade: “Nesse instante gigantesco, vi milhões de atos prazerosos ou atrozes; nenhum me assombrou tanto como o fato de que todos ocupassem o mesmo ponto, sem superposição e sem transparência.” É desse modo que Borges entra num autêntico “monólogo interior” onde fervem numerosas emoções sobrepostas, como se fosse o final do Ulysses.

A visão de O Aleph serve para criar uma nova realidade onde aparecem recordações e sensações e onde há uma referência a algo doloroso – e talvez desconhecido – “vi numa gaveta da escrivaninha (e a letra me fez tremer) cartas obscenas, inacreditáveis, precisas, que Beatriz dirigira a Carlos Argentino”. Esta referência, descoberta graças a O Aleph, acrescenta uma nova informação, o verdadeiro significado do relato, que é a história de Beatriz Viterbo. Esta mulher, tal como a protagonista de Retrato de uma senhora, de Henry James, se “revela” conforme avança a narrativa. Assim considerada esta narrativa poderíamos convir que O Aleph é um processo de entrada na verdade, ainda que alcançado por meios fortuitos e misteriosos. Um processo de capturar os acontecimentos autênticos.

O Aleph contém implícitos cada um dos recursos narrativos de Jorge Luis Borges. Se por um lado sua trama pode ser a de uma “rememoração”, por outro tem o sentido interno de uma descoberta, de um achado. Mas até de um modo de encontrar inesperado e quase diríamos absurdo. Isto é, neste conto encontramos o que não buscávamos. E o que verdadeiramente se busca – em definitivo, qualquer referência a Beatriz Viterbo – desaparece. Este modo de narrar em duas dimensões, tão reiterado por Borges, constitui uma das chaves mais seguras para entrar em seu estilo. É a presença do mistério – no caso de O Aleph um mistério possuído e, no fim, conquistado – e o progressivo afastar-se da pessoa morta. Não seria demais considerar que a intenção desse conto, por semelhança, é a mesma dos Four Quartets, de T. S. Eliot, ou as de Quineser Elegien, de Rilke.

O Aleph pode ser entendido como um conto que abre e manifesta uma concepção de mundo e até, em sua aplicação prática, um método estilístico. Tudo nele gira em torno a uma dualidade: os dois protagonistas, Beatriz Viterbo e Carlos Argentino Daneri, que indicam uma relação ambígua e complexa, ainda que depois parcialmente revelada; o outro plano fantástico, irreal e “visionário” opõe-se ao anterior nível sentimental. É com este duplo prisma que podemos detectar em O Aleph um instante de convergência do meramente sentimental num nível de mistério o que nos pode levar a pensar como na estilística de Borges existe sempre uma “vigilância” do fantástico sobre o corriqueiro, uma estreita observação que, sem dúvidas, raras vezes se pode considerar religiosa.

O nível de “familiaridade” em O Aleph está submetido a um estreito enquadramento espacial. A casa da rua Garay. Nela viveu Beatriz Viterbo e nela vive seu primo, Carlos Argentino. Este breve espaço só está materializado na relação com a mulher morta em 1929. Tudo está “literatizado” ao redor dela. Desse modo entramos no mundo do passado dessa casa e as visitas anuais do narrador do conto à casa em todos os 30 de abril. Carlos cria outra vereda na narrativa. Sua vocação poética conduz a um mundo de visões alucinantes que levam ao achado de O Aleph. Desta forma o conto entra em nível da irrealidade e se converte numa narrativa fantástica tão próxima as de Edgar Allan Poe ou Franz Kafka. Essa irrealidade traz algumas informações objetivas e nítidas. Algumas “mensagens”. É como uma voz que revela tudo o que até então estava oculto. Daí que, graças a este pretexto se pode chegar à verdade, ao que o próprio conto ocultava.

Pode O Aleph ter dupla intenção? O importante estudo de Ana María Barrenechea, La expresión de la irrealidad en la obra de Jorge Luis Borges¹ não vacila em iniciar sua análise com um amplo capítulo dedicado ao infinito. Neste esquema a autora entra em O Aleph repetidas vezes. Mas o que nos importa agora não é precisamente a relação de O Aleph com o infinito – que já assinalamos desde o começo, acreditada pelas menções a Shakespeare e Hobbes –, e sim como o plano do cotidiano – estamos usando uma concepção de Lukács² – se projeta até aos confins do eterno. Noutras palavras, como a história sentimental – e de marcada índole amorosa – pode se converter numa metáfora da infinitude. O problema poderia se resolver no próprio O Aleph. Na narrativa que nos ocupa há um latente sintoma de “irrealidade” desde a lugar íntimo das situações. Frases como as sussurradas pelo narrador num comovente “monólogo interior” podem ser consideradas simbólicas: “Mudará o universo mas eu não, pensei com melancólica vaidade; sei que, alguma vez, minha vã devoção a exasperara; morta, eu podia consagrar-me a sua memória, sem esperança mas também sem humilhação.” – palavras que nos deixam patente um princípio de latente espiritualidade.

É aqui quando Borges inicia uma autêntica recherche du temp perdu, uma batalha com as recordações e uma impossível luta contra a morte. Mas todo este processo vem marcado pela criação de uma narrativa autônoma no interior de O Aleph. Não vamos agora recordar a importância que Borges atribui “à narrativa dentro da narrativa”, o que o aproxima de grandes narradores contemporâneos, desde os de William Faulkner aos de Virginia Woolf. Sim, achamos importante citar como os sucessivos relatos derivados da vértebra principal numa narrativa de Borges estão todos em relação, uns com os outros, e pertencem a categorias afins. É assim como Borges injeta o real no literário. É com este recurso que dobra a realidade de toda sua produção: o cotidiano e o literário.

Assim enquadrado, O Aleph viria a se converter não num relato sobre uma possessão do infinito, mas numa bela fábula centrada na maneira de compreender a vigência e a constância do passado. Não é o infinito o que “protagoniza” a narrativa, mas a capacidade do homem de “sonhar com o infinito”. O Aleph está mais próximo a um “sonho do impossível” que a uma abstração metafísica. E nesse sonho sem limites o brusco encontro com a realidade, a volta ao começo. A chegada ao ponto de partida.

Insistamos mais nesse outro recurso de Borges. Ele em Biografia de Tadeo Isidoro Cruz e em Emma Zunz ou ainda em Deutsches réquiem se proclama de maneira evidente um desejo de “chegar à verdade” depois de uma abordagem inicial. Desse modo, o narrado ou a narração se convertem em modos de resolver um problema, em etapas, até revelar o inexprimível. A obra de Borges se vale de alguns recursos, às vezes metafóricos ou alegóricos, para colocar em relevo uma penosa evidência, como a limitação do homem em seu “sonho de infinito”. O Aleph penetra neste problema por meio de uma das coordenadas mais sinceras: a impossibilidade humana de alcançar seu sonho. Daí que o afã científico em obras como, por exemplo, As ruínas circulares, não conduza a um final seguro e, por sua vez, que este método da introspecção de O Aleph, tão devedor das formas do stream of consciousness, cheguem a um bom êxito.



Portanto, O Aleph, trânsito mediado a partir “do cotidiano”, tão refletido em Carlos Argentino, até ao “excepcional”, está marcando uma maneira nova de conceber a obra literária. Uma forma de fazer da arte de narrar uma trajetória que a leve a uma verificação dos fatos. Ouçamos as emocionadas palavras do narrador de O Aleph no momento máximo de sua descoberta:

“Na parte inferior do degrau, à direita, vi uma pequena esfera furta-cor, de quase intolerável fulgor. A princípio, julguei-a giratória; depois, compreendi que esse movimento era uma ilusão produzida pelos vertiginosos espetáculos que encerrava. O diâmetro do Aleph seria de dois ou três centímetros, mas o espaço cósmico estava aí, sem diminuição de tamanho. Cada coisa (o cristal do espelho, digamos) era infinitas coisas, porque eu a via claramente de todos os pontos do universo.”

Neste preâmbulo a descoberta da realidade conduz a um maravilhoso sonho de fantasia. Num monólogo interior vão se mesclar, em multicolorida efervescência, recordações vivas:

“Vi o populoso mar, vi a aurora e a tarde, vi as multidões da América, vi uma prateada teia de aranha no centro de uma negra pirâmide, vi um labirinto roto (era Londres), vi intermináveis olhos próximos perscrutando-me como num espelho, vi todos os espelhos do planeta e nenhum me refletiu, vi num pátio da rua Soler as mesmas lajotas que, há trinta anos, vi no vestíbulo de uma casa em Fray Bentos, vi cachos de uva, neve, tabaco, veios de metal, vapor de água [...]”

Esta “confissão” realizada frente à misteriosa esfera tem o significado de posse do infinito, de conquista do desejado, embora captura de modo convencional e fortuito. Por isso, Borges dirá sinceramente sobre sua dívida para com H. G. Wells e The Crystal Egg na concepção de O Aleph, o que poderia incluir ainda a aproximação com uma tradição do romance gótico britânico tão recorrente em Wells, assim como nas memórias de Der Golem, de Gustav Meyrink ou Edgar Allan Poe. E, até a sua última obra, O fazedor, esta tendência à enumeração de objetos estará patente, como se atualizando a fórmula visionária de O Aleph:  

“Um homem se propõe a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos, povoa um espaço com imagens de províncias, de reinos, de montanhas, de baías, de naus, de ilhas, de peixes, de moradas, de instrumentos, de astros, de cavalos e de pessoas. Pouco antes de morrer, descobre que esse paciente labirinto de linhas traça a imagem de seu rosto.”

– que na essência não está distante de O Aleph da Polyolbion. Essa mesma preocupação pelo espaço infinito será outra das características da arte de Borges que se esforça por “alcançar” esse espaço por uma série de objetos que “enxertam” uns nos outros, em perfeita ordem. Este mundo de objetos, de índole associativa, aparece no conto da rua Garay como uma revelação, sendo que talvez responda – em essência – a um simples recurso de associações sensoriais. Borges desdobra um horizonte – infinito, certamente – de objetos que significam para ele seu mundo de preferências ou ainda seu paraíso de necessidades. (É curioso, e como observamos, como tudo o que é labiríntico e misterioso ocupam um lugar proeminente na enumeração de circunstâncias). Pois, na verdade, esse caos de objetos – reais ou ficcionais – está em relação com o narrador que os desenha, como no caso de O fazedor, como um símbolo de sua ânsia de eternidade. Levaria essa consideração até descobrir em Borges uma propensão natural a esta série de descrições “em cadeia” e que são como um torvelinho de conotações pessoais: em O Aleph vamos encontrá-las como se fossem a ansiada recompensa por uma busca.

Todo escritor evolui. Aceitando este princípio, e no caso de Borges, deveríamos considerar sua obra como se dirigindo até a O fazedor, a mais íntima das suas criações, aparecida em 1960. Ressaltemos como O Aleph veio à luz na revista Sur, na edição 131, de setembro de 1945, entre as páginas 52 e 56, quinze anos antes de ser incorporado junto com outros contos, em 1949, para se converter num livro que preserva o mesmo título, O Aleph. De O Aleph até 1960 se inicia um caminho de caminho de marcado espiritualismo e de uma profunda “propensão” a temas e problemas religiosos. O mundo de crenças que repousa nos contos de Borges, às vezes deteriorado por uma breve neblina, é de uma nitidez melhor palpável em breves ensaios, como por exemplo, os de Outras inquisições.

O mundo de Borges é como um enigma por se resolver e o religioso forma parte desse mistério. Daí que vemos em suas páginas um processo por manter essa “espiritualidade” presente, ainda nos momentos mais alheios às crenças. O Aleph, próximo a O Zahir, na sua concepção estética, vem nos mostrar a problemática da busca pela verdade e a metodologia – entre erudita e política – da “reconstrução” dos fatos e a restituição do passado. Se antes era Teodelina Villar em O Zahir, ou Benjamín Otálora em O morto, será agora Beatriz Viterbo em O Aleph a mostra de um método literário de narrar baseado numa cerrada análise biográfica da persona, assim como de uma transcendência de suas ações no mundo circundante. Daí que em tantos contos de Borges, mesmo em O Aleph e em Ficções ou História universal da infâmia, estejam centrados num herói que é observado com um paciente rigor e é convertido em protagonista e dono do universo literário. O que agora nos interessa é lembrar mais uma vez como Borges precisa desse suporte literário para chegar aos seus propósitos, isto é, para alcançar a verdade.

O literário rodeia, limita e condiciona Borges. Sua própria concepção de narrativa está sempre rodeada de livros, referências, bibliotecas e métodos eruditos. Toda essa bagagem cria um estilo, necessita uma obrigada menção. Daí que Borges, em seu sistema estético, tenha que salvar estas barreiras da erudição que por seu caráter documental poderia malograr algumas intenções “ficcionais”. Borges vence esse problema, e em sua obra nos entrega a “ficção” com a mesma “verossimilhança” com que nos falaria sobre a realidade, sobre Walt Whitman ou John Milton. Daí que seu método seja, em essência, uma “verificação”, uma busca de documentos e dados relativos ao que se trata. Não estará esquecido neste postulado os contos de O Aleph e em particular no que tratamos com atenção nesta nota.

Esta é a razão por que O Aleph encerra tantas chaves da obra de Borges. Mas vejamos também neste relato, uma vez considerados Beatriz Viterbo e Carlos Argentino Daneri, seu verdadeiro fundo, e nessa bola misteriosa capaz de conseguir a eternidade, um símbolo real de uma metáfora literária, a captura do infinito. Não pode ser outro o mistério escondido em O Aleph; mas, sobretudo, a penosa advertência que Borges parece nos fazer, de que a eternidade, queiramos ou não, está entre nós, a desejamos e chegamos – às vezes – inclusive a conquistá-la.

Notas:

¹ Trata-se de A expressão da irrealidade na obra de Jorge Luis Borges (tradução livre) publicado no México por El Colegio de México (1957): “Nesse ponto teria que relacionar a angústia do infinito sentida por Borges com sua visão de um universo inapreensível e incompreensível para a mente humana [...]. Basta recordar agora que, quando cria ironicamente contos como O Aleph ou Funes, o memorioso, onde o homem alcançar o poder divino da compreensão total do mundo, destaca sua riqueza inumerável e sua multiplicidade sem limites que vaidosamente pretenderá abraçar o ser comum” (p.40).

² Em “Distinção entre a arte e a vida cotidiana” (tradução livre), em Estética (Barcelona: Grijlabo 1966).

* Este texto é uma tradução de “Descubrimiento de la realidade en ‘El Aleph’, de Jorge Luis Borges”, publicado nos Cuadernos Hispanoamericanos, edição 214, outubro de 1967, p.186-195. 

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