Duas revistas que são marcos do modernismo no Brasil



1. Uma delas é a Revista de Antropofagia; seu marco é de registrar os sismos de um dos períodos de maior efervescência artístico-literária do Brasil. Nela gestou-se e circulou as linhas de pensamento mais ousadas e as ideias mais polêmicas desse período.

Lançada em São Paulo, em 1928, por Oswald de Andrade e um grupo de amigos, como Raul Bopp e António de Alcântara Machado, com proposta gráfica ousada, o periódico teve duas fases bem diferenciadas, divulgando editoriais questionadores, textos ficcionais, artigos provocadores, comentários breves, notas de efeito cômico. Embora animada pelo espírito inovador, há escolhas bastante contraditórias.

Foi nas páginas da revista que circulou o famoso Manifesto Antropófago, escrito por Oswald de Andrade e que ditava ao modo de outros manifestos de vanguarda o espírito da nova literatura brasileira a partir de então. Por ela passaram nomes como Mário de Andrade, Jorge de Lima, Manuel Bandeira, Murilo Mendes, Pedro Nava, Carlos Drummond de Andrade, ou seja, parte dos mais importantes nomes da nossa literatura.

Dentre os periódicos que surgiram nessa época (o movimento modernista teve como característica o nascimento de um jornalismo cultural, podemos hoje assim dizer e que tinham em grande parte das vezes poucas edições) a Revista de Antropofagia deve ter sido uma das que mais duraram; cumpriu ainda duas dentições como costumava dizer Oswald: na primeira foram dez números editados até 1929 com tiragem própria; na segunda, comandada por Geraldo Ferraz foram quinze publicadas ao modo de encartes no jornal Diário de São Paulo. Essa fase vai de março a agosto de 1929.

Uma novidade é que todas essas edições foram digitalizadas pela Brasiliana e estão online. Para baixá-los, clica aqui.

2. A revista Klaxon foi lançada em São Paulo no mesmo ano de realização da Semana de Arte Moderna, e é a primeira revista modernista do Brasil. Do comitê de redação, participam ativamente Menotti del Picchia e Guilherme de Almeida.

Para Jorge Schwartz "das diversas revistas modernistas que proliferam no Brasil dos anos 1920, Klaxon sem dúvida é a mais audaciosa, a mais renovadora e a mais criativa, não só por sua belíssima diagramação, que lembra técnicas de Bauhaus, como pelas modernas ilustrações de Brecheret e Di Cavalcanti. Seu caráter cosmopolita é explícito: 'KLAXON sabe que a humanidade existe. Por é internacionalista."

E completa: "A revista traz artigos e poemas de autores franceses, italianos e espanhóis, todos em suas línguas originais; e, além disso, poemas de Manuel Bandeira e Serge Milliet (que assinava assim na época) compostos em francês. Irreverente e sarcástica, Klaxon apresenta um perfil de típica agressividade vanguardista. Este últimos são ainda influenciados por uma certa estética simbolista. Mas na revista predomina o tom futurista ('KLAXON não é futurista. KLAXON é klaxista") e um desejo de abolir o passado para viver o presente, o moderno."

A novidade é que todo o conteúdo do mensário também está digitalizado e disponível para baixar, aqui.


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