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Herberto, a tempestade que revolve a funda terra dos lagos mais estagnados - sobre Poemas canhotos (parte 2)

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Por Pedro Belo Clara Findamos a primeira parte deste diálogo com a poesia de Herberto Helder em Poemas canhotos falando sobre sensações (de inconformismo e de revolta) e, para agora, gostávamos de avançar sobre outras questões suscitadas pela leitura dessa obra; assim, são deveras interessantes os vislumbres que o próximo poema nos concede no que toca à imagem do poeta enquanto criador: “em boa verdade houve tempo em que tive uma ou duas artes poéticas / agora não tenho nada”. A incursão faz-se pela habitual frustração de quem cria, aliada até a uma certa inutilidade do propósito do acto, que de transcendente nada tem (“mas o mundo, não: nunca senti que o mundo estremecesse sob as minhas palavras escritas”), concluída, apesar de tudo, com o sentimento de dever cumprido (“e quando eu chegava ao fim das linhas escritas, / sabia que estava tudo feito, / sentia que deveria morrer ”). A herança do poema é retomada logo pelo seu sucessor, num período onde a temática se revel