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Mostrando postagens de julho 19, 2021

Fernando Pessoa: empregado de escritório, ocultista, galáxia de escritores

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Por Benjamin Moser Fernando Pessoa, aprox. 1915. Arquivo: Casa Fernando Pessoa.   O surgimento de Fernando Pessoa como um dos grandes escritores modernos do mundo, merecedor da monumental nova biografia de Richard Zenith, levou quase um século para acontecer. Quando Pessoa morreu em 1935, sua família encontrou um dos tesouros literários mais sensacionais que veio à luz desde que Lavinia Dickinson descobriu 40 cadernos na arca de sua irmã falecida Emily. No típico e simples baú dos utilizados para guardar cobertores ou casacos de inverno, havia 25.000 páginas de escritos.   Alguns desses trabalhos estavam concluídos. A maioria não. Era difícil saber o que fazer com esse legado, ou mesmo o que era. Primeiramente, a caligrafia de Pessoa era notoriamente ruim. Escreveu em português e inglês, fruto de uma infância sul-africana. Mas o mais misterioso é que ele não parecia ser uma pessoa sozinha. Ele foi toda uma galáxia de escritores — heterônimos, como os chamava, com personalidades totalme