"A Viagem do Elefante", o aniversário de 86 anos de José Saramago e outras novidades saramaguianas



Em Portugal, pela mão da Editora Caminho e no Brasil, pela da Companhia das Letras, começou a viagem de Salomão, que já está nas livrarias. Em breve também arrancará a viagem em Espanha pelas edições da Alfaguara e a catalã da Edicions 62; estes últimos sairão em novembro.

Salomão voltará a percorrer a Europa e irá até à América, desta vez com Saramago como cornaca, já que no Brasil se fará o lançamento mundial deste livro, que não romance, que não conto, que Saramago queria escrever desde há alguns anos e que, finalmente, concluiu com mão sábia e ligeira. Um livro que apaixona e que foi considerado pela crítica portuguesa uma obra-prima, comparável às maiores de Saramago. Um livro que prenderá o leitor e alargará o universo dos saramaguianos. 

Uma discreta celebração

Saramago já tem 86 anos. Completou-os ontem em Lisboa, com amigos. De todo o mundo chegaram felicitações, por e-mail receberam-se apresentações magníficas e muitos bons votos, telefonemas de vários continentes e mais países, cartas, presentes… enfim, mais uma jornada de amor para recordar, que se irá juntar a tantas outras que os leitores vão proporcionando ao escritor que amam, que amamos. Mas de todos os presentes, há três que quero compartilhar convosco: a sua editora portuguesa ofereceu um quadro do avô Jerónimo, o homem que ensinou a Saramago as lendas das estrelas e o rumor dos bosques, e que em breve veremos na Fundação José Saramago na Casa dos Bicos, em Lisboa.

Os trabalhadores da Fundação também tinham uma prenda: converteram em livro, em papel, o Caderno electrónico com o qual Saramago nos saúda todos os dias e nos ajuda a compreender: um livro que já tinha título, que se chama Caderno de Saramago e que tem uma epígrafe desde há muito conhecida: «Contar os dias pelos dedos e encontrar a mão cheia», assim abriam os antigos Cadernos de Lanzarote… Este livro tem 153 páginas: muito escreveu José, muito lhe devemos e agradecemos.
 
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Imagem disponível no blog da Fundação José Saramago

O terceiro presente, uma surpresa final, mas que vibra no ambiente: Irene Lima, a grande violoncelista, a grande concertista, chegou a nossa casa com o seu violoncelo e interpretou, para José, O Canto dos Pássaros de Pau Casals, e de tal modo o fez que afirmo, e não exagero, que as aves do paraíso teriam querido ouvir, ao menos uma vez, nesse lugar que se supõe ser tão maravilhoso, um som tão comovedor e tão verdadeiro.

E assim, amigos, com esta discrição e esta proximidade, com livros, com palavras, com pintura, música e calor humano, Saramago estreou um novo ano. O primeiro de uma vida que auguramos longa, com muito trabalho, que é disso que gosta. Que é disso que nós gostamos. 

Pilar del Río 

>>> Leia na íntegra um do livro A viagem do elefante.


OUTRAS NOVIDADES SARAMAGUIANAS

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edição de Levantado do Chão. Disponível no blog da Fundação José Saramago.

Foi apresentada dia 20 em Lisboa uma nova edição do livro Levantado do Chão, comemorativa dos dez anos da atribuição do Prêmio Nobel da Literatura a José Saramago. A sessão teve lugar às 18h30 Horas no Teatro de São Luís.

Com dez pinturas de Armando Alves e uma série de fotografias sobre o Alentejo, o livro contém ainda uma carta de Pilar del Río, companheira do escritor, intitulada "Levantar-se do Chão". A edição da Modo de Ler e da Portugália Editores foi coordenada por José da Cruz Santos.

Aqui transcrevemos algumas linhas da carta de Pilar del Río:

"O valor literário, o estilo, a contribuição que para as letras significa Levantado do Chão, cada leitor os medirá e conservará no seu coração. Há livros que têm esse destino, viver dentro dos leitores, fazer deles seres levantados e principais. E há literaturas que podem orgulhar-se apresentando obras assim porque alguém, um escritor chamado José Saramago, deu voz literária aos Mau-Tempo e nos pôs as perguntas fundamentais diante dos olhos, e de que modo. Eles, os Mau-Tempo, Saramago, Levantado do Chão, cumpriram com a sua parte. Cumpriram-na também aqueles, leitores ou não, que levantaram as barracas do Acampamento da Esperança e dentro delas, contra o frio e a chuva, viveram durante meses, cumpriram-na aqueles outros que no Brasil, guiados pela sigla do MST ocuparam terras para as cultivar, todos esculpidos em melodia na canção de Chico Buarque. Agora a dívida temo-la nós perante tão importante e justo livro, este que na página seguinte começa e que nunca nos venha a faltar."

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reprodução de uma das pinturas de Armando Alves. Disponível no blog da Fundação José Saramago.

* Os textos são do Blog da Fundação José Saramago. 


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