Boletim Letras 360º #173

Jorge Amado: pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catariana anunciam título inédito do escritor baiano. 


Todas as notícias que circularam em nossa página no Facebook, coletadas dos mais diversos meios, cujo interesse abrange o universo de publicações do blog Letras in.verso e re.verso estão nas edições semanais do Boletim Letras 360º. Criamos esse mecanismo para ajudar aqueles leitores que perderam de acompanhar o que se passa no universo dos livros, afinal a vida da grande maioria não se resume às redes sociais, não é mesmo? Então, vamos lá!

Segunda-feira, 27/06

>>> Brasil: Um inédito de Jorge Amado

Um  grupo de jovens se reúne à espera da ordem para o início de um levante comunista. Enquanto aguardam o sinal que deflagará a revolução, a ser transmitido naquela noite chuvosa por uma rádio local, as paixões, incertezas e dramas de cada militante vão se revelando. Um deles tem um caso com a mulher de um companheiro preso. Outro sonha apenas em ver seu nome nos jornais. Um terceiro muda de ideia e prefere ficar com a amante na cama a participar da luta. A história compõe Agonia da noite, romance inédito e inacabado de Jorge Amado descoberto entre os cerca de 1,4 mil documentos, cartas, folhas datilografadas, poemas, recortes de jornais, fotos e anotações do autor baiano sob os cuidados do Núcleo Literatura e Memória (Nulime) da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. O mesmo título chegou a batizar a segunda parte da trilogia Os Subterrâneos da Liberdade, lançada em 1954, mas as 76 páginas já concluídas da narrativa original nunca foram publicadas. Todo o acervo estava em uma mala que Amado abandonou ao voltar do exílio na Argentina e no Uruguai, em agosto de 1942. No ano anterior, ele havia trocado o Rio de Janeiro por Buenos Aires a pedido do perseguido Partido Comunista Brasileiro (PCB), ao qual era ligado, para fazer o que jamais seria permitido no Estado Novo: escrever a biografia do líder Luís Carlos Prestes, mantido preso pela ditadura de Getúlio Vargas desde 1936.

>>> Brasil: A exposição das rosas, de István Örkény volta às livrarias brasileiras

Com este livro a Editora 34 inaugurou o catálogo Coleção Leste, que já reuniu até os dias de hoje uma leva grandiosa de nomes da literatura do Leste Europeu. Há muito fora de circulação, a obra do escritor húngaro volta às livrarias. "A exposição das rosas" reúne duas novelas, que abordam com ironia a história recente da Hungria: uma, que dá nome a obra e a outra "A família Tóth" (que passa ser subtítulo na nova edição). O ponto alto das duas histórias é a sátira ao militarismo e aos frágeis valores da classe média. A tradução é de Aleksandar Jovanovic.

>>> França: O Centro Pompidou, em Paris dedica uma grande exposição pedagógica retrospectiva sobre um dos movimentos culturais mais importantes da segunda metade do século XX, cujas sementes contribuíram para os novos rumos da poesia, do romance, da música, fotografia e cinema

Antes de ser um escândalo “subversivo”, o nome da geração esteve exposto a várias polêmicas desde quando John Clellon publicó en 1952, no “New York Times Magazine", seu lendário artículo “Esta é a Geração Beat”. A matriz original do movimento se forjou em 1944, em Nova York, na Columbia University, onde se encontraram William Burroughs, Allen Ginsberg e Jack Kerouac. Daí, logo espalhou-se durante mais de duas décadas entre a Califórnia, Paris e outras cidades mundo afora. O evento na França é o reconhecimento, não tardiamente, porque em vida muitos dos nomes envolvidos tiveram, por um trabalho artístico de relevância profunda para o cenário cultural do fim do século passado. 

Terça-feira, 28/06

>>> Brasil: Já está disponível a primeira reedição da obra de Bernardo Kucinski

O anúncio da chegada de um novo título do escritor pela Companhia das Letras, trouxe expectativa dos leitores para a reedição dos seus dois livros publicados inicialmente pela extinta Cosac Naify. Pois bem, acabou a espera. Ao menos, K: relato de uma busca, o primeiro, publicado em 2013, já está disponível em nova edição. A obra que conta a história de um pai em busca da filha que desapareceu durante a ditadura no Brasil foi aclamada como uma das grandes obras literárias daquele ano.

>>> França: Michel Houellebecq, importante figura francesa da literatura contemporânea, autor do recente e polêmico Submissão estreia como artista plástico 

E em grande estilo no Palácio de Tokio de Paris, onde propõe uma megainstalação com obra própria e de alguns dos seus melhores amigos. “Rester vivant” (Seguir vivo), está carregado de niilismo, poesia e humor – define a imprensa. O autor de Submissão utiliza 2.000m² para mostrar sua ideia do mundo atual, do desejo e do amor supremo. São 18 salas que compõe a exposição e cada uma revela-se uma face inusitada de Houellebecq, o trabalho de uma figura incansável, como fotógrafo, cineasta, ator e cantor. Ou seja, não é só artes plásticas o que se vê.

Quarta-feira, 29/06

>>> Brasil: Um romance cujo tema são os últimos dias de Franz Kafka 

Em julho de 1923, o autor de A metamorfose já adoentado viaja com a irmã Elli e os filhos dela a Müritz, uma estação balneária junto ao mar Báltico. A ideia é respirar os bons ares do litoral e se afastar de Praga, onde os últimos tempos vividos na casa dos pais foram difíceis. É quando Kafka encontra Dora Diamant, uma jovem do Leste Europeu que fugira da família devido à rigidez de sua educação judaica e que trabalhava acompanhando crianças de uma instituição berlinense à colônia de férias. Kafka tem 40 anos; ela, 25. Ele, eterno solteiro, faz o que nunca fizera até então: afasta-se da família e começa uma nova vida ao lado de uma mulher, lutando contra a doença, em busca de uma réstia de felicidade. Vão para Berlim, onde grassam o antissemitismo e a hiperinflação; trabalham, sonham, se amam, fazem planos e, por vezes, conseguem esquecer do óbvio: Franz está morrendo. Muito mais do que uma minuciosa e pesquisada reconstituição dos últimos onze meses daquele que se tornaria um dos mais influentes escritores de todos os tempos, este é por si só um belíssimo romance. Ao lançar mão do fluxo de consciência, alternando as perspectivas dos dois amantes e lhes conferindo profundidade psicológica, Kumpfmüller consegue uma proeza de delicadeza e sensibilidade: mostra as pequenas alegrias e tormentos do casal, e faz esses onze meses parecerem, ora uma eternidade, ora um breve e fugidio momento. O esplendor da vida sai pela L&PM Editores.

>>> Portugal: "Ciclos Ana Hatherly: Anagrama da Escrita", uma intensa programação para celebrar uma das mais conceituadas poetas da literatura portuguesa contemporânea

É com o interesse de celebrar e dar a conhecer a obra de Ana Hatherly nas suas várias vertentes. Os ciclos fazem parte do Festival do silêncio" e se constroem a partir de uma noção multiforme de escrita, que interroga a nossa relação com os signos. Entendendo a criação como ato lúdico de descoberta e de experimentação, a obra de Hatherly interpela-nos através da inscrição de inúmeros gestos, signos e formas da escrita. A abertura é dia 30 de junho e segue até 3 de julho. Saiba tudo sobre aqui.

Quinta-feira, 30/06

>>> Brasil: Novo livro de David Mitchell combina o gosto pela aventura, o amor pelo quebra-cabeça nabokoviano e o talento para a especulação filosófica e científica na linha de Umberto Eco, Haruki Murakami e Philip K. Dick

Desde quando a Companhia das Letras​ publicou o primeiro título de Mitchell este é o terceiro pela casa: em 2008, saiu Menino de lugar nenhum (o primeiro) e ano passado, em 2015, Os mil outonos de Jacob de Zoet; agora, sai Atlas de nuvens, obra lida como uma das mais importantes da literatura de língua inglesa contemporânea. Nele, o leitor é conduzido por seis histórias que se conectam no tempo e no espaço — do século XIX no Pacífico ao futuro pós-apocalíptico e tribal no Havaí — um jogo de matrioskas que explora com maestria questões fundamentais de realidade e identidade. A obra foi adaptada para o cinema 2012.

Sexta-feira, 01/07

>>> Brasil: De jogos e festas é o novo título na reedição da obra de José J. Veiga

A obra reúne três novelas: “De jogos e festas”, “Quando a Terra era redonda” e “O trono no morro”. O livro que foi vencedor do prêmio Jabuti em 1981 mostra que o extraordinário está nas pequenas coisas. Com olhar aguçado e sensibilidade para trazer os paradoxos do cotidiano, o autor apresenta três histórias que fogem do banal e trabalham — com humor e inteligência — os efeitos daquilo que nos parece completamente inesperado. Como escreve o crítico José Castello no posfácio à edição, “José J. Veiga desmonta a identificação mecânica entre o fantástico e o alheio, mostrando, ao contrário, que o fantástico não só está entre nós, como é um efeito da constituição humana — um traço fundamental do próprio humano”.


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