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Jack Kerouac, modernismos e o desvairismo beat

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Por Rafael Kafka Atualmente, tenho lido bastante Jack Kerouac. Li e resenhei Anjos da desolação neste ano e atualmente estou a ler as cartas trocadas entre ele e Allen Ginsberg. Na minha lista de espera já se encontram outros dois títulos dele pelo menos: Tristessa , o qual penso ler em algum fim de semana regado a café preto forte, jazz e blues; e seus diários, os quais já comecei a ler algumas vezes, mas quero ler em um momento de concentração profunda. Vejo em Kerouac muito do espírito antropofágico que caracterizou o espírito de nossos poetas modernistas. Os ideiais do pensamento do Modernismo brasileiro são algo muito caro para mim, mesmo eu ainda não tendo lido como deveria a obra desses importantes intelectuais brasileiros. Até o momento do advento da literatura de Mário de Andrade e seus condiscípulos, o fazer literário brasileiro era feito por e para a classe burguesa. Víamos uma língua preocupada em criar uma identidade nacional falsamente europeia, pretensão ...

Alegorias dramáticas do herói romântico (Parte 4)

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Por Leonardo de Magalhaens © Alexandre Marie. Byron é Don Juan com Haidee, 1831. Don Juan, herói byroniano em questão Este é um extenso poema – incompleto – em 16 Cantos, sendo escrito de setembro de 1818 a maço de 1824, e alguns críticos consideram como uma amostra do amadurecimento do Poeta que assume um tom irônico diante do herói romântico. Herói que a própria obra de Byron ajudara a difundir por toda a Europa letrada, e daí até as colônias europeias. Em  Don Juan  evidencia-se (tal qual nos primeiros Cantos de  Childe Harold ) a destilação (e fermentação) das tantas leituras e vivências – nesta ordem – do Poeta, em suas viagens pela Europa continental. Principalmente o Mediterrâneo, onde se destacam a Itália – ainda não unificada – e a Grécia – dominada pelos otomanos. Vários autores recebem referência – positiva e negativamente – tais como Homero, Safo, Aristóteles, Juvenal, Horácio, Virgilio, Longinus, Santo Agostinho, Calderón, Shakespeare,...

Miasmas da Ditadura: A merda do mundo

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Por Alfredo Monte “Lendo alguns relatórios, o psiquiatra soube que o general sentia, às vezes por várias horas seguidas, um forte cheiro de pudim queimado (...) Já estava na hora de tudo aquilo terminar. O psiquiatra cobriu o general, fez que sim respondendo a alguma bobagem que ele estava falando, abriu o envelope com o papel em que deveria escrever o laudo, assinou antes e, sentado à minúscula mesa, escreveu em letras redondas e muito compreensíveis apenas uma linha: Augusto Pinochet Ugarte não apresenta boas condições mentais. O general Pinochet, por outro lado, é um filho da puta”.  (Ricardo Lísias, “Anna O.”) “Os gritos surgiam ora em português; ora na língua inaudita e livre dos Kiña; ora na língua inconfundível da dor”.  (trecho de “Apiemieke?”) 1 Thiago Roney é um jovem de Manaus, prestes a completar 30 anos, que vem demonstrando apreciável ambição como escritor: já fez duas versões do seu livro de estreia, O estouro da artéria de u...

Enigma e sedução em A Hora dos Ruminantes: a originalidade de José J. Veiga

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Por Leila D. P. do Amaral A obra de José J. Veiga abre-se a uma multiplicidade de vozes – do historiador, do cientista social, do crítico literário etc. Lendo-a, somos convidados a uma participação ativa, a um processo de conhecimento e reconhecimento das realidades vividas pelos seus personagens. Ao criar um ambiente de mistério e de perplexidade, sua obra nos instabiliza para uma dimensão interrogativa, para uma atitude de rebelião. Já não queremos ser apenas leitores. O impulso provocado por ela é no sentido de sermos autores da escrita de nossa própria existência, reconhecendo os condicionantes objetivos e subjetivos para a realização da mesma. Na verdade, José J. Veiga é, se considerarmos que a linguagem é a fundadora da cultura e da sociedade e, portanto, da própria ciência, o escritor, o artesão da literatura, e, de certa forma, “um homem de ciência”. O local e o universal se dispõem, se compõem e se recompõem no artesanato literário da obra de Veiga. Penet...

O estado do bosque, de José Tolentino Mendonça (Parte II)

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Por Pedro Belo Clara Cena de "O estado do bosque", teatro do Bairro Alto. Foto:Luís Santos A terceira cena do trabalho que temos vindo a discutir, nomeada de O diálogo do poço , garante pela primeira vez a participação de três personagens. Trata-se, em suma, de uma espécie de preparação metafísica para a viagem que Peter e Jacob, com o auxílio de John Wolf, o guia, estão prestes a realizar. À medida que vamos avançando na peça, a inevitabilidade do bosque, tão desejado mas tão secretamente temido, torna-se uma evidência cada vez mais clara. Denota-se, por isso, um clima de leve tensão, uma espécie de anunciação, iminente, de algo que ninguém sabe ao certo o que possa vir a ser, típica em momentos de cariz iniciático ou preludial. Encontramo-nos, portanto, diante de uma hora embrionária, donde irrompe o tempo em que o cultivar dessa virtude tão em desuso nos dias de hoje, a paciência, assume uma relevância fulcral. Peter: Que preparação é essa? O que é que n...

Ganhar "Dois irmãos" (a HQ e o romance)

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Os leitores do Letras in.verso e re.verso e da Companhia das Letras têm a chance de ganhar uma edição de Dois irmãos , de Milton Hatoum mais a adaptação em HQ dos irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá. Para concorrer é muito simples: 1. Visitar a página do blog no Facebook e partilhar a imagem da promoção (a partilha só é válida no modo público); 2. Na mesma imagem deixar nos comentários os nomes de três amigos; 3. Curtir a página do Letras no Facebook e da Companhia das Letras; 4. Inscrever-se na aba promoção, aqui . O sorteio ocorre dia 17 de abril. A promoção é válida apenas para leitores residentes no Brasil. Em caso de verificada a irregularidade na inscrição, o participante é eliminado e o sorteio refeito.