Era uma vez no oeste, de Sergio Leone



Italiano resgata a grandeza dos westerns clássicos com história de vingança influenciada pela ópera

É curioso que um dos principais artífices do mais americano dos gêneros seja um italiano que nunca fez muita questão de aprender uma palavra de inglês. Apaixonado por westerns desde a juventude, Sergio Leone, fez fama com a trilogia spaghetti, composta por Um Punhado de Dólares (1964, refilmagem de Yojimbo, de Akira Kurosawa), Por uns Dólares a Mais (1965) e Três Homens em Conflito (1966), todos estrelados pelo então pouco conhecido Clint Eastwood e rodados na Itália. Sobretudo nos dois primeiros, a ação é ininterrupta e há pouco espaço para diálogos. Todos fizeram bastante sucesso nos Estados Unidos, o que levou a Paramount a oferecer ao diretor um grande orçamento para rodar um filme. Leone não queria fazer outro western: planeja trabalhar na adaptação de um livro que, anos depois, resultaria em Era uma Vez na América (1984), mas aceitou diante da possibilidade de compor um trilogia histórica (completada por Quando Explode a Vingança, de 1971).

Trabalharam no roteiro de Era uma Vez no Oeste dois importantes nomes do cinema italiano, Bernardo Bertolucci e Dario Argento. Três pistoleiros, entre eles o temido Frank (Henry Fonda, em seu primeiro papel como vilão), são enviados para convencer um fazendeiro a ceder suas terras para a construção de uma enorme ferrovia que cruzará o oeste. Acabam matando o homem e seus filhos. A viúva, Jil (Claudia Cardinale), recém-chegada do leste em busca de riquezas, decide ficar nas terras e se une a um pistoleiro misterioso (Charles Bronson, como mocinho) para ajudá-la na revanche. Também recebe a ajuda do ambíguo Cheyenne (Jason Robards).

Quem espera encontrar aqui o ritmo veloz dos spaghettis vai se assustar. Era uma Vez no Oeste é um filme operístico (embalado pela trilha inesquecível de  Ennio Morricone, fiel colaborador de Leone), grandioso, lento (a abertura, em que três homens esperam um trem, dura 14 minuto, sem diálogos) e marcado por closes nos rosto dos atores nas cenas de tiroteio. As filmagens tiveram lugar na Espanha e no Monument Valley, nos Estados Unidos, cenário dos grandes faroestes de John Ford.

*Revista Bravo!, 2007, p.54.


Comentários

AS MAIS LIDAS DA SEMANA

Boletim Letras 360º #604

A vegetariana, de Han Kang

Rio sangue, de Ronaldo Correia de Brito

Boletim Letras 360º #597

Cinco coisas que você precisa saber sobre Cem anos de solidão

Boletim Letras 360º #596